quinta-feira, dezembro 31, 2009

Feliz ano novo

Epicuro dizia que o homem existe para buscar o prazer. E, segundo ele, o maior prazer que podemos ter é o prazer da amizade. São com os amigos que compartilhamos os momentos felizes e são eles que nos amparam nos momentos difíceis. Mas sempre são fonte de alegria. Sou muito feliz de ter tantos e tão bons amigos. Aos leitores deste blog desejo que possam em 2010 contar sempre com ótimos amigos.

Site lista as 100 melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos


O conceituado site norte-americano especializado em quadrinhos Comic Book Resources divulgou neste domingo (27) a lista completa das cem melhores histórias do gênero em todos os tempos. O ranking foi elaborado a partir de votação dos leitores do site. A lista é encabeçada pela graphic novel "Watchmen", de Alan Moore e Dave Gibbons, originalmente publicada entre 1986 e 1987. A HQ da DC Comics sobre um grupo de super-heróis durante a Guerra Fria ganhou uma adaptação para o cinema neste ano, dirigida por Zack Snyder. Em segundo lugar, ficou "A saga da Fênix Negra", arco de histórias da revista "X-Men" assinado por Chris Claremont, John Byrne e Terry Austin e publicado durante o ano de 1980 pela Marvel Comics.
Frank Miller aparece com três títulos na lista: "Batman - Ano um", "Batman - O cavaleiro das trevas" e a história "Born again", da revista "Demolidor".
Entre as dez mais votadas, apenas a graphic novel "Maus", de Art Spiegelman, não pertence ao gênero dos quadrinhos de heróis. A história, que narra a experiência do pai do quadrinista como um judeu polonês em um campo de concentração nazista, foi a primeira HQ a vencer o prestigioso Prêmio Pulitzer, em 1992.
Confira abaixo as 10 histórias mais votadas ou clique aqui para ler a lista completa no site do Comic Book Resources.

1. "Watchmen", de Alan Moore e Dave Gibbons
2. "A saga da Fênix Negra", de Chris Claremont, John Byrne e Terry Austin
3. "Born again" (Demolidor), de Frank Miller e David Mazzucchelli
4. "Batman - Ano um", de Frank Miller e David Mazzucchelli
5. "Batman - O cavaleiro das trevas", de Frank Miller e Klaus Janson
6. "All star Superman", de Grant Morrison e Frank Quitely
7. "Crise nas infinitas terras", de Marv Wolfman, George Perez, Dick Giordano e Jerry Ordway
8. "Sandman - Estação das brumas", de Neil Gaiman, Kelley Jones, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III, Matt Wagner, Dick Giordano, George Pratt e P. Craig Russell
9."Reino do amanhã", de Mark Waid e Alex Ross
10. "Maus - A história de um sobrevivente", de Art Spiegelman
Fonte: G1

domingo, dezembro 27, 2009

Os fantasmas de Scrooge


Fomos assistir Os fantasmas de Scrooge, novo filme de Robert Zemeckis (Contato) baseado na obra Conto de Natal, de Charles Dickens. A história original é muito boa, comovente, sobre um homem sovina que não consegue se tornar humano nem mesmo na época do natal e que recebe a visita de três fantasmas que mudarão sua vida.

A adaptação de Zemeckis é boa, mas peca justamente onde não devia pecar. Em Contato, ele trabalhava com os efeitos especiais de modo que nem se via que eles existiam e mostrava que, para serem bons, os efeitos especiais não devem aparecer, eles devem estar integrados na história. Em Os fantasmas... Zemeckis erra justamente nisso. Há várias sequências que não contribuem para a história e parece até mesmo sem sentido, como aquela em que o velho é perseguido por uma carruagem negra. Como odeio efeito especial que não contribui para a história, quase dormi nessa hora...
De resto, o filme seria bom, não fossem por duas coisas.
A primeira era o som, tão alto que deformava a fala dos personagens. Quando o segundo fantasma começava a rir, eu torcia para ele parar, pois faltava arrebentar os tímpanos. Eu não sei porque, aqui em Macapá, acham que, se o som não estiver bom, basta aumentar, como se isso não piorasse mais ainda as coisas.
A outra era um cara atrás de mim, cujo celular ficava tocando o tempo todo. Ele não atendia, mas também não desligava. Simplesmente deixava tocar.
Ou seja: não era só na tela que tinha fantasmas... A diferença é que os fantasmas da tela eram educados e queriam ajudar. Já os da platéia...

Sutilmente


Pensando sobre a música Sutilmente, do Skank: música boa é aquela que te toca, que fala sobre o que você sente. E isso nenhuma métrica consegue reproduzir. Mas a "Sutilmente" tem um jogo de palavras que a faz ainda mais interessante:

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Triste, louco, bobo e morto são adjetivos. Simplesmente, subitamente e sutilmente são advérbios. Só por aí, percebe-se uma preocupação em fazer uma estrutura de repetição incomum: toda frase tem um um adjetivo e um advérbio na mesma posição. Além disso, louco, bobo e morto são palavras com duas sílabas e cada uma delas tem um o.
Além da questão poética, há uma interessante questão filosófica: o medo da morte não como morte do corpo, mas o medo de morrer na memória das pessoas que amamos.
A consciência de que somos mortais nos levou a criar alternativas de imortalidade. Ter um filho, escrever um livro, compor uma bela canção, são formas de nos tornar imortais. Certamente o Skank se tornou imortal com essa música, que viverá por muito tempo na memória das pessoas.

Super-heróis contra o nazismo

Jeferson Nunes

Durante a Segunda Guerra Mundial, quase todas as histórias em quadrinhos tornaram-se objeto de propaganda de guerra , com capas de super-heróis dando surra em nazistas e combatendo sabotadores e espiões em suas paginas. Mas para a surpresa de muitos, as HQs fizeram bem mais que simples propaganda aliada.
Essa e a capa de uma edição especial de Superman, baseada no exemplar nº 33 da série regular, que foi produzida especialmente para o Exército dos Estados Unidos.
Na época era grande a quantidade de completos iletrados que eram recrutados as pressas para o front, como precisavam operar maquinas complexas, era necessário que aprendessem a ler rapidamente, sem contar a necessidade de entretenimento barato e fácil de carregar pelos teatros de guerra da Europa, Africa e Asia.
Num esforço “Patriotico” a National Periodical Publications ( Hoje DC Comics), começou a produzir para o Departamento de Guerra edições mais simples, com o intuito de ajudar na alfabetização dos soldados. Milhares de copias foram distribuídas, levando os ícones da National ( Superman, Batman etc..) para crianças em varias partes do mundo, pois eram distribuídos pelos soldados como uma forma de demonstração de amizade e cooperação. 23 edições foram produzidas especialmente para os soldados, e essas hoje raras variantes estão entre os primeiros exemplos do uso de quadrinhos de forma didatica. Estudos recém publicados sobre a melhora da leitura através das estórias em quadrinhos apenas confirmam o que o governo americano já sabe há 70 anos.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

História de natal

“Imagine there’s no countries
It isn?t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace”
Imagine - John Lennon

Estavam em guerra.
Durante anos a humanidade havia percorrido o universo em busca de outras civilizações, em busca da constatação de que não estamos sozinhos. Então encontraram os gafanhotos. Claro, eles não se chamavam gafanhotos. Mas as pernas e os braços compridos, além da pele na forma de couraça davam-lhe o aspecto de gafanhotos e era natural que os humanos os chamassem assim, por analogia.
No começo as relações foram bastante amistosas. Afinal, era a primeira forma de vida inteligente que o homem encontrava em seu caminho pelas estrelas.
Os problemas começaram a ocorrer quando as viagens de turismo ao planeta dos gafanhotos se tornaram freqüentes. Ficou claro, então, que havia séria diferenças culturais. Ocorre que todo o planeta era repleto de pequenos e incômodos insetos. Os turistas humanos usavam contra eles inseticidas e repelentes.
Entretanto, os gafanhotos consideravam os insetos sagrados, pois Deus os criara à Sua imagem e semelhança.
Os teólogos humanos acharam a idéia ridícula. Que tipo de Deus teria a aparência de um inseto? Afinal, a Bíblia deixava claro que Deus criara o homem à Sua imagem e semelhança. A religião dos gafanhotos foi considerada uma heresia.
O que era uma simples diferença teológica tornou-se um problema diplomático quando os gafanhotos começaram a matar humanos acusados de exterminar insetos.
Foi o início da guerra.
José lembrava-se de tudo isso enquanto olhava o céu repleto de estrelas. Uma estrela cadente fez com que ele atentasse para a data. Eram 24 de dezembro. Véspera de natal. Estavam tão preocupados com inimigo que nem ao menos haviam percebido.
O rapaz tentou lembrar o capitão, mas não conseguiu. Estavam todos ocupados demais com os preparativos para a batalha. Dizia-se que os gafanhotos preparavam um ataque surpresa e a ordem era contra-atacar com todas as forças.
José encostou a cabeça na parede da trincheira e dormiu. O cheiro de excrementos e dos cadáveres era tão forte que dominou seus sonhos. Acordou com um outro soldado empurrando-o.
- Acorde! O ataque vai começar!
José olhou para o relógio. Eram quase meia-noite.
De repente veio a ordem. O sargento berrava como um louco e empurrava os soldados para fora da trincheira.
- Atacar!
José avançou com os outros. Uma bomba explodiu, levantando uma densa cortina de fumaça e pó que desorientava os soldados.
Mísseis silvavam no ar, luminosos e terríveis, prestes a cair no campo de batalha. Eram máquinas de morte, ceifadora de vidas, incapazes de distinguir um amigo de um inimigo.
Mas não caíram. Algo aconteceu antes. Explodiram no ar, formando belos desenhos de luz. O som cessou. O barulho incessante das metralhadoras cessou. A respiração ofegante dos guerreiros. Tudo parou. Até mesmo o tempo. Uma forte luz branca tomou conta do campo de batalha, parecendo vir de todos os lugares e de lugar nenhum.
Então surgiu um menino. Surgiu no céu, e todos os olhares de voltaram para ele. Enquanto falava, os soldados largavam as armas e choravam.
- Hoje não haverá mortes. Não haverá guerras em meu nome. Nada de armas, sangue ou gritos de desespero. Paz. Apenas paz.
Do outro lado aconteceu algo semelhante, mas o que apareceu para os gafanhotos não foi um menino. Foi um inseto. Um ser de pernas e braços compridos e pele em forma de couraça. Ele falou com eles, da mesma forma que o menino falou com os humanos.
Depois disso inimigos se abraçaram.
O campo desapareceu e junto com ele os mortos, os ratos, as doenças e o cheiro pestilento. Humanos e gafanhotos não conseguiam entender porque estavam brigando antes e isso não interessava.
No dia seguinte o rádio guinchou dos dois lados, proferindo ordens de morte. Ninguém atendeu. E nem atenderia. Afinal, era natal...

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Complexo Beira-rio

Ontem fomos na inauguração do Complexo Beira-rio. Ficou muito bonito e resolveu um problema comum numa região que chove muito: agora os quiosques e área de alimentação são cobertos. E parece que houve também preocupação com a higiene, na área de alimentação, onde vendem comidas típicas, a maioria do pessoal estava uniformizado, com touca e avental.
Digno de elogios.
Só senti falta de mais lixeiros. São poucos e o povo estava jogando o lixo nos rios.
Fica a sugestão para a Prefeitura e o Governo aumentarem a quantidade de lixeiros e fazerem campanhas para que não joguem lixo no rio Amazonas.
Aliás, a minha mãe, que não mora aqui, estava comentando a diferença da primeira vez que ela veio aqui, em 2003, para hoje. Segundo ela, a cidade melhorou muito. Ainda falta muita coisa, mas melhorou muito mesmo.

Ps: um toque para as assessorias de imprensa do Estado e da Prefeitura: procurei no google uma imagem do novo complexo e não achei. E o site do governo não abria...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

DDA – Distúrbio de déficit de atenção


O livro Mentes Inquietas, de Ana Beatriz Silva (editora Gente) fala sobre uma doença chamada Distúrbio de Déficit de Atenção – DDA. Poucas vezes eu me vi tão bem retratado em um obra e, conversando com amigos, descobri que esse distúrbio é mais comum do que se imagina.
A própria autora admite que o termo não é adequado, já que dá a entender que a pessoa jamais consegue se concentrar em algo. Na verdade, um DDA consegue, às vezes, concentrar-se em algo (como ler um livro) de tal forma que a casa pode cair que ele nem mesmo irá perceber. Na verdade, não seria uma falta de atenção, mas uma atenção instável: muita concentração em alguns momentos e nenhuma concentração em outros.
Para um DDA é um suplício concentrar-se em uma atividade obrigatória. A autora compara a situação a um carro desregulado, que gasta mais combustível e submete suas peças a um maior desgaste. Muitos DDAs descrevem, que, após atividades obrigatórias, sofrem um profundo cansaço mental e às vezes físico.
Um DDA em uma palestra cujo tema não lhe é necessariamente interessante irá “viajar” em pensamentos próprios, desligando do tema da palestra. Ou então ficará se mexendo na cadeira ou mexendo em objetos, seu corpo refletindo sua vontade de sair dali correndo.
Os DDAs costumam ser impulsivos e atirar primeiro e pensar depois. A impulsividade, o fazer sem pensar, é uma das principais características desse distúrbio.
Um DDA está fazendo algo aqui e pensando em algo que deveria estar fazendo ali na frente. Isso às vezes até na leitura. Estou lendo aqui um livro de metodologia e estou pensando em um livro de Relações Públicas que preciso ler ou em um texto que preciso escrever, ou em um roteiro que me foi encomendado, ou em uma transparência que preciso preparar. Meu método de trabalho é o mais desorganizado possível. Estou lendo um livro, no meio dele encontro uma frase que me remete a algo que li em outro livro. Largo aquele primeiro livro de lado e pego o outro. No outro encontro outra frase que me remete a outra obra. Quando vejo, estou com cinco ou seis livros abertos na minha frente.
Um DDA está sempre se envolvendo em muitos projetos e nem sempre consegue terminá-los todos. Até porque, quando as coisas começam a dar errado, ele entra em desespero. Isso ocorre porque o cérebro tem dificuldade para acionar uma parte da memória chamada de funcional, cuja função é encontrar na mente situações semelhantes vividas no passado que possam ajudar no problema presente. Uma maneira de lidar com isso é o que os publicitários chamam de "deixar o problema dormir". Quando não consigo resolver um problema a ponto de entrar em desespero, deixo de lado a situação e vou fazer outra coisa. Aprendi isso com o monge Guilherme, do livro O Nome da Rosa. Quando a situação se tornava insolúvel, ele ia tirar uma soneca. Sherlock Holmes tocava violino. Após algum tempo a solução surge espontaneamente.
Uma vez uma ex-aluna se espantou quando eu disse que estava lecionando metodologia científica: “Você não parece um professor de metodologia científica”. Mas é justamente isso: você procura conhecimentos que te ajudem a lidar com suas dificuldades. Trabalhar com metodologia é uma forma de me organizar melhor, de colocar em ordens os projetos... foi por essa mesma razão que comecei a me interessar pela teoria do caos...
Ainda assim não é fácil. Ao lado do meu computador, tenho um quadro de avisos. De um lado há o FAZER URGENTE, onde coloco as tarefas urgentes. Do outro o FAZER onde coloco as tarefas que necessitam ser feitas, mas não com urgência. Não fosse esse quadro, eu me perderia no meio de tantos projetos e tantas necessidades. Isso funciona para mim, pois, apesar da instabilidade de atenção, nunca perdi um prazo e felizmente nunca precisei tomar remédios.
Um DDA típico era o meu amigo Alan Noronha. Grande escritor, ele nunca conseguia terminar os trabalhos e cumprir os prazos. Há algum tempo recebi um e-mail dele dizendo que ele admira meu pragmatismo. Mal sabe ele que esse pragmatismo é conseguido às duras penas e graças a uma luta diária contra a instabilidade de atenção....
Para a autora, alguém um DDA leve não precisa necessariamente procurar tratamento médico, desde que isso não atrapalhe suas atividades: “O adulto ‘levemente’ DDA por certo não deve ter muitas reclamações a fazer. Ele é dotado de um alto nível de energia e entusiasmo. Sua ligeira desorganização não é suficiente para atrapalhar o andamento de seus projetos. No trabalho, pode-se dizer que, quando sob pressão e desafio, esta pessoa consegue sair-se melhor ainda”.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

O sebo digital


Uma curiosidade que encontrei na internet foi o blog O sebo digital. É um site especializado em disponibilizar digitalmente publicações que estão fora de catálogo. Defendo e respeito os direitos autorais, mas acho que não há porque impedir as pessoas de lerem algo apenas porque a Indústria Cultural não está mais tendo lucro com aquela obra.
O texto de explicação do blog representa bem esse pensamento:
"Este blog entende que, se uma obra está fora de catálogo ou esgotada, o autor ou detentor do direito autoral não tem mais interesse na comercialização da mesma. Considerando que obras de valor cultural são "esquecidas" por motivos comerciais, este blog digitaliza e publica as mesmas, pois o conhecimento e a cultura são formados pela totalidade do que já foi publicado e não apenas pelo que é "lucrativo"".
Dito isso, o blog vale uma visita. Há muitas obras de ótima qualidade. Entre elas, eu gostaria de destacar a revista Isaac Asimov Magazine, que fez a alegria dos fãs de ficção-científica no início dos anos 1990 ao reunir o melhor da literatura nacional e internacional de FC. Também há outras boas revistas para baixar, como a Mistério Magazine, que publicava contos policiais de ótima qualidade nas décadas de 1950 e 1960.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Um terror semiótico

Ontem foi o segundo dia da II Mostra de Design do Centro de Ensino Superior do Amapá - CEAP - e dia de apresentação de trabalhos. Entre os vários trabalhos apresentados para mim, se destacou um para a disciplina Semiótica. A ideia era que os alunos escolhecem um conceito semiótico e fizessem uma exposição demonstrando esse conceito na prática.
O grupo composto por Elieser Lima, Izabela Furtado, Moara Negreiros, Rogério Araújo, Vinicius da Silva, Camila Diniz, Lucy Anne Dornelas e Mayara Souza optou por trabalhar o conceito de “qualisignos”.
Os qualisignos se relacionam à experiência sensível que temos com os signos. É uma experiência sígnica primária, pré-reflexiva e, até mesmo instintiva e sentimental.
O grupo escolheu demonstrar o conceito de qualisigno e, ao mesmo tempo, homenagear o cinema de terror. Num filme desse tipo, o qualisigno pode ser considerado o medo que a película nos provoca. E medo foi o que não faltou entre os visitantes do trabalho, que aconteceu no bosque do CEAP. Foi um sucesso tão grande que se formaram filas imensas do lado de fora (só entravam de 7 em 7). Confira abaixo algumas fotos dessa assustadora experiência sígnica.
Muita gente do lado de fora, na fila para entrar.

Antes de entrar na exposição em si, os visitantes eram levados a uma ante-sala, onde eram explicados alguns conceitos semióticos básicos e o objetivo do trabalho. Claro que quem explicava era uma "zumbi"... Lá dentro, mais zumbis.
Freddy Krueger mostrou que os qualisignos podem estar nos piores pesadelos.

O Chamado: Uma mulher morta saindo de um poço botou medo nos visitantes.

Não era Sexta-feira, mas Jason estava presente.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Prêmio Amapá Design

Ontem foi a entrega do Prêmio Amapá Design, como parte da programação da II Mostra de Design. A ganhadora na categoria artesanato foi a amapaense Rosangela Costa, aluna do CEAP. Em um concurso dominado por estudantes de outros estados, ela se destacou com uma proposta de reaproveitamento do caroço do açaí para confecção de jogos de mesa.
O auditório do SEBRAE lotou com alunos do CEAP e da comunidade do Coração, na qual a Rosangela vive.
Tenho o maior orgulho dizer que fui professor dela durante dois semestre. É uma pessoa que respira criatividade e compromisso com o curso. Abaixo, algumas fotos. Rosangela ao lado da professora Maria Ângela, coordenadora do curso.
Rosangela feliz da vida com o seu I MAC, ou, como ela diz: "computador chique".

Os alunos do oitavo semestre e o professor Leonil, diretor do CEAP.


segunda-feira, dezembro 14, 2009

Do meu livro sobre o nazismo


É verdade que Hitler chegou a ser mendigo?
Ele não se tornou propriamente um mendigo, mas chegou muito perto disso. Em 1907, ele sacou toda a herança deixada pelo pai e partiu para Viena, na Áustria, onde pretendia entrar na famosa Academia de Belas-artes de Viena. Ele fez os exames sem conseguir êxito, mas ficou por lá mesmo, para fazer novas tentativas. Com o tempo, o dinheiro da herança foi acabando e em 1910 ele deixou de receber a pensão a que tinha direito como órfão.
Ele foi ficando cada vez mais isolado e excêntrico. Ele perambulava pela cidade como um vagabundo, dormindo em quartos baratos ou abrigos municipais, alimentando-se de pão, leite e da sopa distribuídas nas igrejas. O pouco dinheiro que tinha vinha de pinturas que ele fazia de edifícios famosos da capital austríaca e que vendia como cartões postais.
Segundo o historiador Sebastian Haffner, os mendigos o chamavam de Ohm Kruger.
Era conhecido pelos desocupados como indolente e mau-humorado, mas muito austero, pois nunca bebia, não fumava e nunca era visto com mulheres.
Suas únicas paixões eram a ópera e a política. Ele falava sobre a superioridade da raça ariana a qualquer hora, a qualquer um que tivesse disponibilidade para ouvi-lo e ficava particularmente histérico quando discursava sobre o perigo que os judeus representavam para o glorioso povo alemão.
Ele gostava também de ler jornais, especialmente os de conteúdo anti-semita.


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quinta-feira, dezembro 10, 2009

Exploradores do Desconhecido em destaque na Mundo dos Super-heróis


A série de webcomics Exploradores do Desconhecido, criada por mim e pelo jean Okada, foi destaque da sessão Garimpo na Net da revista Mundo dos Super-heróis que está nas bancas. A publicação custa R$ 14,90 e traz como matéria de capa um dossiê sobre heroinas.

Bob Esponja capitalista

Um ex-aluno de jornalismo Wilker Lira, fez seu TCC sobre a ideologia capitalista em Bob Esponja. Reproduzo aqui uma parte do trabalho:Bob Esponja é o empregado ideal, nunca reclama do salário e está sempre feliz. É o personagem mais engraçado, está sempre metido em confusões e nunca consegue ser aprovado na auto-escola (que aqui se chama escola de pilotagem, pois os carros são barcos).
Em “Bob Esponja, o filme” (2004), fica evidente que Bob Esponja e seu melhor amigo Patrick são apenas crianças, entretanto, como Bob Esponja está na auto-escola, e nos Estados Unidos a idade mínima para dirigir é de 16 anos, essa é a idade provável do garoto. Bob também faz tudo pelo patrão, seu Sirigueijo; ele não é só o patrão de Bob Esponja, mas também seu ídolo. No episódio Snowball efect – Efeito Bola de neve – enquanto brincam de fingir ser outra pessoa, Bob Esponja diz querer ser seu Sirigueijo, quando Patrick lhe pergunta porque ele quer ser o patrão, Bob responde: “Porque ele é um bom líder.”

Em “Bob Esponja, o filme (2004); Bob arrisca sua vida, entra em terras desconhecidas, cheias de perigos, para poder salvar a vida do patrão.
Bob Esponja nunca reclama dos salários, a não ser quando é incitado a isso por Lula Molusco. No episódio Squid´s Strike, Bob chega a pagar a seu Sirigueijo para trabalhar.
Em um outro episódio chamado Just one bite – só uma mordidinha - Bob chega às 3 da manhã para trabalhar; Lula Molusco, que se encontrava lá na esperança de comer um hambúrguer escondido de Bob Esponja, pergunta a ele o que estava fazendo ali e Bob responde que sempre chegava para trabalhar naquele horário. Fica evidente aí a dedicação de Bob Esponja Calça-quadrada ao trabalho, dedicação esta, independente do que recebe para trabalhar; também fica evidente sua admiração pelo chefe.
Que capitalista rejeitaria um empregado como Bob Esponja? Ele jamais se importaria em não receber salários, seu prazer é o trabalho e nele estaria dedicado 24 horas por dia se fosse necessário. A hora de começar a trabalhar é o momento mais feliz para ele. Quando o dia acaba, ao contrário, é o momento mais triste, já que tem que parar de trabalhar, como se vê em sua fala no episódio Sirigueijo nasce de novo: “Hora de fechar, a hora mais triste do dia.” . Ou no episódio Como na TV, ao acordar: “Hora de fazer a minha coisa predileta no meu local predileto.” Sua coisa predileta é o trabalho de fazer hambúrgueres e seu local predileto é o local de trabalho. Bob Esponja é feito para ser engraçadinho, para cativar as crianças, é com ele que elas tendem a se identificar, é a ele que elas tendem a imitar; ele e seu jeito de ser, sua dedicação ao trabalho, sua dedicação ao patrão capitalista.

Clique aqui para ler baixar o e-book com o texto completo.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

II Mostra de Design

Acontece, nos dias 14 e 15 de dezembro, a II Mostra de Design do CEAP, com apresentações de trabalhos dos alunos. No dia 14 a programação será o SEBRAE, quando a acadêmica Rosângela Costa, aluna da instituição, ganhadora do prêmio Amapá Design, receberá a premiação. Abaixo o banner da Mostra. Não deixe de conferir o evento.

Tudo o que você precisa saber sobre aquecimento global e a reunião do clima em Copenhague - O Globo Online

Tudo o que você precisa saber sobre aquecimento global e a reunião do clima em Copenhague - O Globo Online

terça-feira, dezembro 08, 2009

O mundo como relógio

Durante séculos, a visão dominante sobre o universo era de que este se tratava de uma máquina. Essa ótica mecanicista remonta a vários pesnsadores, entre eles Galileu Galilei, Roger Bacon e René Descartes.
O objetivo de Bacon era um conhecimento que pudesse ser usado para dominar e controlar a natureza. Para ele, a natureza tinha de ser acossada, obrigada a servir, escravizada. O cientista deveria extrair da natureza, sob tortura, todos os seus segredos. Assim, “sua idéia da natureza como uma mulher cujos segredos têm de ser arrancados mediante tortura, com a ajuda de instrumentos mecânicos, sugere fortemente a tortura generalizada de mulheres nos julgamentos de bruxas do começo do século XVII”.
Já na época de Bacon, o surgimento do relógio mecânico provocava alterações profundas na sociedade. A maioria das cidades tinha um relógio público instalado nas praças, que passava a governar a vida de todos. Antes o tempo era visto como abundante e associado ao ciclo inalterável do solo. Com o deslocamento da economia da agricultura para a atividade comercial, a ênfase deslocou-se para a mobilidade e o tempo do relógio passou a ter grande importância.
À época de Descartes, a fabricação de relógios havia alcançado um alto grau de sofisticação e fascinava a todos por sua perfeição. Isso fez com que o filósofo comparasse o ser humano ao mecanismo do relógio: “Considero o corpo humano uma máquina (...) Meu pensamento (...) compara um homem doente e um relógio mal fabricado com a idéia de um homem saudável e um relógio bem-feito”.
A partir de então, todos os pensadores e cientistas vão utilizar o relógio como modelo da natureza. Newton irá comparar o relógio com o movimento dos planetas. Para ele, o universo era gigantesca máquina, totalmente causal e determinada. Se o mundo físico, era uma máquina, Deus era o relojoeiro, que, no início dos tempos, criou todos os átomos do universo e deu a eles suas características e regras de funcionamento. Dessa forma, a gigantesca máquina cósmica é completamente causal e determinada. Tudo o que aconteceu teria tido uma causa definida e dado origem a um efeito definido,e o futuro de qualquer parte do sistema podia – em princípio – ser previsto com absoluta certeza.
Um aspecto importante da teoria da Newton é a idéia de que o tempo é absoluto: “O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo, e por sua própria natureza, flui de modo igual, sem relação a qualquer coisa externa”. Em outras palavras, o tempo fluiria da mesma maneira em todos os locais do universo.
Posteriormente, com Laplace, a figura do relojoeiro se tornou desnecessária e sobrou apenas a idéia do universo como relógio.
Mas o que é um relógio? Essencialmente, é uma máquina previsível. Qualquer relógio em estado normal irá ter sempre o mesmo comportamento: os ponteiros seguirão sempre no sentido horário, o ponteiro dos segundos andará mais rápido que o ponteiro dos minutos, que andará mais rápido que o ponteiro das horas.
Para entender o relógio, basta desmontá-lo e analisar suas peças. Essa característica do relógio deu origem à idéia de “separar para conhecer”, base do pensamento cartesiano. Assim, qualquer fenômeno poderia ser compreendido pela decomposição e análise de suas partes.
Por outro lado, a visão mecanicista do universo deu origem à idéia da natureza como serva do homem. Essa postura já havia sido antecipada por Francis Bacon, segundo o qual a natureza deveria ser acossada em seus descaminhos, obrigada a servir e reduzida à obediência. Ótimo exemplo dessa visão do mundo é o mapa dos EUA: a separação dos estados é em linha reta, desconsiderando a questão geográfica. Enquanto a maioria dos países utiliza rios e montanhas para fazer essa divisão, os norte-americanos fazem a divisão utilizando a lógica cartesiana de forçar a natureza a se curvar diante de seus desígnios.
Os habitantes de Nova York talvez tenham sido os que mais encarnaram essa postura. Ao saber que o presidente Thomas Jefferson acelerava os negócios com Napoleão Bonaparte para a aquisição do território da Lousiana os habitantes de Nova York perceberam que, com o novo território, o portão da América do Norte passaria a ser a cidade de Nova Orleãs, com clima melhor e melhor localização. Para fazer com que seu porto voltasse a se tornar importante, simplesmente fabricaram um rio ligando o oeste com Nova York.
Os ianques, então, orientados pelo engenheiro-chefe Canvass White, lançaram-se com afinco e com dinheiro na construção do "seu" rio Mississippi. Um imenso conduto, o canal do Erie, com 580 quilômetros de extensão e 72 eclusas, foi escavado a pá e picareta, rasgando a terra da periferia de Nova York - passando por Albany, Syracuse e Rochester - até Búfalo, na margem do lago Erie.
Essa era a idéia por trás dos chamados samsionistas.
O samsionismo é a doutrina originada das idéias do Conde Cláudio Henrique de Saint Simon (1760-1825), que postulava o advento de um mundo dominado pela ciência. Segundo Abbagnano (1970) Saint Simon foi o verdadeiro fundador do positivismo social,a doutrina que queria reorganizar a sociedade baseando-a na ciência e na tecnologia.
Para os samsionistas, a natureza deveria se curvar diante da vontade do homem, exemplos disso são os canais de Suez e do Panamá, realizada por samsionistas, em que a terra foi cortada para permitir a navegação entre áreas antes isoladas.
A idéia de que o homem deveria respeitar a natureza é muito recente e marca a decadência do relógio como modelo de mundo. No novo modelo, as coisas são vistas pelas suas relações entre si e os fenômenos deixam de ser vistos como deterministas. A natureza, e especialmente, a natureza humana, não é um relógio cuja análise das peças permite a previsão de seus movimentos futuros.
Autores como Edgar Morin e Fritjof Capra são alguns dos novos pensadores que combatem a visão mecanicista do mundo, defendendo a idéia de que os fenômenos são partes de sistemas, portanto, inter-relacionados.
Em um exemplo do filme O ponto de mutação (baseado na obra de Capra), a visão sistêmica veria a árvore não de maneira isolada (como o faz a ciência clássica), mas por suas trocas sazonais entre com a terra, o céu e os animais. Um pensador com o novo paradigma veria a árvore em sua relação com toda a floresta. Veria a árvore como lar dos pássaros e habitat de insetos. Para quem analisasse a árvore como algo isolado, não haveria sentido na árvore produzir tantos frutos, já que somente uma mínima parcela deles dá origem a frutos. Mas em uma perspectiva complexa, a abundância de frutos faz sentido, pois esses servem de alimentos para centenas de animais, que por sua vez se encarregam de espalhar as sementes das árvores pela floresta, perpetuando as espécies vegetais.

REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia.São Paulo, Mestre Jou, 1970
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1987.
SCHILLING, Voltaire. Nova York, Capital do Mundo, 2004. História por Voltaire Schilling. Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_mundo.htm. Acesso em: 30.05.04.
TEMPO e espaço. Rio de Janeiro: Abril, 1993
WHITROW, G. J. O tempo na história: concepções do tempo da pré-história aos nossos dias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

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segunda-feira, dezembro 07, 2009

Psicopatas - entrevista com a autora do livro Mentes perigosas

Ótima entrevista com a autora de Mentes perigosas, ótimo livro que ainda não tive tempo de resenhar aqui:

Mona Kuhn


Pesquisando imagens do filósofo T. S. Kuhn para o post sobre paradigmas, eu me deparei com o trabalho da fotógrafa brasileira Mona Kuhn, que, segundo o que li, revolucionou o nu artístico. Muito bonito o trabalho dela. Elegante, lembra as estátuas gregas. Para ver mais, clique aqui (apenas se for adulto, ok?).

Paradigmas


Uma das expressões mais recorrentes no vocabulário de quem tenta falar difícil é paradigma. No entanto, são poucas as pessoas que conhecem o real significado dessa palavra.
O termo paradigma, no sentido definido pelo filósofo T.S. Kuhn, está intimamente relacionado à ciência e às revoluções científicas. Ele representa um guia, para análise e interpretação da natureza. Ou, como costumo dizer, é um óculo que ajuda o cientista a ver e compreender a natureza.
Vamos a um exemplo. Durante uma aula de ciências, o professor solta uma pedra e ela cai ao chão. O mestre, em seguida, explica aos alunos que o objeto despencou em decorrência da força da gravidade, que o puxou para baixo.
A explicação é baseada no paradigma newtoniano, segundo o qual matéria atrai matéria. Quanto maior o objeto, mais atração ele exerce. Como nosso planeta é muito maior que a pedra, ele a atrai, e não o contrário.
Assim, o paradigma estabelecido por Newton nos ajuda a observar e entender o fenômeno das coisas que caem.
A explicação pode parecer óbvia, mas não é. Os aristotélicos, anteriores a Newton, tinham uma maneira diferente de compreender o fenômeno. Para eles, a tendência das coisas é voltar ao seu estado natural. O estado natural dos objetos pesados é os locais baixos, assim como o estado natural das coisas leves são os locais altos. Assim, uma pedra cai pelo mesmo motivo pelo qual um balão sobe: ela está voltando ao seu estado natural.
Digamos, no entanto, que, ao invés de cair, a pedra fique flutuando no ar. Professores e alunos certamente ficariam estarrecidos. Por quê? Porque a natureza estaria contrariando o paradigma. A pedra voadora seria uma anomalia, um fenômeno que não se encaixa na expectativa que temos com relação à natureza.
(Detalhe: um bebê não acharia nada de anormal no episódio, pois ele ainda não aprendeu o paradigma segundo o qual as coisas caem quando soltas)
A maioria dos cientistas tende a ignorar as anomalias. “Ei, crianças! Isso é apenas uma alucinação. Essa pedra não está flutuando”, diria o professor.
Mas alguns pesquisadores, jovens e aventureiros, decidem pesquisar a anomalia e descobrem que, para explicá-la, é necessário mudar a maneira como vemos o mundo. São as chamadas revoluções científicas.
A história é repleta de revoluções científicas: o Heliocentrismo de Galileu; a Teoria da Evolução, de Darwin; a Teoria da Relatividade, de Einstein e, mais recentemente, a Teoria do Caos.
Ao contrário do que se poderia pensar, ou do que nos fazem crer os livros de história, os cientistas revolucionários dificilmente são aclamados pela sociedade de seu tempo. Galileu quase morreu na fogueira. Darwin sofreu todo tipo de crítica. A Teoria do Caos chegou a ser acusada de charlatanismo.
A principal contribuição da noção das revoluções científicas parece ter sido acabar com o mito da ciência acumulativa, vista como um muro no qual cada cientista ia acrescentando seu tijolinho. Durante as revoluções científicas, gerações de novos pesquisadores entram em conflito com os cientistas “normais”. E o que definirá se um paradigma irá sobreviver não é a sua cientificidade, e sim sua capacidade de explicar o mundo. E, bem, há uma outra razão: a comunicação. Triunfam aquelas teorias cujos adeptos divulgam seu ponto de vista.

quinta-feira, dezembro 03, 2009


Quem atrapalha querendo ajudar

Recebi de uma amiga um e-mail de uma amiga falando sobre uma garotinha desaparecida. O título dizia: "Se fosse sua filha, você enviaria?". Ou seja, já desde o título puxava para o lado emocional, tentando convencer a pessoa a repassar o e-mail. Pois bem, resolvi investigar. Para isso, usei um artifício simples: mandei um e-mail para o suposto pai da garota, o e-mail que deveria ser usado caso alguém soubesse dela. O e-mail voltou: não existe.
Ou seja: milhares de pessoas no Brasil estão repassando um e-mail falso, com fotos de uma garoto cujos pais não devem ter autorizado a divulgação e nem param para pensar que estão fazendo algo ilegal.
Dica: antes de repassar um e-mail, confira. Só depois repasse. É simples e indolor. E você não corre o risco de repassar bobagens.

Revista Movie


Recebi um exemplar de cortesia da revista Movie, o mais novo empreendimento do grande André Forastiere, que já passou por publicações como a SET (nos seus melhores dias) e Herói.
A revista faz lembrar os bons tempos que era divertido ler revistas sobre cinema. Hoje, a maioria das notícias sobre o assunto você encontra na net, mas faltam análises, notícias sobre assuntos menos datados... ou seja, faltava uma Movie.
A revista é deliciosa e tem um tratamento gráfico exemplar.

Palestrante usa músicas pop-rock na palestra do Tríduo


A palestra de ontem no Tríduo Jurídico foi uma verdadeira surpresa. Quando todo mundo esperava uma palestra muito formal sobre a Constituição Federal, o palestrante Roberto Maia Filho, doutor e juiz, surpreendeu a todos fazendo uma apresentação toda baseada em músicas pop-rock. Fiz um resumo no blog do curso de Direito do CEAP. Para ler, clique aqui.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Somente 15% dos brasileiros com ensino fundamental são alfabetizados, diz Ibope

da Folha Online
Mais da metade dos brasileiros de 15 a 64 anos que cursaram até a 4ª série do ensino fundamental são, no máximo, alfabetizados num grau rudimentar. Esse grau corresponde à capacidade de identificar textos curtos como o de anúncios, manusear dinheiro e usar uma fita métrica. Pelo menos 10% deles são completamente analfabetos.
A conclusão é do Indicador de Alfabetismo Funcional, pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro (ONG ligada ao Ibope) e Ação Educativa, divulgada nesta quarta-feira.
A pesquisa mostra também que dentre os que têm escolaridade de 5ª a 8ª série, apenas 15% podem ser considerados totalmente alfabetizados, índice que aumenta para o máximo de 68% no nível superior. Ou seja, mais de um terço dos brasileiros que cursam ou cursaram um curso universitário não são totalmente alfabetizados. Segundo a pesquisa, o índice esperado é de 100% já no nível médio. Leia mais

10 pessoas que eu seguiria

Meu filho ainda era pequeno quando isso aconteceu. Estava aprendendo a andar e eu o levava quando íamos comprar pão. Certa vez passamos por um rapaz sentado no meio-fio. Ele estava lá parado, sentado, o olhar perdido no nada, como se até mesmo pensar fosse um esforço grande demais. Com os passos pequenos de meu filho, demoramos a chegar na panificadora, e demoramos a voltar, mas quando voltamos, lá estava o rapaz parado, estático, bobo. Era como se ele estivesse apenas observando a vida passar diante dele.A experiência me marcou. Percebi que existem pessoas e pessoas. Existem aquelas que simplesmente passam pela vida e deixam a vida ir embora, sem fazer qualquer diferença. Por outro lado, existem aquelas que se destacam tanto que mudam o mundo, o nosso jeito de pensar, a nossa percepção das coisas. São os grandes, os gigantes, cujos passos deveriam ser seguidos. Eis a minha lista:

Monteiro Lobato
Ao pensar em alguém que fez a diferença em minha vida e na de muitas outras pessoas, o primeiro nome que me vem à mente é Monteiro Lobato. Lobato é muito mais do que um escritor de literatura infantil, embora ele tenha produzido uma obra genial nessa área. Lobato foi um visionário, alguém muito avançado para sua época. Mesmo sua abordagem da literatura infantil tinha muito de afronta aos pré-conceitos, afinal, na época essa era considerada uma área menor da literatura. Lobato me ensinou o valor da clareza, da importância de compreensão por parte do leitor. Ele escrevia sobre os temas mais difíceis e sempre de maneira agradável. Tenho visto tanta gente que acha que escrever é enrolar o leitor numa teia de dificuldades e palavras difíceis (muitas vezes usadas equivocadamente), e sempre penso: esse pessoal não leu Lobato. E Lobato era de uma sinceridade provocante, embora também fosse muito gentil (quando Mário de Andrade escreveu um texto matando-o, Lobato declarou: "Mário é grande, ele tem o direito de nos matar"). Uma de suas frases prediletas virou meu lema: "Isto acima de tudo: sê fiel a ti mesmo".

Alan Moore
Não há quem leia uma obra de Alan Moore e não passe a ver os quadrinhos de forma diferente. Moore revolucionou a maneira como as pessoas viam os roteiristas. Antes, as grandes estrelas eram os desenhistas, disputados a tapas pelas editoras. Parecia que os leitores só compravam as revistas por causa dos desenhos. Alan Moore produziu obras tão fantásticas que a simples menção de seu nome na capa de uma revista já é indício de boas vendas. Sua genialidade é tal que é muito difícil definir qual é a sua melhor obra. Miracleman, Monstro do Pântano, Watchmen, V de Vingança, Do Inferno, todos esses são obras-primas. E são como cebolas, que descascamos e descobrimos novos sabores, novas interpretações a cada leitura. A melhor obra é aquela que nos surpreende a cada leitura. Eu poderia passar o resto da minha vida lendo e relendo os trabalhos de Alan Moore e uma leitura jamais seria igual à outra.


Gandhi
A ética inabalável, o desprendimento pelo fruto de suas ações e a generosidade mesmo para com os inimigos são exemplos que deveriam ser seguidos por qualquer homem público. Infelizmente, os exemplos são poucos e, por isso mesmo, louváveis. Gandhi é um deles. A todos esses atributos, ele juntou mais outro: a inteligência e a estratégia. Até o início do século XX, os ingleses eram vistos como homens nobres e civilizados, que estariam tirando suas colônias da barbárie. A forma violenta como os ingleses reprimiram as pacíficas manifestações de Gandhi mostraram ao mundo uma situação invertida: o honrado britânico na verdade era um bárbaro, enquanto o pequenino hindu se comportava como um gentleman. Inteligência, acima da violência, essa foi a grande lição de Gandhi.


Hipátia

Entre 370 e 415 viveu em Alexandria uma filósofa chamada Hipátia. Filha do sábio Theon, ela foi criada para ser um exemplo do ideal helênico de mente sã, corpo são. Hipátia dominava a matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia, as artes e a retórica. Dizem que andava pelas ruas ensinando Aristóteles, Platão e Sócrates a quem quisesse ouvir. O fato de ser mulher e o fato de estar esclarecendo o povo incomodou os cristãos fanáticos, que a pegaram na rua, tiraram suas vestes, deixando-a nua, e a levaram para uma igreja, onde ela foi retalhada com conchas até a morte. Depois seu corpo e suas obras foram queimadas. Mesmo sabendo que era perigoso, Hipátia foi fiel a si mesma até o último momento.


Chaplin
A minha ligação com Chaplin é mais que estética. É espiritual. Alguém que tinha as mesmas crenças que eu e o mesmo tipo de inimigo. E Chaplin ensinou ao mundo que havia poesia até mesmo nos momentos mais tristes... Indico um filme menos conhecido, mas genial, que demonstra bem o tipo de história que Chaplin contava: Luzes da ribalta, sobre um palhaço que salva uma bailarina do suicídio.





Lao Tse
Foi o criador do taoísmo e de uma filosofia que valorizava a mudança, muito antes de Pitágoras. Para entender sua importância, é importante lembrar que, para muitos filósofos, existia uma essência imutável e a mudança era apenas aparente. Ao valorizar a mudança, o taoísmo nos dá uma dica sobre como lidar com o mundo e com a nossa própria vida. Também foi uma antecipação do anarquismo, ao dizer que o melhor governo é o que menos governa. DuchampO homem que revolucionou a arte, invertendo a lógica. Antes dele, o artista era visto quase como um artesão, alguém que tinha uma habilidade manual e a usava para criar coisas belas. Duchamp mostrou que artista é o autor da ideia. Fazer arte é idealizar, é pensar sobre o mundo e até sobre a arte. A mudança de foco trazida por ele permite, por exemplo, que Alan Moore, um roteirista de quadrinhos, seja considerado um grande artista.


Danton
De onde acham que tirei meu nome? Em 1989, comemorava-se os 200 anos da revolução francesa e as bancas foram inundadas de publicações sobre o assunto. Comprei tudo que pude. E fiquei fascinado com a figura de Danton, o único dos revolucionários que se levantou contra o terror revolucionário, mesmo sabendo que isso lhe custaria a cabeça. Como dizia Lobato: seja fiel a ti mesmo. Até o fim. Gian Lorenzo BerniniAntigamente eu assinava Jean Danton. Mas parecia estranho. Não era um bom nome. Então, um dia, folheando um livro na biblioteca, acabei me deparando com um texto sobre Bernini. Fascinante. Ele representou para o barroco o que Leonardo da Vinci representou para a renascença. Era arquiteto, escultor, pintor, cenógrafo. Suas imagens tinham a perfeição dos renascentistas, mas eram mais emocionais, o que era destacado pelo uso da luz. Gostei muito, tanto que peguei dele o nome.

O estudante chinês que parou um tanque
Ninguém sabe seu nome, mas ele fez história. Ficou na frente de um tanque que vinha para reprimir os estudantes em protesto na Praça da Paz Celestial, em Pequim. O motorista tinha permissão de atropelá-lo, mas não o fez, comovido com aquele gesto que muito me lembra Gandhi. Eu vi essa cena quando lia sobre Danton e a revolução francesa. A cena marcou minha adolescência. Se eu morasse na China, estaria ali. E também seria provavelmente morto quando o governo chinês resolveu usar a violência para acabar com o protesto que pedia liberdade e lutava contra a corrupção. Um gesto para ser seguido por todos aqueles que não compactuam com os canalhas e ditadores. Todos aqueles que são fiéis a si mesmos.

O rei e a verdade

Certa vez o Rei acordou tão ocupado com seus sonhos de onipotência que se esqueceu de vestir roupa. Foi assim mesmo, nu, para a reunião com os ministros. Quando chegou, os ministros se entreolharam, mas ninguém teve coragem de dizer nada.
- E então, como estão os preparativos para minha caminhada triunfal por entre o povo? – perguntou o Rei.
Nisso um ministro se levantou:
- Vossa Majestade me desculpe, mas o Vossa Excelência não pode comparecer assim, sem roupas, entre o povo. Todos irão rir!
O Rei, sem se dignar a olhar para baixo, ficou furioso com o ministro:
- Como assim, estou sem roupa? Estou com a minha melhor roupa, trazida para mim do além-mar.
- Mas majestade, o senhor está sem roupa... – tentou argumentar o ministro, mas foi cortado pelo rei, que perguntava para os outros ministros:
- Por acaso estou sem roupa?
- Claro que não, majestade. – respondeu um ministro.
- Linda roupa, majestade. – disse outro.
- Nunca vi roupa tão esplêndida em toda a minha vida. – garantiu outro.
O Rei, com um sorriso no rosto se virou para o ministro atônito:
- Está vendo? Se estou dizendo que estou vestido é porque estou vestido. E não admito que me contradigam. Considero isso uma ofensa! Exijo que se retrate imediatamente, ou corto sua cabeça.
Dizendo isso, o Rei chamou dois guardas, que se postaram ao lado do ministro, prontos para usar suas afiadas cimitarras. O pobre homem, sem opção, ficou de joelhos e, de cabeça baixa, negou tudo que dissera antes.
O Rei, aproveitando que ele já estava numa posição conveniente, ordenou que um dos guardas lhe cortasse a cabeça.

MORAL DA HISTÓRIA: Dizer a verdade não garante a cabeça de ninguém quando se está lidando com o Rei.