segunda-feira, fevereiro 13, 2023

Kinhin: meditar andando



Quem nunca praticou zazen acha muito estranho quando ouve falar do Kinhin. Como assim? Meditar andando? Parece estranho, não parece? Afinal, a maioria das pessoas, quando pensa em meditação, pensa em alguém sentado, em descanso. Como acalmar a mente com o corpo em movimento?

Para começar, o Kinhin se encaixa perfeitamente na proposta budista de atenção plena, estar presente, estar centrado no aqui e agora. Isso pode ser feito em qualquer momento, em qualquer situação: quando a pessoa está tomando chá, comendo, e até mesmo andando.

Há um outro aspecto interessante nesse tipo de meditação: normalmente associamos movimento a pressa. Andando, queremos ir mais rápido possível, no carro, queremos acelerar o máximo possível. O Kinhin nos obriga a desacelerar.

O desafio, nesse tipo de meditação, é andar lentamente, no ritmo da respiração, cada respiração correspondendo a um passo e cada passo correspondendo a uma respiração. É necessária total atenção aos passos para cadenciá-los com o ato de respirar.

O andar também é diferente. No Kinhin não damos passos largos, apressados. Cada movimento corresponde a meio passo, começando sempre pelo pé direito. Os presentes andam um atrás do outro, em sentido horário. O grupo ainda acrescenta mais um elemento de atenção: é necessária total cuidado para não atropelar a pessoa da frente. No final, o grupo entra em harmonia, todos andando no mesmo ritmo.

Não por acaso, muitas pessoas relatam que a segunda parte do zazen, após o Kinhin, é muito mais produtiva: a mente está mais concentrada no momento presente e também mais leve.

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