No meio de Ken Parker, uma série repleta de
obras-primas, uma delas se destaca: “A balada de Pat O´Shane”, publicada no
número 12 da revista.
Os méritos da história são tantos que é difícil
destacá-los, mas sem dúvida um elemento que chama a atenção é o fato de Ken
Parker, o personagem principal da série é aqui praticamente um coadjuvante da
carismática Pat (nesse sentido, a série ecoa, e muito Spirit, de Will Eisner).
Na história, Pat está chegando na cidade em que
Ken está sendo julgado por equívoco como sendo um criminoso famoso. Nesse meio
tempo, o irmão da garota é morto, seu dinheiro roubado e a menina decide soltar
o “perigoso” criminoso com a promessa de ajudá-la a se vingar e conseguir o
dinheiro de volta.
Pat é uma figura: sua idade muda de acordo com
a conveniência (e quem disser o contrário é um mentiroso ou um depravado) e ela
vive num mundo de sonhos. É Berardi mostrando porque a série ficaria conhecida
como um faroeste demasiado humano.
Não bastasse o carisma da personagem, Berardi
inova ao fazer a HQ a partir de uma balada (um tipo de música), que, aliás,
aparece na íntegra no início do volume.
Se Berardi mostra nessa história porque é um
dos melhores roteiristas de todos os tempos, seu parceiro, Milazzo, mostra o
quanto é bom na narrativa gráfica. Um dos seus truques é não colocar cenários
em cenas chave, destacando a ação ou os personagens. Há uma sequência genial,
na página 98, em que Pat e Parker dormem um do lado do outro. É uma sequência
de três quadros, sem cenários: na primeira, a menina se deita ao lado do
cowboy, na segunda estão deitados, na terceira dormindo e a imagem os mostra
cada vez menores. A sintonia entre os parceiros era tão grande que o texto de
Berardi vai diminuindo, até o quadrinho final, mudo, com os dois dormindo.
“A balada de Pat O´Shane” é uma mistura de
humor, policial, mas principalmente é uma HQ que mostra o quanto uma HQ de
faroeste pode ser sensível nas mãos certas.
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