sexta-feira, março 27, 2020

Mary Shelley, o filme



A maioria dos fãs de literatura de ficção científica conhece a escritora Mary Shelley e sua obra mais famosa, Frankstein. Poucas pessoas, entretanto, conhecem detalhes da vida da autora. O filme Mary Shelley, dirigido por Haifaa Al Mansour e recentemente lançado na Netflix preenche essa lacuna.
Shelley vinha de uma família de gênios. Seu pai, William Goldwin, foi um autor reconhecido em sua época e um dos precursores do anarquismo. Sua mãe, Mary Wollstonecraft, foi uma das primeiras escritoras britânicas e é considerada a fundadora do movimento feminista. Aliás, a mãe vinha de dois relacionamentos conturbados, com homens com os quais ela não se casou e morreu poucas semanas após o nascimento da filha.
Assim, o filme acompanha a jovem Mary Wollstonecraft Godwin sonhando em ser escritora, inebriada pelo legado da mãe quando uma viagem à Escócia a leva a conhecer o jovem poeta radical Percy Shelley, pelo qual se apaixona. Posteriormente Shelley se torna uma espécie de aluno de William Godwin e o relacionamento entre os dois se concretiza. É quando se descobre que o poeta é casado com uma outra jovem e tem até mesmo um filho com ela. Desconsiderando o conselho paterno, ela foge com o poeta e passa viver com ele, para grande escândalo da sociedade da época.
O breve resumo acima mostra o quanto a vida da autora de Frankstein é tão interessante e romântica quanto o próprio livro a tornou célebre.
A diretora explora bem o clima da época, a personalidade de Mary, as contradições dos personagens e detalha o surgimento do livro, resultado de uma série de experiências pessoais da autora que a inspiraram, incluindo a perda da filha.
Frankstein não é só a obra fundadora da ficção científica. É também um livro genial, de grandesa literária única e forte aspecto filosófico (que nunca foi de fato captado pelas suas versões cinematográficas). E é mais surpreendente ainda considerando-se que a autora só tinha 18 anos quando ele foi publicado. Portanto, é inacreditável que uma cinebiografia da autora só tenha surgido dois séculos depois da publicação de Frankstein, uma falha que é corrigida agora, com louvor.  


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