quarta-feira, junho 01, 2022

Monstro do Pântano – A maldição

 


O número 40 revista Swamp Thing apresentou uma das mais instigantes histórias da saga gótico americano.

Na saga, Moore revisita os monstros clássicos do terror e nesse volume em específico ele se dedica a explorar a mitologia dos lobisomens. O diferencial aqui é que ele usou o tema como uma alegoria a respeito da repressão sofrida pelas mulheres. Assim, a maldição da lua, que transforma pessoas em lobisomens seria também a maldição das mulheres e o período menstrual.

Como pano de fundo de sua metáfora, Moore cria uma tribo fictícia na qual as mulheres eram confinadas durante a menstruação. 


A história começa com uma dona de casa fazendo compras enquanto rememora a história das índias Penamaquot, que, durante os período menstrual eram aprisionadas em uma cabana: “Eram mantidas nas escuridão, agachadas sem nada em que refletir além do fato de serem impuras. Até mesmo o toque da sombra delas contaminaria o solo, mirrando a colheita”.

Abrindo um parêntese: Aparentemente, a tribo Penamaquot não existe, sendo mais uma criação de Moore.

A protagonista vive uma relação abusiva. 


Oprimida pelo marido, Phoebe se transforma num lobisomen, mas sua vingança contra o esposo parece inócua e a única escapatória é o suicídio, assim ela se joga contra um mostruário de facas baratas, um tipo pobre de liberdade.

O texto é um dos exemplos da excelência de Moore: “Atrás da vidraça, uma máquina entoa canções de ninar para as esposas sonâmbulas que empurram seus rangentes carrinhos sob as luzes de neon cortejadas por moscas. O supermercado é uma avanlanche de odores: sabão em pó, queijo, desodorante... e o mais forte de todos, o de vida irreversivelmente estagnada da mulher. O de cabana vermelha. A cabana vermelha está em toda parte. Por que ninguém vê? Por que se entocam tão passivamente no escuro?”.

A cena da discórdia: Bissette não gostou. 


Apesar da qualidade da história, essa edição seria um dos motivos do fim da parceria com Steve Bissette, além da dificuldade do desenhista de acompanhar os prazos. Bissette era filho de um dono de mercearia e sabia que nenhum varejista exporia suas facas de uma forma tão perigosa.

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