terça-feira, abril 30, 2019

A destruição da educação pública


Há algum tempo um aluno vindo de uma faculdade particular através do Vestibulinho me confessou que pensou muito antes de passar para uma universidade pública.
Descendente de alemães, super disciplinado e interessado em aprender, ele achava que teria uma educação da pior qualidade na pública. Para seu espanto, descobriu que o nível na federal era muito melhor que na privada: os professores eram mais qualificados, mais engajados. Ele até tinha mais aulas.
Recentemente as faculdades particulares demitiram a maioria dos professores mestres e doutores, deixando apenas professores especialistas horistas, que apenas fazem “bicos” no ensino. Dessa forma, era muito comum que os alunos ficassem sem aula (o profissional não iria faltar a uma reunião de seu trabalho fixo para ir fazer bico, não é mesmo? ).
Claro, ele admitia que havia problemas de falta de estrutura. Mas isso também o havia espantado, ao perceber que professores tiravam do próprio bolso para compensar o que faltava – exemplo disso era o professor que havia montado os laboratórios do curso usando dinheiro do próprio salário.
E, há claro, toda uma propaganda negativa das universidades, feitas por determinados grupos, que falam as maiores barbaridades sobre as universidades.
Então, o que ele encontrou, para sua surpresa, foi algo completamente diferente do que esperava. 
A pergunta que me faço é porque há todo um movimento disposto a pintar a universidade pública de forma tão negativa. Uma resposta óbvia é que quanto menos educação tem um povo, mais fácil é manipulá-lo.
Mas há um outro fator: há toda uma ideologia segundo a qual o Estado deixa de ser responsável pela educação do indivíduo – mesmo que o cidadão esteja, na verdade, pagando com seus impostos por aquele benefício. Isso, claro, é algo negativo. Mas como vender algo negativo como algo postivo?  Como convencer alguém que eliminar um benefício é algo bom? Simples: demonizando aquilo. É o que estão fazendo com a educação superior no Brasil. Assim manipulado, o pobre, que poderia estar usando esse recurso pelo qual paga impostos, passa a defender o fim desse serviço. 

Ps: Antes que digam que quem frequenta as universidades são os mais ricos, é bom lembrar que dois terços dos alunos de universidades federais são provenientes de famílias com renda de um salário mínimo e meio. Os alunos com mais renda são dos cursos como Medicina e Veterinária, exatamente aqueles cursos nos quais o MEC quer colocar mais dinheiro. Para a grande maioria dos estudantes de federais, o diploma é a única forma de melhorar de vida. 

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