quarta-feira, maio 20, 2020

Guerra do tronos a Batalha de Winterfell



Atenção: contém spoiller

O terceiro episódio da oitava temporada de Guerra dos tronos foi, provavelmente, o mais esperado de toda a série ao mostrar a batalha entre o Rei da noite e os vivos, conflito que vinha sendo construído desde o primeiro episódio.
Vendido como a maior batalha campal já exibida na TV, o episódio agradou alguns e desagradou muitos. Quem tem razão?
De fato, a batalha é grandiosa, com muitos figurantes e muitos efeitos especiais. O episódio é muito bem dirigido, com boas cenas de luta e um bom timming narrativo. A sequência anterior aos primeiros confrontos é habilmente construída para promover o máximo de suspense e tensão.
O grande problema é o roteiro.
A estratégia montada por Jon Snow é tão primariamente equivocada que compromete a verossimilhança do episódio.
Assim que os caminhantes brancos se aproximam, ele envia sua cavalaria, os Dothraki, que são totalmente dizimados (e passam a fazer parte do exército inimigo). Em termos de imagem, foi interessante, pois inicialmente vemos uma verdadeira massa de luzes (as espadas dos guerreiros) se aproximando dos mortos e depois as luzes vão se apagando à medida em que eles vão sendo tomados pela multidão e morrendo. O impacto visual é grande e deixa no expectador a impressão de que tudo está perdido, mas em termos de estratégia militar não faz sentido. Enviar primeiro a cavalaria  sozinha e perde-la nos primeiros minutos de uma batalha é erro crasso (aliás, a origem do termo se refere a um comandante romano que comenteu um erro grave em uma batalha).
Além disso, as catapultas são colocadas antes das tricheiras, que depois seriam incendiadas. Aliás, as tricheiras foram colocadas muito próximas das muralhas. Como resultado, as catapultas praticamente não são usadas, ficando inúteis.
Em uma batalha como aquela, com um inimigo infinitamente superior, o correto seria colocar as trincheiras mais distantes, aproveitar que o inimigo ficaria parado diante delas e exterminá-los ao máximo com os dragões, catapultas e flechas. Além disso, como vimos, os caminhantes só conseguem ultrapassar as trincheiras criando pontes com seus próprios corpos, deixando passar alguns.
Esse seria o momento de atacá-los, quando os que entravam eram poucos, ao invés de enfrentá-los no seu número máximo, como foi a estratégia de Jon Snow.
Aí chegamos à Arya. O fato dela matar o Rei da noite e resolver a situação em si não é algo negativo, uma vez que há vários ganchos nesse sentido, pistas de que seria isso que aconteceria. Mas a forma como aconteceu, sim.
Arya surge do nada, quase como um deus ex machina, para resolver a situação. O expectador se pergunta: como ela chegou ali? Todos estavam tentando e ninguém conseguia. Arya nem mesmo é mostrada tentando. Quando a vemos já é no clímax da cena. Como a personagem tem a capacidade de se disfarçar, isso poderia ser usado como explicação para essa aparição repentina, mas os roteiristas preferiram a supresa pura e simples, ao invés de justificar, dar verossimilhança ao que está acontecendo.

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