quinta-feira, março 12, 2020

Capitão América – a escolha


Em 2007 a Marvel publicou uma série que mostrava os últimos dias de alguns de seus mais famosos personagens escritos e desenhados por autores que tinham uma ligação com eles. O Hulk, por exemplo, era de Peter David e Dale Keown. Para o Capitão América resolveram fazer algo diferente: convidar o escritor David Morrell para escrever a história.
Morrell é autor do livro First Blood, que deu origem à série de filmes de Rambo. Morrell é um especialista em histórias de guerra. Para desenhar chamaram Mitch Breiweiser.
A HQ começa com um soldado americano lutando no Afeganistão, contando com a ajuda do Capitão. Parece uma simples patriotada sem muito significado. Mas, pouco depois, quando o soldado e seus amigos ficam presos numa caverna soterrada, a trama ganha peso psicológico tanto para o herói quanto para o soldado. “Como se trata de um sombrio exame psicológico do Capitão América, a caverna é bastante apropriada. Estamos entrando nas profundezas das trevas do Capitão. É essa metáfora que eu buscava”, explicou o autor.
O escritor aproveita para resignificar alguns fatos da história do Capitão, explicando por exemplo, porque alguém tão magro foi escolhido para ser o super-soldado. Na versão de Morrell, todos os grandalhões se revelaram pessoas sem capacidade psicológica para empunharem o escudo, pois o soro do supersoldado extrapolava suas características psicológicas, transformando-os em valentões. Já Steve Rogers é centrado no lema: coragem, honra, lealdade e sacrifício. Coragem, como fica claro na história, não é não ter medo, mas saber lidar com eles.
No final, é uma história que sabe aproveitar o legado do sentinela da liberdade e aprofundar sua personalidade – ao mesmo tempo em que explora sua característica de símbolo.
Essa HQ foi publicada no número 55 da coleção de graphic novels Marvel, da Salvat. Os responsáveis, aliás, cometem um erro logo de cara, que desvaloriza a HQ: acabaram escolhendo a pior capa de toda a série.

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