sábado, fevereiro 01, 2025

A arte extraordinária de Mark Schultz

 

Mark Schultz é um quadrinista norte-americano de fantasia conhecido por sua série autoral  Xenozoic Tales sobre um mundo pós-apocalíptico em que dinossauros e outras criaturas pré-históricas convivem com humanos. O desenhista também teve passagens pela DC Comics, onde desenhou o Super-homem. Confira sua arte espetacular. 






Com amor, Van Gogh

 

Vincent Van Gogh foi um dos mais importantes artistas de todos os tempos. Sua forma única de ver a natureza abriu caminho para o surgimento da arte moderna. É tão famoso que é muito raro alguém que nunca tenha visto uma pintura sua. No entanto, ele morreu pobre e em vida só conseguiu vender um único quadro. É essa trajetória que é contada no filme Com amor, Van Gogh, dirigido por Dorota Kobiela e Hugh Welchman.
A estratégia usada para colocar na tela a vida do pintor é absolutamente inovadora e deslumbrante: uma animação que emula o estilo de Van Gogh. É como se os quadros do mestre ganhassem vida, o que, aliás, acontece em diversas sequências, que começam com quadros famosos do pintor.
Mas esse deslumbre visual de nada valeria sem um bom roteiro. E o roteiro, de autoria dos diretores, é perfeito: o filho do carteiro que entregava as cartas de Van Gogh é incentivado pelo pai a entregar a última carta do pintor para seu irmão. Com isso, ele acaba se encontrando com as pessoas que conviveram com ele e reconstitui seus últimos dias.
A história é narrada assim, quase como se fosse uma investigação policial, o que certamente agradará até mesmo os expectadores menos interessados no aspecto artístico. Os diálogos são afinados, cirúrgicos e, ao mesmo tempo, reveladores. Eles conseguem contar muito sobre a vida e a personalidade do pintor sem serem didáticos.  
Com amor, Van Gogh é um filme obrigatório para amantes da arte.

Homem-Animal – Brincando nos campos do senhor

 

Quando começou a escrever para o mercado norte-americano, Grant Morrison se apresentou como o anti Alan Moore. A história publicada nos número 18 e 19 da revista, no entanto, mostram que na verdade, ele tinha grande influência do mago inglês.

Na história, o físico James Higwater aparece na casa de Buddy e o leva em uma jornada de auto-conhecimento que parece estar sendo guiada por um personagem misterioso. Entre outras coisas, esse personagem faz com que apareça um mapa no bolso do físico. O local marcado é um deserto na fronteira entre os territórios dos Hopi e dos Navajo. No alto de um platô os dois encontram várias sementes de peyote, um alucinógeno.

As sequências de alucnação lembram o Monstro do Pântano, de Alan Moore. 


A sequência a seguir lembra muito as histórias alucinógenas do Monstro do Pântano, de Alan Moore. À certa altura os dois personagens vêem uma espécie de ilha, uma forma gigantesca, se aproximando deles – e no final se revela uma baleia. A cena lembra muito, inclusive visualmente, a saga da Brujeria, também do Monstro do Pântano, com a diferença de que ali era a ponta de um dedo.

Esta sequência também lembra muito o Monstro do Pântano. 


Mas não pense que essa história é apenas imitação. Morrison inova ao introduzir a metalinguagem na trama. A versão antiga do Homem-Animal, por exemplo, aparece e reclama: “Apagaram minha vida e substituíram pela sua! O que acontece quando a cronologia muda? O que acontece com todas aquelas vidas? Quem é o responsável?”.

Em outro momento, o peyote faz com que o herói consiga perceber além da sua própria dimensão e com isso ele consegue ver... os leitores! “Eu posso ver você!”, grita ele, em uma splash page impressionante.

O personagem consegue ver os leitores. 


Alan Moore deve ter sentido o baque. Afinal, embora tenha sido absolutamente revolucionário no Monstro do Pântano a ponto de influenciar todos os autores posteriores, ele não tinha brincado com a metalinguagem. Tanto que a partir daí ele começou a fazer diversos trabalhos com flertavam com o metalinguístico, como 1963 e Supreme.