sexta-feira, junho 23, 2023

Perry Rhodan – Perigo no planeta gelado

 


O volume 30 da série Perry Rhodan acontece em pleno embate entre terranos e saltadores. Na história, anterior, Tifflor e outros quatro cadetes caem num planeta gelado e têm sua nave totalmente destruída durante uma batalha entre os dois lados.

Acontece que os saltadores acreditam que Tiff detém informações sobre o planeta da vida eterna –o que faz com que os saltadores empreendam uma verdadeira caçada aos cadetes terranos. Esse jogo interessa a Perry Rhodan, pois faz parte de seu plano para descobrir qual a estratégia do inimigo, então, ao invés de resgatar os náufragos estelares, ele mande Gucky como apoio para o grupo.

Não só a capa alemã era diferente. O título também era outro: Tifflor, o partisano. 

O volume, portanto, gira todo em torno das tentativas dos saltadores de descobrirem o paradeiro do grupo e as estratégias de Tiff e de Gucky para impedi-lo.


O volume é escrito por Kurt Mahr, cuja narrativa, embora seja competente, não empolga. Além de não ter grandes atrativos estilísticos, Mahr tem um sério problema com descrições. Uma descrição num livro desse tipo, de ficção científica, tem o objetivo de ser o mais clara possível, como forma de fazer com que o leitor imagine aqueles cenários e equipamentos desconhecidos. As descrições de Mahr, inclusive de ações, não são claras, parecem sempre esconder algo do leitor, como se vê no trecho: “Etzatak sentiu de repente que alguma coisa estranha e inexplicável parecia agarrá-lo. Quis gritar, e realmente o fez. Mas quando soltou o grito, já não se encontrava na sala de comando. Não percebera o menor movimento. Parecia que alguém afastara uma cortina que se encontrava bem diante de seu rosto”.

A metáfora da cortina só confunde o leitor, dificultando entender que o saltador fora puxado telecineticamente por Gucky para fora da sala de comando.

Aliás, na mesma sequência, temos outro trecho desnecessário, que acaba sendo um problema narrativo. Mahr diz que “Nenhuma das pessoas que se encontrava na sala de comando quebrou a cabeça sobre o desaparecimento do velho”. Até aí, tudo bem. O trecho explica que todos estavam tão atarefados que não perceberam o desaparecimento do comandante da nave. O problema vem a seguir: “Gucky não sabia nada disso. Apenas fazia votos que fosse assim”. Por que razão Gucky não sabia? Afinal ele não era um telepata?

O volume tem um trecho curioso. À certa altura Crest censura Rhodan por colocar a vida de Tiff e dos outros cadetes em perigo.

O texto diz que Rhodan sorriu e compreendeu que Crest fazia parte de uma cultura que passara de seu ponto culminante: “Uma das características fundamentais das concepções arcônidas, que prevaleciam depois do Grande Império ter alcançado o apogeu do seu poderio e estagnado neste ponto de sua evolução, era a opinião de que a vida do indivíduo tem um valor tão elevado que, em hipótese alguma, deve ser sacrificada em benefício da coletividade, mesmo que esta se encontre numa emergência”.

O texto mostra esse ponto de vista com censura e algo exclusivo de uma sociedade firmemente estruturada, que poderia se dar ao luxo de adotar esse princípio.

Fico curioso em pensar o que autores mais humanistas, como William Voltz, pensariam disso.

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