Garth Ennis é conhecido pelos roteiros
mirabolantes envolvendo anjos e demônios, muita violência gráfica exagerada e
uma quantidade enorme de piadas ácidas a cada página. O melhor trabalho dele,
no entanto, não tem nenhum desses exageros. Crime e castigo, de 1997, é apenas
uma puta história policial.
A trama é sobre um homem de meia-idade com dois
filhos que de repente vê voltar um fantasma do seu passado e é obrigado a
empreender uma fuga alucinada.
Quando era jovem, Jimmy e dois amigos deram um
golpe em um mafioso psicopata e agora, anos depois, ele está de volta, decidido
a matar todos.
A história se equilibra entre os flash backs (a
esposa morrendo de câncer, a relação com o pai veterano da II Guerra Mundial,
os detalhes do golpe), a relação conflituosa com o filho mais velho e a caçada.
Stein, o vilão, é como uma sombra, um adversário
aparentemente invencível que brinca com os fugitivos como se estivesse num jogo
de gato e rato. Em determinado ponto, o protagonista deixa seus filhos na casa
de um amigo enquanto se encontra com os dois ex-parceiros. Quando volta, o
amigo está pendurado na parede do quarto onde a menina dorme, suas tripas
expostas.
Crime e castigo consegue ser um triller de
suspense, uma trama sensível sobre pais e filhos e uma história poética. Tudo junto
no mesmo caldeirão. Contribuiu muito para o resultado final o desenho do
veterano inglês John Higgins.
Essa minissérie da Vertigo foi lançada por aqui
pela editora Abril em 1998, um ano depois de sair nos EUA pela Vertigo.
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