Em 1953, o líder da União
Soviética, Joseph Stalin, morreu inesperadamente, o que levou a uma luta por
sua sucessão. É sobre esse momento histórico que o filme A morte de Stalin, dirigido
por Armando Iannucci e disponibilizado no Brasil pela Amazon Vídeo, se debruça.
O filme é baseado numa
história em quadrinhos de Fabien Nury e Thierry Robin e mostra com bastante
liberdade poética os momentos anteriores à morte do ditador, os bastidores da
morte e a sucessão. Poderia ser um filme histórico, mas é, acima de tudo, uma
grande comédia ácida. Aliás, se você não gosta desse tipo de comédia, passe
longe do filme.
O clima de terror criado
por stalin serve para alguns dos momentos mais engraçados do filme, com a
reunião de ministros que termina com um deles dizendo que o que acabou de sair
está na lista (de pessoas que irão morrer ou serem enviadas para a Sibéria). Em
vários momentos cenas singelas, quase caseiras, têm, em segundo plano, alguém
sendo morto ou preso.
A história inicia com o
diretor da rádio recebendo um pedido de gravação da apresentação músical que
acabou de encerrar. O jeito é gravar tudo de novo, o mais rápido possível para
não provocar a ira do ditador.
Quando está ouvindo a
gravação, Stalin tem um mal súbito e chegamos a um dos melhores momentos,
quando os membros do comitê central chegam e começam a discutir o que fazer.
Não é possível chamar um
bom médico, pois todos os bons médicos ou foram mortos ou mandados para a
Sibéria. Também pode não ser uma boa chamar médicos ruins, pois isso pode
custar a vida de quem chamou. Durante toda essa longa discussão, Stalin
permanece lá, caído no chão.
Quando fica claro que o
ditador morreu, começam as conspirações – e nesse jogo, quem perde, morre. Uma palavra
errada pode representar a morte de alguém.
Há se destacar o elenco
primoroso, cuja atuação é boa parte do sucesso do humor estranho da película.
Nesse sentido, destaque
para Jeffrey Tambor, como Malenkov, o indeciso presidente do comitê central,
que não sabe o que fazer em meio às conspirações. E Michael Pain, como Molotov,
o ministro que continua fiel a Stalin mesmo depois de sua morte e tem opiniões
muito fortes e decididas... que mudam a cada minuto. Um dos melhores momentos
da dupla é uma reunião de ministros, logo após a morte do ditador, em que Malenkov
faz uma proposta e coloca em votação, interrompida por um discurso de Molotov:
Malenkov muda seu voto a cada frase do colega, incapaz de decidir se ele é
favorável ou contrário à proposta.
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