domingo, maio 17, 2020

Crime e castigo



Garth Ennis é conhecido pelos roteiros mirabolantes envolvendo anjos e demônios, muita violência gráfica exagerada e uma quantidade enorme de piadas ácidas a cada página. O melhor trabalho dele, no entanto, não tem nenhum desses exageros. Crime e castigo, de 1997, é apenas uma puta história policial.
A trama é sobre um homem de meia-idade com dois filhos que de repente vê voltar um fantasma do seu passado e é obrigado a empreender uma fuga alucinada.
Quando era jovem, Jimmy e dois amigos deram um golpe em um mafioso psicopata e agora, anos depois, ele está de volta, decidido a matar todos.
A história se equilibra entre os flash backs (a esposa morrendo de câncer, a relação com o pai veterano da II Guerra Mundial, os detalhes do golpe), a relação conflituosa com o filho mais velho e a caçada.
Stein, o vilão, é como uma sombra, um adversário aparentemente invencível que brinca com os fugitivos como se estivesse num jogo de gato e rato. Em determinado ponto, o protagonista deixa seus filhos na casa de um amigo enquanto se encontra com os dois ex-parceiros. Quando volta, o amigo está pendurado na parede do quarto onde a menina dorme, suas tripas expostas.
Crime e castigo consegue ser um triller de suspense, uma trama sensível sobre pais e filhos e uma história poética. Tudo junto no mesmo caldeirão. Contribuiu muito para o resultado final o desenho do veterano inglês John Higgins.
Essa minissérie da Vertigo foi lançada por aqui pela editora Abril em 1998, um ano depois de sair nos EUA pela Vertigo.

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