sábado, fevereiro 01, 2025
A arte extraordinária de Mark Schultz
Com amor, Van Gogh
Homem-Animal – Brincando nos campos do senhor
Quando começou a escrever para o mercado norte-americano, Grant Morrison se apresentou como o anti Alan Moore. A história publicada nos número 18 e 19 da revista, no entanto, mostram que na verdade, ele tinha grande influência do mago inglês.
Na história, o físico James Higwater
aparece na casa de Buddy e o leva em uma jornada de auto-conhecimento que
parece estar sendo guiada por um personagem misterioso. Entre outras coisas,
esse personagem faz com que apareça um mapa no bolso do físico. O local marcado
é um deserto na fronteira entre os territórios dos Hopi e dos Navajo. No alto
de um platô os dois encontram várias sementes de peyote, um alucinógeno.
As sequências de alucnação lembram o Monstro do Pântano, de Alan Moore.
A sequência a seguir lembra muito as histórias
alucinógenas do Monstro do Pântano, de Alan Moore. À certa altura os dois
personagens vêem uma espécie de ilha, uma forma gigantesca, se aproximando
deles – e no final se revela uma baleia. A cena lembra muito, inclusive
visualmente, a saga da Brujeria, também do Monstro do Pântano, com a diferença
de que ali era a ponta de um dedo.
Esta sequência também lembra muito o Monstro do Pântano.
Mas não pense que essa história é apenas
imitação. Morrison inova ao introduzir a metalinguagem na trama. A versão
antiga do Homem-Animal, por exemplo, aparece e reclama: “Apagaram minha vida e
substituíram pela sua! O que acontece quando a cronologia muda? O que acontece
com todas aquelas vidas? Quem é o responsável?”.
Em outro momento, o peyote faz com que o
herói consiga perceber além da sua própria dimensão e com isso ele consegue ver...
os leitores! “Eu posso ver você!”, grita ele, em uma splash page
impressionante.
O personagem consegue ver os leitores.
Alan Moore deve ter sentido o baque. Afinal,
embora tenha sido absolutamente revolucionário no Monstro do Pântano a ponto de
influenciar todos os autores posteriores, ele não tinha brincado com a
metalinguagem. Tanto que a partir daí ele começou a fazer diversos trabalhos
com flertavam com o metalinguístico, como 1963 e Supreme.