quarta-feira, maio 20, 2020

Pateta faz história

Pateta faz história é uma coleção criada pelo argentino Jaime Diaz na década de 1970. Foi um pedido da Disney, já que a editora americana, a Western, não estava dando conta da demanda internacional. Diaz imaginou uma série revolucionária, a começar por colocar o Pateta como protagonista, deixando o Mickey como personagem secundário (o que tornou a série muito mais interessante). Além disso, a diagramação era inovadora, com partes do cenário formando molduras dos quadrinhos.
Foi um sucesso mundo a fora. No Brasil foi lançado em 1978 pela editora Abril. A mesma Abril voltou a publicar a série em 2011, agora em formatinho, com textos de Marcelo Alencar. Os textos traziam a biografia dos cientistas, artistas, reis e aventureiros homenageados nas histórias, dando uma contextualização para as HQs.
Em 2017 a Abril voltou a publicar a coleção, agora em volumes de capa dura e média de 350 páginas e oito histórias por volume.
Certamente muitos dos que compraram em 2011 vão comprar também esta nova edição, em especial graças ao belíssimo trabalho gráfico, com título em alto relevo prateado, boa encadernação (por alguns lançamentos mais recentes parecia que a Abril tinha perdido a prática de encadernar seus volumes Disney), papel de boa qualidade – ou seja, volumes de colecionador.
O nível das histórias é variado. Há verdadeiras obras-prima de roteiro e desenho, há outras que se destacam pelo roteiro e outras que se destacam pelo desenho. Há histórias que valem a pena apenas por conta da piada final, como a de Tutacamon Pateta, que manda construir um monumento, um enorme boneco, mas no final só o que sobrevive é o chapéu em forma de pirâmide após todo o resto ser coberto pela areia.
De toda a coleção, o meu predileto é Louis Pasteur, escrito por Tom Yakutis, o melhor roteirista da série (também responsável pelas histórias de Ascenção e queda do império romano e Gengis Khan, entre outros). Yakutis consegue ser engraçado e, ao mesmo tempo, repassar as informações básicas sobre o biografado.
Ao escrever a biografia do grande cientista, que revolucionou a ciência ao descobrir a ação dos microorganismos, o roteirista consegue misturar fatos científicos reais (como a proliferação de bactérias no leite, que faz com que ele azede) com piadas memoráveis: ao colocar fogo na própria casa, Pateta descobre uma garrafa de leite que não azedou e concluí que as bactérias morrem se você colocar fogo numa casa!!!! Há até mesmo uma lição de lógica indutiva: o Pateta bate na própria cabeça com uma marreta 7504 vezes e em todas as vezes doeu bastante, assim é razoável presumir que se bater novamente no mesmo lugar a dor se repetirá!

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