domingo, março 15, 2020

Capitão América: o novo pacto


Ao ser perguntando sobre sua atuação na saga  O novo pacto na revista do Capitão América, o roteirista  John Ney Rieber declarou: “Eu falhei. Não vou dizer que totalmente, mas eu falhei... em vários níveis. Isso não quer dizer que não acredito que seja uma boa revista. No mínimo, a arte de Cassaday é maravilhosa”.
Essa é uma ótima definição a respeito da história que ocupou o número 27 da coleção de graphic novels Marvel da Salvat.
A história foi a estreia do sentinela da liberdade no selo Marvel Knights. O roteirista estava começando a escrever os primeiros argumentos quando aconteceram os ataques terroristas de 11 de setembro. Isso mudou toda a trama, que passou a focar em ataques terroristas. Poderia se transformar em algo interessante, mas o fato de ser escrito no calor da emoção fez com que se tornasse uma trama manca, que não se sustenta em pé.
Parece que o roteirista não pensou o plot como um todo, de modo coisas acontecem sem uma explicação palpável e sem uma costura.
O Capitão América vai para um local e depois para o outro e o leitor não sabe porque.
Em determinado ponto, o vilão diz que plantou pistas que levaram o herói para Dresden, mas essas pistas não aparecem para o leitor.
No final, a história parece uma colagem de situações: o Capitão ajudando a salvar vítimas do atentado; o Capitão salvando um islâmico de um ataque de americanos; o Capitão salvando uma cidade ocupada por terroristas; o Capitão no meio de uma represa impedindo um atentado terrorista; o Capitão no avião jogando xadrez em uma metáfora que acaba não funcionando; o Capitão em Dresden fazendo sabe-se lá o que.
A revista acaba valendo principalmente por abrir caminho para outras abordagens mais adultas (em especial a fase de Ed Brubaker) e pelas ótimas sequências de ação de John Cassaday.

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