terça-feira, maio 31, 2022

Homem-Aranha – Nas garras do Lagarto

 


O Lagarto é um vilão surgido nas primeiras histórias do aracnídeo, ainda na fase Steve Ditko. Um personagem que ficou no limbo por muito tempo, até ressurgir em The Amazing Spiderman 44.

Na história, Peter Parker deixa sua tia na estação de trem, onde ela irá seguir numa viagem de descanso recomendado pelo médico. Mas na mesma estação está o Dr. Connors, que espera a esposa. Mas a espera é interrompida por sua transformação no Lagarto. Claro que caberá ao cabeça de teia impedir que o vilão realize seu plano de extermínio da humanidade.

A arte de John Romita já se destacava... 


Alguém já disse que a maioria dos vilões do aranha não existiria se consultasse com um psicólogo. De fato, o Lagarto é oposto do Dr. Connors, enquanto aquele é compassivo e tem como objetivo ajudar a humanidade, o Lagarto é um ser sem compaixão que acha inclusive que deve se vingar do seu alter-ego. Seria um caso de dupla identidade? Alguém já explorou essa possibilidade?

Algo que salta aos olhos nessa trama, que se estendeu até o número seguinte, é a arte impressionante de John Romita. Nessa época ele ainda imitava Steve Ditko (Romita achava que inevitavelmente Ditko voltaria ao título – o que não aconteceu) e limitava sua arte a uma diagramação apertada, muitas vezes com nove quadros por página. Mas mesmo assim já era possível  ver ali a arte refinada de um dos melhores desenhistas dos quadrinhos americanos de todos os tempos.

... embora nessa fase ele ainda imitasse Steve Ditko. 


Ditko poderia ser um grande narrador gráfico, mas Romita era um mestre do desenho – e isso pode ser visto na sequencia inicial, da estação de trem. A primeira página mostra de um lado Parker e a Tia May indo na direção do trem e, do outro, o doutor olhando para a mão semi-transformada, sendo assombrado pela imagem do lagarto. Aqui romita dá um show e mostra o grande fisionomista que era, além de mestre da composição.

E a dupla parecia afinada. Se romita fazia quadros impressionantes, Stan Lee conseguia criar sequencias interessantes de heroísmo e, ao mesmo tempo, de interação entre os jovens – embora ele pudesse ser mais econômico nos diálogos, dando mais espaço para a arte.

Os diálogos eram afinados, embora excessivos. 


Stan Lee nitidamente estava se divertindo. Na segunda parte da história, publicada no número 45 a revista, ele deixa os balões de um quadro em branco e acrescenta o texto: “Mais uma medida inédita da Marvel. Sabendo quão talentosos são nossos leitores, vamos deixar esse quadrinho com balões em branco para você escrever o diálogo de despedida se quiser. Também escolha a trilha sonora para tocar de fundo”.

A relação com romita deveria ser um alívio depois de todos os atritos com Steve Ditko.

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