segunda-feira, outubro 28, 2024
A magia da Pixar
As tentações de Santo Antão
Hieronymus Bosch é um dos artistas mais misteriosos e controversos de todos os tempos. Sabe-se muito pouco a respeito de sua vida. Sua obra, rica de interpretações, tem gerado os mais diversos debates.
Nascido provavelmente em 1450 nos Países Baixos, suas pinturas são carregadas de religiosidade e têm o objetivo de alertar as pessoas sobre os perigos do pecado.
A especialidade do artista era os tríptico, imagens dividas em três, com um centro e duas asas, que poderiam ser fechadas, e na tampa apresenta outra imagem.
Eu tive a oportunidade única de ver uma das obras do mestre no Museu de Arte de São Paulo – MASP. A pintura era um retábulo, um estudo para a parte central do tríplico As tentações de Santo Antão.
Santo Antão foi um homem santo que doou tudo que tinha para os pobres e foi para o deserto meditar. Lá foi tentado de todas as formas pelo demônio, tendo resistido bravamente, o que o transfomou em símbolo da resistência ao pecado e à vida mundana.
O retábulo impressiona pelos detalhes, fazendo com que passemos longo tempo visuando e tentando entender as imagens. Há um barco no formato de peixe, seres estranhos num objeto voador indistinguível, uma mulher grávida de uma cabeça, tudo isso em meio a uma paisagem que parece estar pegando fogo... a imaginação de Bosh para o bizarro e para o estranho não parecia ter limites. Não por acaso, surrealistas o consideravam um precursor.
Legião Alien – um dia para morrer
A Legião Alien era uma das séries preferidas pelos leitores da saudosa revista Epic Marvel. A ideia de uma legião de soldados das mais variadas raças realizando missões impossíveis no espaço dividia espaço com ótima caracterizações de personagens, roteiro bem amarrado e desenhos e diagramação inovadores. Todas essas qualidades podem ser observadas na história Um dia para morrer, publicada no número 15 da coleção Graphic Novel, da Abril.
A história começa com um instrutor contando a recrutas sobre a glórias da Legião e seu mais famoso representante, o Capitão Vektor, que, encurralado por milhares de inimigos, enfrentou-os bravamente com apenas quatro homens. Dele restou apenas o braço mecânico, mantido como relíquia no museu da Legião.
A história começa com um instrutor falando sobre as glórias da Legião. |
Em seguida, a narrativa pula para o Capitão Sarigar, que recebe a missão de assassinar o líder dos tecnóides (um grupo de pessoas que abdica de seus corpos de carne para se tornarem androides), intalar o caos na capital tecnóide e colocar no lugar um governo favorável à Galarquia.
E o grupo que executará essa missão não poderia ser mais disfuncional: um só pensa em lucros, o outro está amargurado por ter sido abandonado pela noiva, o outro entra numa crise de consciência por ter de organizar um assassinato a sangue frio. Cada um deles muito bem representado tanto visualmente, com seus corpos alienígenas, quando psicologicamente.
O grupo de voluntários é muito diverso. |
E a trama é muito bem bolada, com um enredo que ecoa diretamente a famosa frase do filme O homem que matou o fascínora: “Quando a lenda é mais fascinante que a realidade, publique-se a lenda”.
Livro A árvore das ideias marca 35 anos de carreira de Gian Danton
Em 2024 o roteirista de quadrinhos Gian Danton completa 35 anos na área de quadrinhos. Para marcar a data, a editora Marca de Fantasia lança o livro e-book A árvore das ideais – memórias de um roteirista de quadrinhos.
O livro é uma junção de textos e quadrinhos autobiográficos e narra a trajetória do roteirista desde a infância até o momento atual, passando por sua parceria com Bené Nascimento, a criação do grupo Ponto de Fuga e até mesmo a produção literária. Também a atuação na área acadêmica é focada na obra, assim como a descoberta do diagnóstico de autismo.
A obra traz, na parte visual, a colaboração de três dos principais parceiros de Gian Danton: Bené Nascimento (Joe Bennett) fez a ilustração da capa; Antonio Eder desenhou duas HQs e JJ Marreiro desenhou uma HQ e fez o design da capa. Edgar Franco, orientador de doutorado de Gian, assina o prefácio.
Entre as várias histórias contadas no livro estão os bastidores cômicos da criação da revista Manticore, o falso Gian Danton e o psicopata que fez com que o roteirista começasse a pesquisar sobre serial killers.
O livro tem 184 páginas e pode ser baixado gratuitamente no link https://www.marcadefantasia.com/livros/quiosque/a_arvore_das_ideias/a_arvore_das_ideias.htm.
Rodval Matias, o melhor desenhista erótico brasileiro
A crítica colonial ao Aspas Norte
O Aspas Norte surgiu quando ouvi, de uma
pessoa que tinha defendido TCC sobre quadrinhos na Unifap, que gostaria de
apresentar essa pesquisa no Aspas Nacional, mas não tinha condições.
De fato, Amapá é o estado mais isolado da
federação. Não há como sair daqui se não for por avião ou navio. E, além do
gasto com transporte, entra hospedagem, alimentação etc. Só para título de
comparação, este ano eu vou participar do evento do Aspas e cada trecho da
passagem custou 1.800 reais, sendo 3.600 reais ida e volta. No todo, com hotel,
alimentação, translado, não se gasta menos de 5 mil reais. Impensável para um
estudante de graduação. Ainda mais pelo fato de que, na grande maioria, nossos
estudantes da Unifap são pobres. Muitos nunca tiveram oportunidade sequer de ir
para Belém. Mesmo com relação ao material de pesquisa, o acesso é apenas ao que
está na Biblioteca da Unifap ou o material disponibilizado gratuitamente na
internet.
O Aspas Norte surgiu para suprir essa lacuna
e permitir que nossos estudantes, a maioria de graduação, tivessem uma
oportunidade apresentar suas pesquisas. E fazemos isso nadando contra a
corrente de dificuldades. Para se ter uma ideia, no curso de Jornalismo, só
temos 4 professores efetivos ativos. Isso se soma às dificuldades de estrutura,
como internet, salas etc.
Assim, me espantou muito saber que de uma crítica
de uma pessoa de São Paulo a respeito dos trabalhos apresentados no Aspas
Norte. Segundo essa pessoa, aqui se faz uma pesquisa ultrapassada, algo
expresso em frases como: “Eles ainda pesquisam Maus! Quem ainda estuda Maus?”.
Esse é um exemplo de crítica que não é crítica,
mas puro colonialismo.
A pessoa que mora em São Paulo, tem acesso a
tudo de mais recente que está sendo lançado, consegue participar de todos os
eventos ao preço de uma passagem de metrô, quer criticar um evento no estado
mais isolado da federação, tomando como parâmetro eventos de São Paulo e a realidade
da pesquisa em São Paulo. Além de
desprezar totalmente as condições regionais, a crítica parte do princípio de
que a região norte não pode trilhar seu próprio caminho, mas deve seguir o que
se faz em São Paulo.
Nessa visão colonial, a Amazônia é vista como
um local atrasado, selvagem, inculto, cuja solução seria ansiar um dia se
tornar uma grande metrópole nos mesmos moldes de São Paulo. A realidade da Amazônia,
a riqueza cultural da Amazônia, é totalmente desprezada e diminuída.
Toda essa visão colonial sobre a Amazônia foi
muito bem resumida na música Belém,Pará, Brasil, do grupo Mosaico de Ravena:
A culpa é da mentalidade
Criada sobre a região
Por que que tanta gente teme?
Norte não é com M
Nossos índios não comem ninguém
Agora é só hambúrguer
Por que ninguém nos leva a sério?
Só o nosso minério
Ah! Chega de malfeituras
Ah! Chega de triste rima
Devolvam a nossa cultura
Queremos o Norte lá em cima!
Por quê? Onde já se viu?
Isso é Belém!
Isso é Pará!
Isso é Brasil!
A música é de 1992. Infelimente, essa visão
colonial sobre a Amazônia mudou pouco de lá para cá, como pudemos observar
nessa crítica ao Aspas Norte.
Disco Ibiza Locomia
Praticamente desconhecido hoje em dia, o
grupo musical Locomia foi uma verdadeira febre no final dos anos 1980. Mas, por
trás do sucesso, havia uma história complexa e é essa história que o diretor Kike
Maíllo explora no filme Disco Ibiza Locomia, lançado recentemente pela Netflix.
Locomia surgiu no contexto cultural
efevercente da Ibiza dos anos 1980, mais especificamente da cena gay. Seu
criador foi o estilista Xavier Font. Os figurinos extravantes e a coreografia
com leques chamaram atenção da boate Ku depois que os mesmos a invadiram
pulando o muro. O grupo se tornou a principal atração da boate, tendo seu
grande momento no aniversário de Fred Mercury.
Eles viviam em um prédio que se tornou o
point da comunidade LGBT da ilha. O sucesso era regado com muito sexo e drogas.
Uma das cenas mais interessantes e cômicas é aquela em que os pais de um dos
rapazes resolvem visitar a casa. Eles acreditam que o filho trabalha como
cabeleireiro para a família real. O grupo precisa limpar o local no qual havia
acontecido uma orgia na noite anterior antes que o casal entre.
A reviravolta do filme acontece quando um
empresário do ramo musical se encanta com o visual e coreografia e resolve
transformar o grupo em... uma boy band! Surge daí a ironia: um grupo ícone do
movimento gay que não sabia cantar se tornou uma banda pela qual as meninas
eram apaixonadas a ponto de desmaiarem no palco (a única mulher do grupo é
expulsa graças à rejeição das fãs).
A narrativa é focada em uma audiência de conciliação
que envolve o empresário e os membros do grupo. A história vai sendo contada a
partir das falas de cada um durante a audiência, o que, por si só, já gera
interesse. O expectador quer saber, por exemplo, o que os levou àquela situação.
As cenas que mostram a história do grupo são tão frenéticas quanto as
apresentações do Locomia, mantendo o interesse durante os 104 minutos de exibição.
Algo a se destacar é a atuação de Jaime
Lorente, que encarna com perfeição do genial e afetado líder do grupo. Para
quem o conhece pelo machão de A casa de papel vai ser uma ótima surpresa.
Uma curiosidade é que, mesmo não fazendo
tanto sucesso no Brasil, o grupo teve influência na moda da época. Um item
obrigatório do visual das garotas no início dos anos 1990 eram os ombreiras,
mesmo em roupas despojadas, como camisas de algodão.
domingo, outubro 27, 2024
Esquadrão Atari - O herói à casa torna
O número 10 da série do Esquadrão Atari inicia com uma cena inesquecível: em uma splash page grandiosa como só Garcia-lópez sabia fazer, vemos Blackjack despreocupado, encostado num equipamento, acendendo um cigarro enquanto Dart olha para ele, intrigada. “Oi neném! Sentiu minha falta?”, diz ele.
Blackjack tinho sido aparentemente morto no espaço na edição 3. O mercenário explica que foi resgatado pela nave do Destruidor e que, após vária sessões de tortura, conseguira escapar.
Uma das cenas mais marcantes do Esquadrão é o reencontro de Dart e Blackjack. |
Mas paira uma suspeita, principalmente da parte de Martin Champion: Blackjack não seria um agente infiltrado com o objetivo de destruir o esquadrão?
A história apresenta duas tramas paralelas: em algum lugar do espaço, os lacaios do detruidor coletam o núcleo de um asteroide. “Maravilhoso, não? Um núcleo sólido de antimatéria radioativa! Contido por campos de força, mas repleto de possibilidades”.
O vilão está construindo uma arma capaz de destruir todo um universo. |
Seu objetivo é construir uma bomba capaz de destruir todo um universo como forma de se vingar de Champion e de toda a humanidade.
Na última trama, tormenta pula de um local a outro na Nova Terra, tentando fugir da segurança e, ao mesmo tempo, procurando respostas sobre quem o que é o Destruidor e o porque da relação conflituosa com seu pai (o que será explicado na edição seguinte).
Essa edição sintetiza as razões pelas quais esquadrão atari se tornou um clássico amado pelos leitores: o desenho maravilhoso de Garcia-López, personagens carismáticos e tridimensionais (cujo melhor exemplo é Blackjack), conflitos entre pais e filhos e um grupo de heróis incompreendido pelas autoridades.
Perry Rhodan – O flagelo do esquecimento
O capítulo 36 da série de ficção científica Perry Rhodan se passa em plena guerra dos saltadores contra Perry Rhodan. Os números anteriores mostraram que os chefes de clãs haviam se reunido no planeta Goszul afim de decidir o destino a Terra.
Os mutantes John Marshall, Tako Kakuta, Kitai Ishbashi e Tama Yokida haviam se infiltrado em uma nave e penetrado na reunião com objetivo de fazer com que os mercadores acreditassem que seria suicídio atacar os terranos.
Em O flagelo do esquecimento, os mutantes, com a ajuda de Gucky, colocam em ação o plano de Rhodan para livrar o planeta dos saltadores, libertando os habitantes locais de um longo período de jugo.
O plano já está expresso no título: espalhar no planeta uma doença do esquecimento. Como explica Perry Rhodan à certa altura: “Todo homem que entrar em contato com a bomba, manifesta logo sintomas de uma doença desconhecida. Placas vermelhas no rosto, dores na nuca, sensação de cansaço etc. Mas o pior vem ainda: o cérebro da pessoa atingida não funciona mais direito. Não poderá se lembrar mais de nada”.
Para que os saltadores não desconfiem que se trate de uma guerra bacteriológica, o que de fato é, os mutantes infectam primeiro os habitantes locais do planeta e são esses que passam a doença para os invasores.
Alguém da equipe editorial responsável pela publicação de Perry Rhodan deve ter pensando: “Ei, fazer uma guerra bacteriológica não é algo digno de um herói”. Ou talvez tenha sido o próprio organizador dos volumes, K. H. Scheer.
A capa original alemã. |
A solução: há um antídoto, que faz com que a pessoa volte a ter memória. Mesmo assim, deve ter parecido muito cruel usar os pobres habitantes de Goszul como vetores. Aí veio o acréscimo: a doença não só era curável com um soro, como ainda aumentava a inteligência dos curados em 20%, algo bem a calhar para os habitantes do planeta.
Lá pelo final surge mais um dilema ético: os saltadores poderiam espalhar a doença por outros planetas, provocando uma pandemia universal. Aí mais uma vez o autor Clark Darlton cria uma explicação, na voz de Perry Rhodan: depois de algum tempo a memória volta, independente do soro.
Embora tenha uma boa trama de aventura, O flagelo do esquecimento chama mais atenção pelos dilemas éticos levantados pela trama.
American Flagg
American Flagg é uma mistura de distopia com sátira política criada por Howard Chaykin para a editora First em 1984.
A história se passa no então distante ano de 2031. Os EUA são dominados pela Plex, um conglomerado de empresas que se deslocou para Marte após uma grande crise que desestabilizou os Estados Unidos. Além disso, um terremoto destruiu toda a Califórnia, abrindo caminho para o surgimento de novas potências, como a Organização Brasileira das Américas.
No que sobrou dos EUA, a maioria das pessoas vive dentro de shoppings. Batalhas campais são transmitidas pela TV e se tornam verdadeiros reality shows. Grupos radicais racistas invadem casamentos interaciais e gangues de motoqueiro botam o terror no shopping depois de seu programa favorito, Bob Violence.
A narrativa caótica inclui até mesmo propagandas de sexo cibernético. |
O personagem principal é Reuben Flagg, um ator que foi substituído por uma holografia e se torna ranger na decadente cidade de Chicago onde terá de lidar com a extrema corrupção da cidade (logo na primeira história, o líder de uma gang pede dinheiro para Flagg em troca não atirar nele durante os ataques pós- Bob Violence). Como todo personagem de Chaykin, é também um garanhão, que se envolve com três mulheres apenas nas três primeiras edições.
Essa série foi absolutamente revolucionária na época tanto pelas novidades narrativas quanto pela abordagem radical. A história é entremeada de propagandas de sexo cibernético, emissões de TV e tudo mais que o autor conseguisse imaginar. Isso se refletia na diagramação totalmente não convencional. Além disso, embora não fosse sexualmente explícita, havia várias cenas que transbordavam sensualidade – certamente uma novidade para um personagem dos comics americanos.
O personagem principal é um garanhão. |
No Brasil o personagem causou grande impacto ao ser lançado pela Cedibra no ano de 1987. Foram lançados quatro números (o quarto era bem difícil de achar) junto com outros personagens da First, como Badger e John Sable. Para quem, como eu, que estava aconstumado com as histórias da Marvel e da DC, era algo realmente impactante tanto pela construção do cenário (Alan Moore, no seu texto sobre roteiro cita a série como um dos melhores exemplos de como mostrar a ambientação de maneira natural) quanto pelas inovações narrativas e, claro, a abordagem erótica.
O erotismo era um dos aspectos revolucionários da série. |
A Abril republicou as três primeiras histórias no número 3 da coleção Graphic Album, mas sem o mesmo impacto. Primeiro porque já era outro momento, em que já haviam sido publicados outros trabalhos tão ou mais inovadores. Segundo porque a Abril mudou o formato da publicação. Além disso, alguns exemplares vieram com falha de impressão em algumas páginas (eu fui um dos sorteados).
Duplex
Um casal recém casado realiza o sonho de comprar uma apartamento em Nova York. O local parece perfeito, especialmente para o marido, que é escritor e precisa terminar o seu livro. É um duplex e o apartamento de cima está alugado para uma velhinha. Eles são impedidos pela lei de coloca-la para fora, mas tudo leva a crer que ela tem poucos dias de vida.
Essa trama simples e até caseira é o mote
do filme Duplex, de Danny DeVito lançado em 2003 e atualmente disponível na
Netflix.
A reviravolta da história é que a gentil e
doente velhinha transforma a vida o casal em um inferno: ela bate o tempo todo
na porta pedindo favores, liga a TV no volume máximo durante a noite, impedindo
que eles durmam, liga para a esposa no trabalho fazendo que ela cometa um erro
que leva à sua demissão...
Diante de uma situação insuportável, chega
um ponto em que o casal pensa em matar a inquilina.
O filme na época foi um fracasso de
bilheteria, tendo custado 40 milhões de dólares e faturado 9 milhões nos EUA,
mas vem sendo resgatado com o tempo. Obviamente não se trata de uma comédia
inteligente.
Fundo do baú - Thundercats
A arte elegante de Gustav Klint
Gustav Klint foi um dos mais importantes, senão o mais importante, pintores do estilo art nouveau. Nascido em 1862, em Viena, ele estudou desenho ornamental na Escola de Artes Decorativas. O diretor da escola, Rudolf von Eitelberger, logo percebeu o talento do rapaz e o indicou para fazer os vitrais da "Igreja Votiva".
Formado, Gustav uniu-se ao
irmão e a Franz Matsch e juntos fundaram a Companhia dos Artistas,
que ficou responsável por diversos trabalhos, entre eles o teto das escadarias
do Teatro Imperial. Entretanto, a rebeldia de Gustav e sua recusa em
seguir o estilo histórico-realista faz com que ele se afaste desse tipo de
encomenda.
A grande virada de chave
de sua carreira vai ser um painel para a mansão de um magnata belga. Klint
mistura o estilo realista com um estilo bizantino de mosaico, inclusive com uso
de dourado, e motivos geométricos repetidos, formando um estilo que era, ao
mesmo tempo, figurativo e abstrato. Será por esse estilo que ele será
conhecido.
O beijo, uma representação
do próprio Klint com sua amante Emilie é, provavelmente, seu quadro mais
famoso. Nele, o pintor se inclina sobre a amante para beijá-la. Ela está de
joelhos, à beira de um precipício. O caráter simbólico da pintura faz com que
ela seja uma das mais discutidas da história da arte, sendo objeto das mais
diversas discussões psicológicas.
sábado, outubro 26, 2024
Segunda temporada de Stranger Thing - as referências
Mas se faltava algo, depois da segunda temporada não falta mais. Roteiro, direção e elenco evoluíram. Há muito a se destacar nessa temporada, a começar pela construção do conflito.
Os diretores-roteiristas sabiam que já tinham um público fiel, de modo que foram desenvolvendo a trama de maneira gradual, sem atropelos. Discípulos de Stephen King, eles se preocuparam primeiro em aprofundar os personagens, com pequenos toques de terror ao longo dos episódios e alguns ganchos de suspense. Quando a ação explode, no sexto episódio, até mesmo o insosso Bob já se tornou familiar aos telespectadores, que, nesse ponto estão verdadeiramente comprometidos até mesmo com personagens secundários.
Criticado por muitos, o sétimo episódio é um dos melhores. O encontro de Eleven com Kali pode ter irritado alguns expectadores por ter parado a trama no seu auge numa sequência que aparentemente não tinha relação com a temporada. Mas um olhar de roteirista permite perceber ali um perfeito gancho para a terceira temporada. Além, claro, de ser mais um show de construção de personagens. A genialidade na direção está em em vários momentos mostrar o poder de Kali sem o uso de fato de efeitos especiais, apenas trabalhando com a edição/montagem. Mesmo o momento em que Eleven usa seus poderes, trata-se de um efeito especial simples, brutalmente amplificado pela ótima direção.
Outro aspecto positivo é o fato da série ter arcos fechados. Os ganchos para a terceira temporada estão todos ali, mas não há pontas soltas, tudo se fecha no último episódio.
Referências