sábado, março 31, 2018

É verdade que Hitler foi considerado inapto para servir o exército?



Sim. Em 1914 ele tentou se alistar no exército alemão, mas o médico considerou-o inapto para qualquer tipo de atividade militar. No seu relatório, o examinador dizia que Hitler era muito fraco e incapaz para carregar armas.
Quando estourou a I Guerra Mundial, Hitler alistou-se como voluntário. Como em época de guerra os registros médicos não eram conferidos e os exames físicos eram quase inexistentes, Hitler acabou sendo aceito no exército sem comentários. Em uma semana era mais um dos soldados do 16º. Regimento de infantaria da reserva da Baviera.
Quando recebeu seu primeiro fuzil, ele o olhou com o prazer de uma mulher olhando para um jóia, segundo o depoimento de um colega de regimento.

Os pilares da Terra


Em Os pilares da Terra, Ken Follett construiu uma obra grandiosa, uma verdadeira saga em torno da construção de uma catedral na Inglaterra do século XII.
A história se passa entre os anos de 1123 e 1174. É um período de transformações que irão se refletir principalmente na arquitetura. Até então, as catedrais eram edifícios atarracados, de paredes grossas e janelas pequenas, locais escuros e insalubres. Aos poucos irão se transformar em imponentes edifícios esbeltos, belos, altos, com amplas janelas enfeitadas de vitrais coloridos que filtravam a luz do sol provocando grande deslumbramento nos que as visitavam.
Follett foca sua narrativa na construção de uma catedral fictícia, Kingsbridge e em um homem, Tom Construtor. Mas a narrativa envolve também uma ampla variedade de personagens, do prior de Kingsbridge a uma mulher que se refugiou na floresta depois de amaldiçoar pessoas poderosas que haviam condenado seu marido à forca. É também uma saga que se desenrola por décadas, o tipo de livro no qual vemos os personagens nascerem, crescerem, envelhecerem, acompanhamos seus sonhos, suas frustações e vitórias.
Concentrando tudo, como personagem principal, a catedral. O autor mostra como a construção de uma igreja de tamanha envergadura muda tudo ao seu redor: do comércio que se desenvolve aos conflitos palacianos que se desenvolvem (um dos vilões do livro é um bispo, que jura impedir a construção).
Follett maneja bem duas instâncias aparentemente opostas: a realidade e a ficção. Assim, ele mistura fatos e personagens reais (o mártir São Tomás Becket merece toda uma sequência) com pura ficção. Aliás, o romance pode ser visto ele mesmo como uma catedral: os fatos e pessoas reais são o cimento, que dão sustentação para os tijolos ficcionais.
A narrativa de Follett passa longe de ser elaborada: ele é um escritor que parece estar mais interessado na costura da trama do que em jogos literários. Isso certamente foi um fator que fez o livro se tornar um best-seller, apesar de seu tema de pouco apelo popular. O roteiro é redondo, sem falhas, com fatos que se encaixam perfeitamente, personagens que parecem não ter importância, mas se revelam fundamentais para a trama e segredos que são revelados no momento exato.
A obra é um verdadeiro tijolaço. São quase mil páginas de texto, mas que prendem o leitor – em especial após o primeiro terço. E, ao final, aquilo que poderia afastar o leitor – os detalhes sobre a arquitetura da época – acaba se transformando em uma atração a mais. Eu, ao menos, fiquei curioso para conhecer mais sobre o assunto.

Um único ponto negativo é a capa pouco inspirada da edição encadernada da editora Rocco. Em um livro sobre uma catedral e seus monges e construtores, usaram a imagem de soldados combatendo em frente a um castelo. 

Jogador número 1

Jogador Número 1 conta a história de um futuro tão desolador que as pessoas vivem a maior do tempo em um jogo, o Oasis, criado por nerd. Ao morrer, ele deixa três chaves que, uma vez descobertas, tornarão seu dono proprietário da rede social. Ocorre que uma empresa rival quer desvendar o segredo para transformar o Oasis numa distopia. 
O filme é uma homenagem de Steven Spielberg à cultura pop, em especial aos jogos, filmes e seriados. São milhares de referências (ou easter eggs) espalhados pela trama, do carro do protagonista a uma das armas usadas por ele (o cubo Zemeckis). Destaque para a sequência-homenagem ao filme O Iluminado. 
É também uma reflexão sobre o mundo hiper-real em que vivemos, em que o virtual se torna mais importante que a realidade concreta. Spielberg consegue manipular com perfeição essas instâncias, a ponto de muitas vezes o expectador não perceber onde começa um e termina outro. O simples fato de que a pessoa que ganhar um jogo virtual se tornará a pessoa mais rica do planeta é o melhor exemplo disso.
Uma aventura divertida, dirigida por um mestre do cinema, um filme homenagem e, principalmente, uma reflexão necessária para os tempos atuais.

A arte impressionante de José Luis Salinas

José Luís Salinas é um desenhista de quadrinhos argentino. Sua carreira iniciou no final da década de 1920. Para a revista Patoruzu criou a série Hernán el Corsario, seu primeiro sucesso. Em 1949 mudou-se para os EUA onde passou a ilustrar a série de faroeste Cisco Kid, criado pelo escritor  O'Henry. Esse trabalho tornou-o conhecimento internacionalmente. Salinas, entretanto, se saía bem em qualquer gênero, especialmente quando seu trabalho exigia pesquisa histórica. 














sexta-feira, março 30, 2018

Os trabalhos de Hércules: um caso de Herculie Poirot

Os trabalhos de Hércules é um livro de contos de Agatha Christie em que todas as histórias são protagonizadas pelo seu famoso personagem, Hercule Poirot. 
A autora aproveita o fato de seu personagem ter o mesmo nome do herói grego e a ironia disso, já que Poirot parece o oposto do brutamontes Hércules.
Assim, o detetive se propõe, como forma de encerrar sua carreira com chave de ouro, 12 trabalhos, mas trabalhos intelectuais, que exijam astúcia, ao invés de músculos. 
Uma das curiosidades do livro é a forma como a autora consegue criar metáforas atuais para os trabalhos de Hércules. Assim, o Leão da Nemeia vira um cachorrinho pequinês, a Hidra de lerna uma fofoca (que se espalha como as cabeças da Hidra), a corça da Arcádia uma bailarina etc.
Apesar desse aspecto curioso, o livro prende pouco no início, afinal algumas das histórias parecem pueris (como descobrir quem sequestrou o cachorro pequinês). O Javali de Erimanto é o primeiro conto a mostrar a autora policial em toda a sua forma: um famoso bandido está em um hotel afastado e isolado do resto do mundo pela neve e Poirot precisa descobrir qual dos hóspedes é ele.
Em comum a todos os contos a incrível capacidade de Agatha Christie de sempre imaginar um final surpreendente. Até quando a história parece muito simples e seguir um único caminho, ela consegue pensar em uma abordagem diferente, que surpreende o leitor. Atenção para o conto "O cinto de Hipólita": o final é absolutamente genial. 

quinta-feira, março 29, 2018

Conan, o bárbaro

            
       No final da década de 1960 os super-heróis começaram a entrar em crise. O final da era de prata dos quadrinhos foi marcado pelo desaparecimento de várias editoras e títulos. Na década de 1970 começaria a chamada era de bronze. Foi um período em que os editores se viram obrigados a testar novos formatos e gêneros na tentativa de manter o interesse do leitor. Um personagem que encarnou essa época foi Conan, o bárbaro.
                   Conan, criado pelo escritor texano Robert E. Howard, surgiu na história The Phenix on the sword, publicada na revista pulp Weird Tales, em 1932. Na década de 1960 suas histórias foram republicadas, chamando a atenção de Roy Thomas, o roteirista mais importante da Marvel, depois de Stan Lee. Dois resolveram que aquilo daria um bom quadrinho. O dono da Marvel, Martin Goodman, não tinha gostava do personagem. Afinal, ele era amoral, vingativo, ladrão e adorava uma bebedeira e uma orgia. Para quem achava que os quadrinhos eram lidos só por crianças, esse parecia um personagem que não iria agradar. Stan Lee, no entanto, convenceu-o a publicar.
                   Para a desenhar a história foi designado um ilustrador inglês, novo no meio, chamado Barry Smith. Ele fez um Conan com visual art-nouveau que chamou a atenção do público. Apesar do sucesso, Smith acabou abandonando os quadrinhos para se dedicar a outras variantes artísticas. Para substituí-lo foi chamado um veterano da Marvel, John Buscema. Buscema mudou o personagem, tornando-o mais másculo e mais bárbaro, definindo o que seria o visual do personagem dali para a frente. Quando a revista deixou de ser colorida e passou a ser publicada no formato magazine (maior que o dos gibis), as vendas estouraram, pois a revista alcançou um público bem mais adulto, que já tinha desistido de ler super-heróis.
                   O sucesso de Conan também esteve ligado aos ótimos arte-finalistas de origem filipina, como Ernie Chan e Alfredo Alcala, que distanciavam o traço de Buscema daquele que ele usava nos super-heróis.
                   O sucesso absoluto do personagem fez com que surgissem vários outros personagens nos mesmos moldes. No começo, a própria Marvel aproveitou para publicar outros personagens criados por Robert E. Howard, como Kull, o conquistador e Sonja, a guerreira, que fez muito sucesso no traço de Frank Thorne. Tratava-se de uma mulher que só podia entregar sua virgindade ao homem que a vencesse em combate. Como isso nunca acontecia, a história se equilibrava entre a sensualidade e a ação.
                   A DC entrou na onda com O Guerreiro, criação de Mike Grell, sobre um piloto da força aérea norte-americana que vai parar no centro da terra, onde existe um mundo dominado pela espada e pela magia.
                   Na década de 1980 Conan ganhou uma versão cinematográfica, estrelada por Arnold Schwazenegger, o primeiro sucesso cinematográfico do ator.

                   Conan fez um sucesso extremo no Brasil, onde continuou popular mesmo quando a Marvel não estava mais produzindo novas histórias. Por causa disso, as editoras (inicialmente a Abril e depois a Mythos) continuaram a revista apenas com republicações. Depois o personagem foi adquirido, nos EUA, pela editora Dark Horse. As novas histórias, assinadas pelo roteirista Kurt Buziek e pelo desenhista Cary Nord têm conseguido agradar aos velhos fãs. 

Superaventuras Marvel 8

No início da década de 1980, Conan se tornou uma espécie de coringa da Marvel na editora Abril. Sua popularidade alavancava as vendas. Por isso ele se tornou a estrela da recém-lançada Superaventuras Marvel. A revista só tomou uma cara própria (e deixou de publicar Conan) a partir do número 16, quando estreou o arrasa-quarteirão X-men, cujos direitos até então pertenciam à RGE. A partir daí os personagens de fantasia da revista passaram a ser Sonja e o rei Kull.

O que é o anti-semitismo?



O anti-semitismo é o ódio ou aversão aos judeus, sua religião ou costumes. Embora o termo tenha surgido na alemanha, em 1879, em um livro escrito por  de Wilhelm Marr, o anti-semitismo é muito antigo. Os cristãos inicialmente acusaram os judeus de deicidio, pela morte de Jesus. Quando essa acusação caiu em desuso, foi substituída por outra: a de que os judeus sabiam que Jesus era o Messias, mas se recusavam a reconhecê-lo. Na época mais cruel da Inquisição, os judeus que se negavam a repudiar sua religião eram presos, torturados e muitas vezes mortos. O simples fato de alguém tomar banho todos os sábados podia ser considerado judaismo e, portanto, levar aos horrores da Inquisição.
Escritores como o russo Nicolai Gógol e o inglês Charles Dickens retrataram o judeu como um ser mesquinho e repelente, o que mostava bem como o anti-semitismo estava difundido na sociedade européia muito antes do nazismo.
Até mesmo filósofos como Hegel contribuiram para a idéia de que os judeus eram responsáveis pelos males da Alemanha.
Outro pensador, Arthur Joseph de Golineau teorizou que os judeus seriam inferiores aos arianos, moral e fisicamente. Esse pensamento seria a base da ideologia nazista, uma ideologia centrada no ódio a uma raça.
No livro Minha Luta, Hitler escreveu: “ O Judeu, este nunca foi nômade e sim um parasita, incorporado ao organismo de outros povos. Sua mudança de domicilio, uma vez por outra, não corresponde a suas intenções, sendo resultado da expulsão sofrida por ele (...) O fato dele se espalhar pelo mundo é um fenômeno próprio a todo o parasita (...) o povo que o hospeda vai se exterminando”. Para Hitler, o judeu vivia de parasitar outros povos até exterminá-los completamente.
O livro analisa a ação do judeu. Este chega em uma comunidade com poucas mercadorias. Logo começa a emprestar dinheiro a juros altos, depois monopoliza o comércio. Logo está rico. Mas em nenhum momento vai trabalhar a terra ou produzir algo que seja benéfico para a sociedade.
A análise de Hitler desconsidera completamente os séculos durante os quais a Igreja Católica proibiu os judeus de trabalharem da terra e os isolou em guetos.
Para Hitler, junto com o poder econômico vinha o poder político, pois o objetivo dos judeus era dominar o mundo. Para isso a propaganda nazista sempre se apoio no Protocolo dos Sabios de Sião, um documento falso, forjado na época dos Czares russos.

Grafipar, a editora que saiu do eixo


No final da década de 1970, Curitiba se tornou a sede da principal editora de quadrinhos nacionais. A produção era tão grande que se formou até mesmo uma vila de quadrinistas. No livro Grafipar, a editora que saiu do eixo, eu conto em detalhes essa história. O livro inclui também algumas HQs publicadas na época e análise das mesmas.
Pedidos: profivancarlo@gmail.com.

Calafrio 59 - o que vem por aí

Muito bem, amantes do horror e da boa HQ brasileira,
Em sequência à postagem de ontem que descreve as atrações da nova edição de Mestres do Terror (68), saibam o que vão encontrar em Calafrio 59.
De HQs, Ivan Lima nos apresenta um caso de zumbis durante as lutas entre Lampião e as volantes nos tempos do cangaço clássico; Rogério Faria e Raimundo Guimarães levam o terror à zona rural; na série com as bios dos psicopatas reais, Gian Danton e Fábio Vermelho expõem a vida de Charles Manson. De HQs clássicas Rodolfo Zalla produziu o filme que toda criança oitentista quis ver sobre a volta do ET, e Gian Danton e Bené Nascimento nos apavoram com o Refrão de Bolero.

Nas seções, além da Mala Direta e os comentários das edições recentemente lidas, Sidemar de Castro comenta o clássico Noite dos Mortos Vivos em Cinecalafrio e na Imagem&Ação uma matéria especial sobre os 200 anos e a presença no mundo do entretenimento de um certo monstro criado por Mary Shelley! Ainda nova crônica de Luiz Saidenberg sobre seu tempo de CETPA no Rio Grande do Sul, Capa Clássica, a presença das revistas nos eventos e a Quem é Quem da edição trata do mestre Fernando Ikoma.
Não percam esse número mais que especial, previsto inicialmente para Junho, chega adiantado para satisfação dos leitores amigos.
Um abraço zumbificado!
Daniel Saks

quarta-feira, março 28, 2018

Rádio Pop

Cinema, quadrinhos, música, seriados, jogos. Rádio Pop. Na Rádio Universitária.

A arte impressionante de Kim Jung Gi

Kim Jung Gi é um dos mais expressivos nomes da geração desenhistas coreanos que fizeram do desenho um espetáculo. Em apresentações ao vivo ele faz rapidamente enormes painéis super-detalhados, com desenhos geralmente em perspectiva. Confira um pouco do trabalho desse mestre.











O mecanismo



Nenhuma boa série se sustenta sem um bom vilão. Narcos tinha Pablo Escobar, interpretado magistralmente por Wagner Moura. O Mecanismo tem Enrique Díaz, como o doleiro em torno do qual gira a trama.
A série começa bastante irregular (a maioria das pessoas que conheci que não gostaram assistiram apenas os dois primeiros episódios). A começar pelo som, horrível. Tive que colocar no volume máximo para ouvir. Além disso, Selton Melo parecia não se encontrar no personagem. Além disso, a narração do próprio Melo era exagerada nesses primeiros episódios, com diversas repetições da metáfora sobre o câncer.
É a partir do terceiro episódio que as coisas começam a se ajustar: o som melhora, Selton Melo some da trama para só aparecer depois, a narrativa se torna menos redundante.
Mas, desde o primeiro momento, Enrique Díaz parece à vontade no papel: esperto, irônico, sarcástico, cínico. Seu personagem é o homem que aprendeu a se virar, saindo da pobreza para se tornar rico lavando dinheiro. É alguém que sabe como as coisas funcionam e resolveu tirar proveito – em todos os sentidos. Logo no começo ele diz que com o dinheiro gasto para fazer uma refinaria dava para fazer duas. Na boca de qualquer outro personagem pareceria didático, forçado. Na boca dele parece natural.
Aos poucos, no entanto, a série vai tomando forma, torna-se menos arrastada, trabalha melhor o suspense, a narração surge apenas em momentos-chave, os atores vão se adequando melhor ao papel... e Enrique Díaz continua roubando cena. Na verdade, ao contrário do filme sobre a Lavajato, que tem algumas das atuações mais lamentáveis que já vi na minha vida, em O mecanismo a maioria dos atores está muito bem, em especial após o terceiro episódio. Enquanto no filme o personagem de Moro parece apenas um comediante querendo parecer sério, no seriado há toda uma sutileza. Duas cenas destacam essa sutileza de atuação: quando as pessoas começam a bater panela, o juiz vai à sacada, seu sorriso e brilho no olhar são quase imperceptíveis, mas estão ali, demonstrações de seu ego (e provavelmente de seu posicionamento político).
O roteiro oscila bem entre os vários fatos, muitas vezes em narrativas paralelas que destacam o suspense ( recurso que Padilha já havia usado bem em Narcos) e, tirando os dois primeiros episódios, a série pega um bom ritmo.
A série provocou todo uma polêmica, em especial graças à fala de Jucá (precisamos estancar a sangria), colocada na boca de Lula. O roteirista poderia ter usado uma frase do próprio Lula, com sentido semelhante, como “O Supremo está acovardado”, mas preferiu usá-la provavelmente como  forma de criar aquilo que os marqueteiros chama de buzz: burburinho. Deu certo. A polêmica foi enorme, o que levou muita gente a assistir ao seriado por pura curiosidade, as ações da Netflix subiram e a série foi confirmada para uma segunda temporada.
Apesar da estratégia de buzz, a verdade é que a série bate bastante em vários partidos (em uma cena, Aécio Neves e Temer se encontram para tramar a queda de Dilma e o fim da Lavajato) e até da imprensa (em uma sequência, a Veja dá uma capa com a delação do doleiro como forma de criar condições jurídicas para o fim da operação).

terça-feira, março 27, 2018

É verdade que Hitler chegou a ser mendigo?



Ele não se tornou propriamente um mendigo, mas chegou muito perto disso. Em 1907, ele sacou toda a herança deixada pelo pai e partiu para Viena, na Áustria, onde pretendia entrar na famosa Academia de Belas-artes de Viena. Ele fez os exames sem conseguir êxito, mas ficou por lá mesmo, para fazer novas tentativas. Com o tempo, o dinheiro da herança foi acabando e em 1910 ele deixou de receber a pensão a que tinha direito como órfão.
Ele foi ficando cada vez mais isolado e excêntrico. Ele perambulava pela cidade como um vagabundo, dormindo em quartos baratos ou abrigos municipais, alimentando-se de pão, leite e da sopa distribuídas nas igrejas. O pouco dinheiro que tinha vinha de pinturas que ele fazia de edifícios famosos da capital austríaca e que vendia como cartões postais.
Segundo o historiador Sebastian Haffner, os mendigos o chamavam de Ohm Kruger.
Era conhecido pelos desocupados como indolente e mau-humorado, mas muito austero, pois nunca bebia, não fumava e nunca era visto com mulheres.
Suas únicas paixões eram a ópera e a política. Ele falava sobre a superioridade da raça ariana a qualquer hora, a qualquer um que tivesse disponibilidade para ouvi-lo e ficava particularmente histérico quando discursava sobre o perigo que os judeus representavam para o glorioso povo alemão.
Ele gostava também de ler jornais, especialmente os de conteúdo anti-semita.

Kairo Mototaxi no Rádio Pop!

Nesta quinta vamos ter uma participação especial no programa Rádio Pop: uma figura folclórica de Macapá! Sim, estamos falando de Kairo Mototaxi! Não perca!

Kripta - os quadrinhos que revolucionaram o terror

       
Em 1964 as bancas norte-americanas viram aparecer uma revista sobre os filmes de terror chamada Famous Monsters of Filmland (Monstros Famosos do Cinema). O editor era o desconhecido Jim Warren.
       Em certo número de sua revista, Warren publicou uma HQ de terror e ficou esperando a reação. Ele temia que a revista fosse boicotada pelo Comics Code, que regulava os gibis americanos e havia acabado com a editora EC, especializada em terror. O gênero era totalmente proibido, mas ninguém prestou atenção àquela HQ. Warren logo percebeu que o formato magazine (20,5 x 27,5 cm) era visto como sendo para adultos e, portanto, não estava sob controle do código. Era o sinal verde para lançar uma revista só de terror, no novo formato e em preto e branco.
       Assim, no inverno de 1964 surgia a revista Creepy (algo como assustador). No ano seguinte surgia a Eerie, seguindo a mesma linha. As duas revistas juntavam a nata da EC Comcs, com artistas como Joe Orlando, Frank Frazetta e Reed Crandall. Além disso, foram se somando aos poucos novos artistas, como Steve Dikto, Gene Colan, Neal Adams, Richard Corben, Berni Wrightson,  entre outros.
     Para editar as revistas e escrever as histórias foi contratado Archie Goodwin, um roteirista mediano no gênero super-hérois, mas sempre muito criativo em outros gêneros. Posteriormente foi contrato também o editor e roteirista Bill Dubay.
     Na década de 1970, a revista vivia sua fase áurea, mas ao mesmo tempo enfrentava um problema: editoras maiores, como a Marvel, começaram a entrar nesse mercado e a oferecer maiores benefícios aos desenhistas. Então, justamente quando as revistas mais vendiam, começou a faltar mão-de-obra. A solução foi dada por Bill Dubay, que entrou em contrato com um grupo de artistas espanhóis para substituir os americanos que estava debandando. O que era um problema acabou virando a favor da editora: os novos artistas espanhóis contratados eram espetaculares e deram início à fase de ouro da Warren, produzindo as melhores histórias de suspense, terror e ficção-científica da década de 1970. Entre os novos artistas, destacavam-se Esteban Maroto, com um traço psicodélico que foi imitadíssimo na época, e José Ortiz.
     Foi na Warren que surgiu a mais famosa vampira dos quadrinhos (embora não tenha sido a primeira. Esse posto é ocupado por Mirza, do brasileiro Eugênio Colonnese): a Vampirella. A personagem estreou em 1969 e transformou-se logo num sucesso. A roupa foi criada por Trina Robbins, mas a personagem acabou sendo delineada visualmente pelo grande Frank Frazetta. 

     No Brasil, as histórias da Warren foram publicadas na revista Kripta, da editora RGE e durou 60 edições, com grande sucesso. O slogan, usado na propaganda de TV, era ¨Com Kripta, qualquer dia é sexta-feira e qualquer hora é meia-noite¨, tornou-se célebre. 

segunda-feira, março 26, 2018

Marvel Zumbi



Marvel Zumbi é um dos volumes da coleção de graphics Marvel, da editora Salvat. A premissa parece uma piada nerd: e se os heróis da Marvel se transformassem em zumbis e começassem a devorar todas as pessoas que encontram pela frente. A ideia surgiu em uma história de Mark Millar, mas os editores da Marvel acharam que renderia uma minissérie. Para isso chamaram Robert Kirkman, já famoso por sua série Walking Dead, e o desenhista Sean Phillips. Além disso, Arthur Suydam ficou responsável pelas capas, recriando capas famosas da Marvel com temática zumbis.
Como piada nerd, Marvel Zumbi poderia facilmente descambar em um caça-níqueis grosseiro e dispensável. A ótima equipe, no entanto, evitou que isso acontecesse. Para começar, o roteiro de Kirkman, baseado principalmente no humor negro: do Magneto dizendo que espera que os heróis engasguem com sua carne à diferença dos sistemas digestivos entre o Hulk e Bruce Banner (imagine a quantidade comida que o Hulk come e imagine isso no estômago de Bruce Banner). Os diálogos são afinandos, a ação initerrupta, as viradas (tudo se complica mais ainda quando Galactus chega para devorar o planeta) fazem com que Marvel Zumbis seja lido de uma sentada. Acrescente a isso o ótimo desenho de Phillips (que realmente parece desenhar zumbis melhor que super-heróis convencionais) e as capas impagáveis.
O que fico me perguntando é o seguinte: será que uma propostas dessas iria em frente na DC?

domingo, março 25, 2018

Quem eram os pais de Hitler?



Hitler era filho de um inspetor de alfândega, Alois Hitler. Alois era filho ilegítimo de Anna Schicklgruber, que mais tarde casou-se com um moleiro desempregado chamado Hiedler. Por um erro do escrivão, Hiedler virou Hitler.
Alois era um homem severo e despótico. Um campeão da lei e da ordem, como o descreve a noticia de sua morte. Conta que o pai era agressivo e Adolf provavelmente nutria grande ressentimento por ele.
Se o sentimento com relação ao pai era de ódio, com a mãe a relação era de carinho. Klara Hitler era uma mulher gentil e afetuosa. Era adorada pelo filho, que recebeu um forte golpe com sua morte, quando ele tinha 18 anos.
Alguns pesquisadores acham que a relação com os pais, especialmente com o violento e autoritário pai, foi fundamental na formação do futuro ditador.  

Lições literárias


Quando conheci Afonso, aos 14 anos, eu só tinha lido um livro, Aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida. Afonso já  tinha lido todo Lobato, infantil e adulto, alguns livros de Freud e estava começando a ler Jung  em edições bonitas, encadernadas, que ornavam a sala de sua casa.
Essas  três coleções tinham história. Haviam pertencido ao seu padrinho, sargento do exército. Em plena ditadura, era um militar de esquerda. Um dia bateu na porta da família do afilhado com caixas repletas dessas coleções:
- Me descobriram. Eu vou sumir. Esses livros ficam de presente para o Afonso.
Nunca mais ouviram falar dele. Não se sabe se foi pego pelos órgãos de repressão, ou se fugiu para outro país.
Afonso tinha um ciúme atroz  desses volumes encadernado. Coisa de colecionador. Mostrava o que estava lendo, comentava, lia um trecho, mas não me deixava nem tocar no exemplar.
Talvez isso tenha aguçado minha curiosidade pela leitura.  Como não tinha livros em casa, tive que ir desbravando outros caminhos. Descobri os sebos e muitas vezes voltava a pé para casa, pois havia gastado o dinheiro da passagem com livros e gibis. 1984, de George Orwell, custou exatamente o valor de uma passagem de ônibus, depois de muito choro com o dono do sebo. Um outro livro que custou o preço exato de uma passagem de ônibus foi um volume argentino sobre história romana, com o qual não só aprendi sobre Roma, mas também comecei a dar os primeiros passos na língua espanhola.
Descobri também a biblioteca pública, em especial a seção circulante, que emprestava  livros. Pegava um livro por semana, religiosamente. Passava horas  olhando entre as estantes, lendo trechos, sorvendo um gostinho da obra. Na dúvida, levava Júlio Verne.  E nunca me arrependi. Entre os vários xodós, um exemplar de Viagem ao centro da terra com um texto  delicioso e ilustrações de um artista espanhol. Talvez  da mesma coleção (lembro que o ilustrador também era espanhol), um outro livro que me fascinou por seu intimismo: Robison Crusoe, um livro com um único personagem na maioria dos capítulos. E, claro, Lobato, mas esse eu emprestava pouco. Havia muitos livros dele em sebos e fui comprando um a um, muitos da mesma coleção encadernada em verde que eu via na casa do Afonso.
Na circulante havia um quadro onde eram colocadas pequenas resenhas escritas pelos leitores. Quando emprestei meu primeiro livro (um ótimo volume de contos de HG Wells), a bibliotecária sugeriu que eu escrevesse uma resenha para o quadro. Escrevi e na semana seguinte escrevi outra, e outra e outra, até que o quadro fosse totalmente tomado por resenhas de minha autoria.
Eu seguia também as sugestões da bibliotecária, algo muito útil para quem leu um livro por semana, por anos a fio. Meninos de engenho, de José Lins do Rego, foi dessa safra.
Ler era um prazer e, ao mesmo tempo, uma competição. Como na fábula do coelho e da tartaruga, eu largara muito atrás, mas queria vencer a corrida. Queria ler mais livros que o Afonso. Felizmente para mim, ele era como a tartaruga, lento para ler e preguiçoso para escrever. Aos 17 anos  eu já  tinha lido mais livros que ele, todos registrados em um caderno.
Além de, mesmo por vias tortas, me despertar o interesse pela leitura, Afonso, muito influenciado por Lobato, me ensinou uma grande lição: a propriedade no uso das  palavras.
No meio da  conversa ele soltava uma expressão que eu não conhecia e perguntava:
- Entendeu?
- Entendi, claro.
Ele  ralhava:
- Entendeu nada. Você nem sabe o que essa palavra significa.
Como eu negasse, ele me desafiava a definir o verdadeiro sentido da expressão.
Eu gaguejava, gaguejava, gaguejava, até que finalmente admitia ser era ignorante com relação àquele termo. 
Era humilhante, mas era  também uma lição: nunca finja entender de algo que não sabe  e, principalmente, nunca use palavras cujo significado não esteja muito claro para você.
Hoje vejo muitas pessoas  ansiosas por “falar difícil” usando expressões cujo significado desconhecem e penso: essas aí deveriam ter tido um amigo como o Afonso e um mestre como Lobato.  
Afonso passou anos se preparando nos melhores colégios, mas, mesmo com sua inteligência a e seu texto irrepreensível, não passou no vestibular. Foi para o Rio de Janeiro e nunca mais nos falamos. Era  época pré-internet e as minhas cartas levavam semanas para chegar e as respostas  às vezes  meses, até se esgotarem completamente. À moda de Carlota Joaquina, ele dizia que não queria levar nada de sua estada em Belém, nem mesmo os amigos.  A última notícia que tive dele é que tinha se envolvido com drogas e tinha abandonado dois curso de graduação, um deles de psicologia. Eu já trabalhava como jornalista  quando uma conhecida em comum me disse que ele ainda era sustentando pelos pais e não estava  estudando ou  trabalhando.

Mesmo com toda sua arrogância e egoísmo, Afonso despertou em mim o lado intelectual, o interesse pela leitura e o gosto por escrever de maneira clara.  Foram verdadeiras lições literárias. 

SketchBook de Edgar Franco

Ganhei do amigo Edgar Franco o SketchBook publicado pela editora Criativo (com direito a dedicatória com desenho!). 
Edgar é um dos mais criativos e diferenciados artistas brasileiros de quadrinhos. Seu estilo é único a ponto de ser necessário criar um nome para designá-lo - os quadrinhos poéticos filosóficos, gênero do qual ele é um dos mais importantes representantes. 
O SketchBook reúne uma variedade grande de trabalhos do artista, desde esboços a trabalhos extremamente detalhados. Destaque em especial para os desenhos feitos em tinta branca sobre fundo preto, em que o hachurado detalhista forma imagens que lembram fractais, em um efeito hipnotizante. 
Já vi o Edgar desenhando e o processo é surpreendente: das formas sem sentido vão aparecendo, aos poucos, imagens oníricas.


sábado, março 24, 2018

O Mecanismo | Trailer oficial [HD] | Netflix

A arte extraordinária de Rugendas

Johann Moritz Rugendas é um pintor de origem alemã que ficou conhecido por sua extensa obra sobre o Brasil. Ele chegou ao país em 1821 como desenhista da expedição científica Langsdorf, famosa por seu final trágico, quando a maioria dos seus integrantes morreu na selva amazônica. Rugendas abandonou a expedição logo no começo e voltou para a corte portuguesa, onde passou a retratar o cotidiano da cidade. Suas imagens registravam a flora, a fauna e os tipos brasileiros, influenciando diretamente a imagem que os europeus tinham de nosso país graças ao sucesso de sua obra Viagem pitoresca ao Brasil.