Entre os anos de 1846 e 1849, Charles Dickens, o homem que tornou
popular a celebração de Natal, queria que seus filhos aprendessem a vida e os
ensinamentos de Jesus Cristo da maneira mais simples e clara possível e a
melhor maneira de fazer isso seria ele mesmo escrever isso e dar de presente
para sua família.
O texto, conhecido inicialmente como “O Novo Testamento para
crianças” permaneceu inédito por anos. Dickens considerava que aquele era um
texto escrito exclusivamente para sua família e não fazia sentido publicá-lo. A
primeira geração de seus descendentes aceitou sua decisão, mas logo ficou claro
que não fazia sentido privar os leitores de tão valorosa obra. O resultado é o
livro “A vida de Nosso Senhor”, publicado pela Martins Fontes.
Dickens usa a capacidade narrativa que encantou milhões de
pessoas em todo o mundo para tornar agradável e simples a vida e a mensagem de
Jesus, definido já no primeiro parágrafo: “Jamais viveu alguém tão bom, tão afável,
tão gentil, tão cheio de perdão para com todas as pessoas que erraram, ou que
era de alguma forma doentes, ou miseráveis”.
Os principais fatos da vida de Jesus, do seu nascimento humilde,
em uma manjedoura, à escolha dos apóstolos entre os pobres, sua inteligência,
seus milagres e martírio, tudo é contado de maneira simples, com direito a
paradas para definir ou explicar palavras ou contextos históricos.
O escritor fez de seu livreto uma ode à tolerância e ao amor ao
próximo. Segundo ele, ser cristão é “agir bem sempre, mesmo em relação a quem
nos faz o mal. Cristandade é amar ao nosso próximo como nós mesmos e fazer a
todos os homens o que desejamos que eles nos façam”.
Em uma época como a nossa, em que pessoas que se dizem cristãs
pregam a violência e a intolerância, em que as comemorações de Natal dão lugar
a brigas e até mesmo assassinatos, um livreto como esse é um precioso presente
para a humanidade.
E a edição da Martins Fontes é primorosa, com papel pólen,
diagramação arejada e detalhes em dourado.
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