A maioria dos fãs de literatura de ficção científica
conhece a escritora Mary Shelley e sua obra mais famosa, Frankstein. Poucas
pessoas, entretanto, conhecem detalhes da vida da autora. O filme Mary Shelley,
dirigido por Haifaa
Al Mansour e recentemente lançado na Netflix preenche essa lacuna.
Shelley
vinha de uma família de gênios. Seu pai, William Goldwin, foi um autor
reconhecido em sua época e um dos precursores do anarquismo. Sua mãe, Mary
Wollstonecraft, foi uma das primeiras escritoras britânicas e é considerada a
fundadora do movimento feminista. Aliás, a mãe vinha de dois relacionamentos
conturbados, com homens com os quais ela não se casou e morreu poucas semanas
após o nascimento da filha.
Assim,
o filme acompanha a jovem Mary
Wollstonecraft Godwin sonhando em ser escritora, inebriada pelo legado
da mãe quando uma
viagem à Escócia a leva a conhecer o jovem poeta radical Percy Shelley, pelo
qual se apaixona. Posteriormente Shelley se torna uma espécie de aluno de
William Godwin e o relacionamento entre os dois se concretiza. É quando se
descobre que o poeta é casado com uma outra jovem e tem até mesmo um filho com
ela. Desconsiderando o conselho paterno, ela foge com o poeta e passa viver com
ele, para grande escândalo da sociedade da época.
O breve
resumo acima mostra o quanto a vida da autora de Frankstein é tão interessante
e romântica quanto o próprio livro a tornou célebre.
A diretora
explora bem o clima da época, a personalidade de Mary, as contradições dos
personagens e detalha o surgimento do livro, resultado de uma série de experiências
pessoais da autora que a inspiraram, incluindo a perda da filha.
Frankstein
não é só a obra fundadora da ficção científica. É também um livro genial, de
grandesa literária única e forte aspecto filosófico (que nunca foi de fato
captado pelas suas versões cinematográficas). E é mais surpreendente ainda
considerando-se que a autora só tinha 18 anos quando ele foi publicado. Portanto,
é inacreditável que uma cinebiografia da autora só tenha surgido dois séculos
depois da publicação de Frankstein, uma falha que é corrigida agora, com
louvor.
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