sábado, outubro 18, 2025
Ágora, a história de Hipátia
Livro A árvore das ideias marca 35 anos de carreira de Gian Danton
Em 2024 o roteirista de quadrinhos Gian Danton completa 35 anos na área de quadrinhos. Para marcar a data, a editora Marca de Fantasia lança o livro e-book A árvore das ideais – memórias de um roteirista de quadrinhos.
O livro é uma junção de textos e quadrinhos autobiográficos e narra a trajetória do roteirista desde a infância até o momento atual, passando por sua parceria com Bené Nascimento, a criação do grupo Ponto de Fuga e até mesmo a produção literária. Também a atuação na área acadêmica é focada na obra, assim como a descoberta do diagnóstico de autismo.
A obra traz, na parte visual, a colaboração de três dos principais parceiros de Gian Danton: Bené Nascimento (Joe Bennett) fez a ilustração da capa; Antonio Eder desenhou duas HQs e JJ Marreiro desenhou uma HQ e fez o design da capa. Edgar Franco, orientador de doutorado de Gian, assina o prefácio.
Entre as várias histórias contadas no livro estão os bastidores cômicos da criação da revista Manticore, o falso Gian Danton e o psicopata que fez com que o roteirista começasse a pesquisar sobre serial killers.
O livro tem 184 páginas e pode ser baixado gratuitamente no link https://www.marcadefantasia.com/livros/quiosque/a_arvore_das_ideias/a_arvore_das_ideias.htm.
Perry Rhodan 66 – Os escravos cósmicos
Nos números anteriores o leitor havia acompanhado como uma tentativa de assassinar Rhodan havia fracassado e como os integrantes dos dois grupos envolvidos tinham sido enviados para outro planeta e como uma revolta tinha feito com que a astronave caísse no planeta desconhecido apelidado de Fera Cinzenta. Duas facções haviam se estabelecido em torno de dois líderes: o despótico Hollander e o democrata Mullon. Uma vez neutralizada a ameaça de Hollander, surge uma nova ameaça: o planeta é invadido por alienígenas dispostos a transformar os colonos em escravos, fazendo com que eles plantem cereais em centenas de milhares de quilômetros.
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A capa original alemã. |
Os invasores são chamados de peepsies e descritos dessa forma por Kurt Mahr, autor do volume: “Tinham pelo menos dois metros de comprimento e eram tão magros que não se compreendia como não quebravam ao meio quando andavam eretos. Não tinham cabelos na cabeça e a caixa craniana brilhava como se tivesse sido coberta de açúcar de confeiteiro. Os olhos pareciam muito grandes. O nariz era ossudo e abria-se de forma grotesca na metade inferior”.
O livro gira todo em torno de uma situação de suspense: os terranos conseguirão se livrar do jugo dos peepsies sem que seja necessário o auxílio dos homens de Rhodan (uma nave terra foi enviada ao local para monitorar a colônia, mas só intervir em último caso)?
Mahr, que à essa altura já tinha se tornado um autor competente, consegue estabelecer uma narrativa interessante e verossímil, em que os métodos de resistência criado pelos humanos parecem óbvios e fazem todo o sentido considerando-se as fraquezas dos peepsies.
Processos midiáticos e novos tipos de interação
O interesse no estudo do processo de comunicação surge justamente no período em que, na maior parte do mundo, os meios de comunicação de massa afloraram. As análises passaram de uma visão autoritária, da mídia como toda poderosa, às propostas de meios interativos. Hoje, a linha de pesquisa em processos midiáticos abre a porta para possibilidade de ver todos os meios como interativos, inclusive aqueles que são vistos como de sentido único.
Direto da estante - coleção graphic novel
No começo, a coleção se limitou a publicar histórias com super-heróis. Mas com o tempo começou a publicar material autoral norte-americano e até europeu. No geral, o nível era altíssimo. A coleção durou 29 números, terminando em julho de 1992.
O sucesso da coleção fez com que surgissem outras nesse mesmo formato, como a Graphic Marvel, da própria Abril, a Graphic Sampa, da Nova Sampa e a Graphic Glob, da editora Globo.
Clarabela e o jornalismo
A primeira lição que eu tive sobre o jornalismo aconteceu muito antes de entrar na faculdade.
Eu era ainda uma criança quando li, numa revista Disney, uma história em que Clarabela era contratada como repórter. A situação era meio surreal, pois ela não era formada em jornalismo, não tinha experiência e nem mesmo pauta. O editor simplesmente mandou que ela fosse a campo em busca de notícias.
A primeira matéria dela foi sobre coisas que aconteciam com ela: o que ela havia feito durante o dia, etc. Era até informação, mas que só interessava a ela e aos amigos. Quando o editor vê o texto, fica desesperado: "Não, a notícia não pode ser sobre você!".
E lá foi a Clarabela em busca de outra notícia...
Nisso ela passa na frente do banco e acaba sendo tomada como refém.
Apesar do assalto ter sido algo que atiçara a curiosidade de todos, Clarabela não escreve a notícia, pois o fato havia acontecido com ela e o editor havia dito que ela não era notícia.
O leitor, esperto, descobria que ambos, editor e repórter eram verdadeiras antas e que notícia é informação, mas um tipo específico de informação: a que tem interesse público. O cotidiano de Clarabela não tem interesse público, mas o assalto ao banco tem.
Jornalismo trabalha com informação de interesse público. Simples, não?
Demolidor – Trilhas de papel
Durante sua passagem pelo Demolidor, Frank Miller conseguia equilibrar perfeitamente ação desenfreada, trama policial, trama política e humor. Bom exemplo disso é a história trilhas de papel publicada em Daredevil 178.
Na história, um vereador, Randolph Cherryh, tem a sua campanha financiada pelo Rei do crime, que pretende usar o expediente para chegar ao poder político.
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As sequências com Luke Cage e Punhos de Ferro são humorísticas desde o início. |
O Clarin Diário denunciou o esquema e contratou o escritório de Nelson & Murdock para denfendê-lo, o que coloca o Demolidor diretamente no centro dos acontecimentos. Um rapaz tem uma cópia de um cheque que comprovaria a ligação entre o candidato e o mafioso e todos estão atrás dele, incluindo Tucão e Mongol e o Demolidor.
Acontece que, temendo pelo sócio, Nelson Foggy contrata Punho de Ferro e Luke Cage para protegerem Matt Murdock.
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O Demolidor faz os outros dois heróis de bobos. |
Eu lembro quando li essa história pela primeira vez, o quanto ri das situações criadas por Miller com os dois heróis sendo enganados por Matt Murdock para que ele possa se disfarçar de Demolidor e encontrar o garoto com o cheque. Na época, era algo totalmente inédito mostrar heróis em situações ridículas e é exatamente o que acontece aqui.
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Ação: Elektra é testada pelos capangas do Rei. |
Em uma narrativa paralela mais séria, Elektra é contratada pelo Rei do crime como sua assassina particular – e isso é feito em várias sequências de ação, incluindo uma surra em capangas do mafioso em um teste de suas habilidades.
A arte espacial de Jim Burns
O britânico Jim Burns é um dos mais aclamados artistas de ficção científica e fantasia.
Ele começou sua carreira como piloto da RAF, mas vendo que ser piloto não era seu futuro resolveu investir no ramo da arte. Ele cursou a St. Martin's School of Art, em Londres e foi quando estava nessa escola que ele consegiu seu primeiro trabalho em, 1972.
Burns logo se tornou um requisitado capista de livros de ficção científica e fantasia, o que lhe rendeu 3 Hugos e 14 prêmios BSFA.
Ele também trabalhou em filmes célebres, como o primeiro Blade Runner.
Atualmente ele se afastou do mundo editorial e tem se dedicado a produzir quadros sob encomenda.
sexta-feira, outubro 17, 2025
Uma noite em 67
Em 1967 a TV Record exibiu o 3º Festival da Música Popular Brasileira. Poderia ser apenas mais um festival de música, mas se tornou um marco na carreira dos artistas e uma quebra de paradigmas.
Foi essa edição revolucionária do festival que Renato Terra e Ricardo Calil transfomaram no documentário Uma noite em 67.
Com imagens da época e depoimentos de pessoas envolvidas – do diretor da TV Record a artistas como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, o documentário busca recriar o clima do festival, colocando o expectador no centro dos acontecimentos.
Foi em 1967, no festival, que surgiu a Tropicália, mais especificamente com Domingo no Parque, de Gilberto Gil e Os mutantes e Alegria, alegria, de Caetano Veloso. Era um movimento tão inovador e irreverente que faria com que Chico Buarque, com apenas 23 anos, parecesse um conservador ultrapassado.
O documentário perspassa acontecimentos externos ao festival, como a passeata contra a guitarra, mas que tiveram um impacto direto no evento.
Talvez o momento mais interessante sejam as apresentações de Caetano e de Gil, inicialmente muito vaiadas pela plateia, e a forma como, com seu talento, eles foram conquistando o público até o final apoteótico em que foram aplaudidos de pé. É uma rica demonstração de como a arte pode vencer o preconceito. Também vale muito a pena ver as entrevistas de bastidores em que, por exemplo Gilberto Gil defende a inclusão do pop na arte, chegando a citar as histórias em quadrinhos.
No final, grande ganhadora do festival foi Ponteio, de Edu Lobo, uma música, hoje em dia considerada conservadora. Gil ficou em segundo e Chico em terceiro, com Roda Viva. Apesar de não terem ganhado o festival, Gil e Caetano escreveram seu nome na música popular brasileira e mudaram os rumos dessa mesma música.
Uma noite em 1967 é um daqueles documentários obrigatórios para quem gosta de boa música. Está disponível na Netflix.
Legião Alien – um dia para morrer
A Legião Alien era uma das séries preferidas pelos leitores da saudosa revista Epic Marvel. A ideia de uma legião de soldados das mais variadas raças realizando missões impossíveis no espaço dividia espaço com ótima caracterizações de personagens, roteiro bem amarrado e desenhos e diagramação inovadores. Todas essas qualidades podem ser observadas na história Um dia para morrer, publicada no número 15 da coleção Graphic Novel, da Abril.
A história começa com um instrutor contando a recrutas sobre a glórias da Legião e seu mais famoso representante, o Capitão Vektor, que, encurralado por milhares de inimigos, enfrentou-os bravamente com apenas quatro homens. Dele restou apenas o braço mecânico, mantido como relíquia no museu da Legião.
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A história começa com um instrutor falando sobre as glórias da Legião. |
Em seguida, a narrativa pula para o Capitão Sarigar, que recebe a missão de assassinar o líder dos tecnóides (um grupo de pessoas que abdica de seus corpos de carne para se tornarem androides), intalar o caos na capital tecnóide e colocar no lugar um governo favorável à Galarquia.
E o grupo que executará essa missão não poderia ser mais disfuncional: um só pensa em lucros, o outro está amargurado por ter sido abandonado pela noiva, o outro entra numa crise de consciência por ter de organizar um assassinato a sangue frio. Cada um deles muito bem representado tanto visualmente, com seus corpos alienígenas, quando psicologicamente.
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O grupo de voluntários é muito diverso. |
E a trama é muito bem bolada, com um enredo que ecoa diretamente a famosa frase do filme O homem que matou o fascínora: “Quando a lenda é mais fascinante que a realidade, publique-se a lenda”.
Os judeus nos filmes nazistas
Juba & Lula – Operação Super-homem
Na década de 1980 o seriado Armação Ilimitada se tornou o grande azarão da TV. A ideia tinha sido de dois atores surfistas, Kadu Moliterno e André De Biase ao qual se juntou Andréa Beltrão. Os roteiros eram non-sense e a direção de Guell Arraes garantia uma boa dose de metalinguagem e humor.
Essa mistureba fez tanto sucesso que levou a editora Nova Fronteira a lançar uma versão em quadrinhos dos personagens Juba e Lula. Para desenhar escolheram o argentino Héctor Gomes Alísio e para o roteiro o desconhecido Régis Rocha Moreira.
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O roteirista exagerava nos textos, fazendo com que o desenho ficasse apertado entre os balões. |
A história Operação Super-homem mostra a dupla lutando contra um nazista que pretende criar um super-homem. E qual seria o objetivo de um nazista ao criar uma pessoa extremamente forte? Montar um exército e reviver o III Reich? Não, transformar o soro numa droga e vender nas ruas. Era para ser non-sense, mas é simplesmente algo que não faz sentido, assim como quase tudo nessa história.
Logo no início, os protagonistas estão chegando na praia quando quase batem em um carro que está saindo do estacionamento. Algo relacionado à trama? Não. Apenas uma desculpa para eles conhecerem duas garotas... que aparecem apenas em um quadrinho! A situação, que parece ser apenas uma piada solta, sequer é desenvolvida. Aliás, por esse único quadro fica evidente que Héctor é um excelente desenhista de mulheres. Mas o roteirista simplesmente não aproveita isso: 90% das cenas tem apenas homens.
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A história cria toda uma situação para uma paquera que só dura um quadro. |
Junte a isso piadas que não funcionam, diálogos expositivos (os famosos bifes) enormes e um final abrupto, que parece indicar que o roteirista só pensou no final da história na última página.
Fundo do baú - Speed Racer
Bran Mak Morn - O último rei dos pictos
Hoje em dia pode não parecer, mas o gênero espada e magia teve sua origem na junção, feita por Robert e Howard, das histórias de capa e espada e fantasia com as histórias de terror.
Essa herança do terror pode ser apenas percebida nas
histórias de Conan, mas aparece quase como elemento principal nas histórias de Bran
Mak Morn, como nos mostra a coletânea lançada pela pipoca e nanquim em 2021.
O volume, de 364 páginas, reúne todas as histórias de
Robert E. Howard com os pictos publicadas em revistas pulps, além de textos
inéditos ou inacabados, como uma peça de teatro e poemas.
Howard trocava cartas com Lovecraft e, em uma delas, admite que tinha um verdadeiro fascínio pelos pictos: “Para mim, ‘picto’ sempre vai se referir aos pequenos e escuros aborígenes da Britânia vindos do mediterrâneo”.
A primeira vez que eles aparecem em uma história publicada é no conto A raça perdida, impresso na revista Weird Tales, de janeiro de 1927. Na história, um bretão chamado Cororuc salva um urso do ataque de uma pantera. Pouco depois, é preso por pequenos homens que o levam para uma cidade debaixo da terra e o condenam à morte. Howard depois iria mudar sua versão a respeito dos pictos, mas reaproveitaria o conceito de homens vivendo no subterrâneo em Vermes da Terra.
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Lovecraft foi a grande influência para a criação do gênero espada e magia. |
A primeira aparição de Bran vai acontecer em Weird Tales de novembro de 1930. Na história, o rei dos pictos está se preparando para enfrentar os romanos, criando para eles uma armadilha, mas para o plano funcionar, precisa da ajuda dos nórdicos, mas estes pensam em passar para o lado dos romanos depois que seu rei foi morto em batalha. Só seguirão Bran se este conseguir um rei que eles respeitem e que os lidere em batalha. O feiticeiro Gonar, faz surgir das trevas o rei Kull e descobrimos que Bran Mak Mor é descendente do lanceiro Brule, melhor amigo do rei de Valúsia.
Além de dar uma linhagem mítica para Bran Mak Mor, Howard
também muda a origem dos pictos: agora eles eram habitantes de uma nação no oceano
ocidental aliada da Valúsia.
O conto se destaca pelas descrições vívidas da batalha, uma
especialidade do escritor e pelo ótimo final.
A forte influência de Lovecrat e das histórias de terror
vai se revelar principalmente na história Filhos da noite, publicada em Weird
Tales em maio de 1931. Na história, um grupo de estudiosos de civilizações
antigas conversa e manipula objetos antigos quando um deles é atingido e volta
ao passado, encarnando em um habitante da Inglaterra na Idade Média cujo grupo
foi atacado por um povo reptiliano que vivia sob a terra e que tinham sido
expulsos da superfície pelos pictos. Ao acordar e ver seus companheiros mortos,
ele passa a perseguir os pequenos guerreiros, exterminando-os.
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O livro conta com ilustrações de Gary Gianni. |
Na primeira parte, em que os estudiosos conversam, a influência
de Lovecraft é declarada. Um dos pesquisadores, ao listar livros importantes de
terror coloca O Chamado de Cthulhu, de Lovecraft como um dos três melhores de
todos os tempos. Detalhe: naquela época essa história não tinha sido publicada
na forma de livro. Na época Lovrecraft era um desconhecido que publicava apenas
em revistas Pulp, o que mostra a fascinação que Howard tinha pelo seu mentor. A
história também é repleta de referências a personagens ou detalhes da obra de
Lovecraft, incluindo o fato de que um dos personagens tinha lido o Necronomicon
na versão grega.
O problema de Os filhos da noite é que esse é também o
texto em que Howard incorpora não só os elementos de terror de Lovecraft, mas
também seu racismo. O personagem principal, o narrador diz que é um ariano: “Minha
linhagem é nobre, apesar de hoje estar degradada e caindo em decadência por
conta da contínua miscigenação com raças conquistadas”.
Baseando-se em teorias totalmente equivocadas, Lovecraft
acreditava que a miscigenação levava à degeneração das raças, o que para ele
era o grande terror (hoje sabe-se que a miscigenação é uma grande vantagem
evolutiva). O protagonista inclusive tenta matar um outro pesquisador, que ele
acredita ser descendente do povo reptiliano e sobre até mesmo para chineses e
mongóis, mostrados por ele com descentes dos vilões da história.
A quarta história, O homem das trevas, trata de um celta renegado
pela própria tribo que tenta sua redenção salvando uma moça sequestrada por
vikings. No caminho ele encontra uma estátua de um Bran Mak Mor e a leva no
barco, de modo que a estátua acaba protegendo-o.
O homem das trevas mostra Howard no seu melhor momento, com
vívidas descrições de batalha e momentos inspirados, como em: “Aqueles que se
deleitava ao lado da fogueira do lado de fora continuavam a cantar, ignorando
as silenciosas espirais da morte acercando-os”.
Mas o melhor conto da obra, em que Howard consegue unir com
perfeição terror e fantasia, é Vermes da Terra, publicado em Weird Tales de
novembro de 1932.
Na história, Bran Mak Morn, depois de ver um picto sendo
crucificado pelos romanos, decide buscar a ajuda do povo reptiliano para vencer
o inimigo. Para conseguir entrar em contato com esses seres deformados que
vivem nas entranhas da terra, ele procura uma feiticeira. “Não era velha, mas a
sabedoria maligna das eras habitava seus olhos. Suas parcas vestes eram
esfarrapadas e suas madeixas emaranhadas e despenteadas, o que lhe emprestava
um aspecto de selvageria condizente com aquele ambiente soturno”, descreve
Howard, num texto que evoca diretamente as histórias de terror.
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Vermes da Terra foi adaptada para os quadrinhos por Roy Thomas, Tim Conrad e Barry Windsor-Smith. |
A feiticeira, em troca de uma noite de amor, aceita ajudar
o rei dos pictos e lhe indica onde se encontra a esfera que os vermes da terra
idolatram e que será o objeto de barganha para que eles levem até Bran o comandante
dos romanos.
A história é repleta de referências ao universo de
Lovecraft, incluindo o pântano de Dagon, onde a feiticeira vive e até os deuses
sinistros de R´lyeh.
Além disso, ao invés de centrar a narrativa em batalhas,
Howard foca toda ela no horror da jornada de Bran, incluindo sua descida ao
submundo e a um lago habitado por um monstro. Era uma história de terror mascarada
de história de capa de espada (inclusive com um final que evoca diretamente o
gênero terror), tanto que Lovecraft celebrou: “Poucos leitores, um dia
esquecerão o poder atraente e hediondo dessa obra-prima macabra, Vermes da
Terra”. Lovecraft estava certo. Mesmo que todo resto fosse ruim, só esse conto
já valeria todo o volume.
Em tempo: Vermes da terra foi adaptado para os quadrinhos por
Roy Thomas, Tim Conrad e Barry Windsor-Smith. No Brasil essa história foi
publicada nos números 27 e 28 de A espada selvagem de Conan.