quarta-feira, maio 31, 2023
A arte belíssima de Alphonse Mucha
Conan - A cidadela dos condenados
Fotografia como verossimilhança na ficção
Feitiço do tempo
Assisti, finalmente, Feitiço do tempo (roteiro de Danny Rubin e Harold Ramis, direção de Harold Ramis). Na verdade, o interesse maior foi na interessante narrativa em elipse, que era sempre citada por alunos quando eu falava de narrativas não-lineares. Trata-se de um jornalista arrogante e egocêntrico, que, ao fazer uma matéria numa cidadezinha sobre uma marmota capaz de prever o fim do inverno, fica preso em um lapso temporal de um dia que sempre volta. Assim, os mesmos fatos vão se repetindo várias vezes e o protagonista passa várias vezes pelos mesmos fatos. Já tinha visto outros exemplo, como um episódio de O Arquivo X. Eu mesmo já escrevi um texto nessa estrutura, num e-book dos Exploradores do Desconhecido. O interesante é que o mesmo dia não se repete 3 ou 4 vezes, mas centenas, talvez milhares de vezes, o que traz algumas oportunidades interessantes para o roteiro, como, por exemplo, repetir uma cena várias vezes (o receptor acaba sacando que cada repetição é um dia diferente).
Apesar da preocupação maior ser com a questão narrativa, foi impossível não reparar em algo que muitos textos espíritas falam: Feitiço do Tempo é uma ótima metáfora do processo reencarnatório, segundo a visão espírita.
A cada vez que o protagonista volta, é como se ele estivesse em outra encarnação e tivesse outra chance de consertar os erros do passado e evoluir espiritualmente.
Arrogante e egocêntrico, Phil usa a volta eterna inicialmente para questões duvidosas do ponto de vista ético, como, por exemplo, descobrir algo sobre uma mulher para depois seduzi-la, ou cometer crimes sabendo que sua ação não teria consequências (como, por exemplo, quando ele rouba dinheiro do carro forte).
Com o tempo, esse tipo de coisa perde a graça e ele passa a se suicidar. Faz isso dezenas de vezes, tentando escapar do dia que sempre retorna. Em vão. Sua vida só começa a fazer sentido quando ele melhora espiritualmente e começa a ajudar as pessoas à sua volta. A máxima de Chico Xavier (Não há salvação fora da caridade) fica bem exemplificada no filme.
Em suma, um ótimo filme: pelo estrutura do roteiro, pela mensagem, pelo humor e pela ótima atuação de Bill Murray.
Matéria sobre revolução federalista
As capas de Sandman
A capa de Sandman 1 era um armário que Dave Mckean preencheu com pinturas, colagens e objetos... Foi revolucionário. Jack Kirby já tinha feito colagens na década de 1960, mas ninguém na indústria de quadrinhos tinha ido tão longe na experimentação. Uma das capas de quadrinhos mais famosas de todos os tempos. Em tempo: o armário voltou a ser reaproveitado nas capas seguintes da primeira saga do personagem.
Para ler os quadrinhos
A primeria vez que li um texto sobre quadrinhos foi um artigo do Arnaldo Prado Júnior no jornal O Liberal sobre o Fantasma. Eu estava encerando a casa. Para quem não é da minha época, antigamente a casa era encerada e depois eram colocados jornais por cima, para que as pessoas pudessem passar enquanto a cera cecagava.
Estava ali, espalhando os jornais pelo chão quando um texto
me chamou a atenção. Era o tal texto sobre o Fantasma. Parei o serviço e
comecei a ler. Fiquei fascinado. Embora eu lesse quadrinhos desde que me
entenda por gente, nunca tinha visto alguém escrever sobre quadrinhos.
O autor desse artigo depois viria a ser meu orientador de TCC,
mas essa é outra história.
Um pouco mais velho, conheci a biblioteca pública Arhtur
Viana, no centro de Belém. Foi lá que, vasculhando as prateleiras, descobri que
exitiam livros sobre quadrinhos. Os dois que constavam no acervo era de autoria
de Sônia M. Bibe Luyten, uma pesquisadora da USP. O primeiro deles era o volume
O que é história em quadrinhos, da Coleção Primeiros Passos. O outro era a
antologia Histórias em quadrinhos – leitura crítica, da editora Paulinas.
Eu li e reli esses livros diversas vezes (nas primeiras
vezes o funcionário responsável pelos empréstimos me avisava que eu já tinha
emprestado aquele livro, depois simplesmente passou a ignorar) e foram obras
fundamentais para que eu decidisse pesquisar e escrever sobre quadrinhos. Todos
os livros que escrevi sobre o assunto tiveram sua origem lá, naqueles livrinhos
lidos e relidos diversas vezes.
O volume O que é história em quadrinhos eu consegui comprar,
até porque a Coleção Primeiros Passos até hoje é fácil de encontrar em sebos. Mas
o História em quadrinhos – leitura crítica eu nunca achei em sebo e já estava
fora do catalogo da Paulinas quando comecei a procurar. Apesar de ter muitos
livros sobre quadrinhos, esse era um que faltava na estante.
Recentemente consegui achar, via estante virtual, um sebo
que tinha o livro para vender.
Foi uma alegria reencontar essa obra tão fundamental.
terça-feira, maio 30, 2023
Francisco Iwerten, a biografia de um visionário
As vidas de Chico Xavier
Superaventuras Marvel 25
O chamado de Cthulhu
Psicopata americano
Um homem narcisista, com uma vida totalmente vazia e um forte instinto assassino. este é Patrick Bateman, o protagonista do filme Psicopata Americano, dirigido por Mary Harron e lançado em 2000 com Christian Bale no papel principal.
Baseado no livro homônimo de Bret Easton Ellis, o filme conta a rotina de um executivo de um banco de investimentos. As eternas conversas com os amigos sobre os assuntos mais fúteis possíveis, as eternas tentativas de conseguir uma mesa no restaurante mais badalado de Nova York... é uma rotina vazia, fútil, sem sentido e movida a cocaína que encontra seu auge na cena em que eles começam a disputar quem tem o melhor cartão de visitas.
Curiosamente, em nenhum momento Bateman é mostrado trabalhando. Em uma poucas cenas do filme que se passam no seu local de trabalho em que ele não está disputando com os colegas quem é o melhor ou quem comprou mais coisas, ele é mostrado em seu escritório preenchendo palavras cruzadas.
Mas essa vida de ócio absoluto e eterno luxo não traz nenhuma satisfação. Bateman diz em vários momentos que não sente nada. E ele preenche esse vazio matando. Prostitutas, namoradas, uma senhora na rua e até um amigo que tinha um cartão de visitas melhor do que o dele são alvos dessa fúria assassina.
Mas essa faceta da sua personalidade é totalmente escondida da sociedade por uma máscara de civilidade. Algo muito bem representado na cena em que o protagonista, diante do espelho, tira a máscara estética. Psicopatia e narcisismo representados em uma única cena.
Mas o filme é perturbador por mais uma razão: o expectador não sabe ao certo se o que está sendo narrado é real. Se Bateman é de fato um assassino ou se é tudo imaginação de uma mente doentia. Alguns indícios parecem apontar nesse sentido, como cenas que carecem de verossimilhança (em uma delas o protagonista explode um carro da polícia com um tiro de pistola).
Psicopata americano se destaca por conseguir unir o tema psicopata a uma forte crítica social. Afinal, não seria a sociedade de altos executivos um ambiente propício para a profilferação de narcisistas e psicopatas?