Uma das características do roteirista Giancarlo
Berardi (criador tanto de ken Parker quanto da criminóloga Júlia) é a sutileza
com que ele consegue colocar informações em suas histórias de maneira
absolutamente natural.
Exemplo disso é a história “A carpa e o dragão”
publicado no volume J. Kendall – as aventuras de uma criminóloga especial, da
editora Mythos.
A HQ se passa no passado da personagem, quando
ela ainda era uma estudante e acompanha o professor à cena de um crime, um
massacre realizado pela gangue Yakusa. À certa altura o professor dá uma bronca
na aluna, advertindo-a que ela não conhece nada sobre o Japão. Isso a leva ao
bairro japonês de Garden City e uma verdadeira aula sobre o oriente. Em sua
pesquisa, Júlia entra em uma loja de livros e gravuras e acaba fazendo amizade
com o jovem e elegante dono (pelo qual ela irá eventualmente se apaixonar).
Mestre absoluto do diálogo, Berardi (aqui com a
ajuda de Lorenzo Calza) recheia de informações a conversa entre os dois sem
parecer didático. Uma das técnicas, por exemplo, é a questão do presente histórico,
em que eles falam dos autores das gravuras no presente, como se estivessem
vivos, o que acaba se tornando uma anedota.
Por outro lado, um sonho de Júlia é usado para referir à famosa xilografia A onda, de Katsushiko Hokusai e, ao mesmo tempo, revelar os sentimentos da protagonista pelo dono da loja.
Por outro lado, um sonho de Júlia é usado para referir à famosa xilografia A onda, de Katsushiko Hokusai e, ao mesmo tempo, revelar os sentimentos da protagonista pelo dono da loja.
O roteiro ainda acerta ao mostrar as reuniões
da Yakusa acontecendo num açougue, com os porcos dependurados refletindo os cadáveres
da luta entre facções. Aliás, esse uso inteligente do cenário é usado, por
exemplo, no momento em que o dono da loja conversa com Júlia e vemos em
primeiro plano uma e um dragão, com os dois personagens no meio, revelando o
conflito entre a paixão dos dois e a tradição.
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