Floresta
Negra foi a primeira história da dupla Gian-Bené. Foi também um divisor de
águas para a arte de Bené, que até então era caracterizada pelo exagero,
principalmente na musculatura dos personagens. Bené fez a história como uma
homenagem a Hall Foster, criador do Príncipe Valente e, para simular o estilo
do mestre, usou pincel para fazer a arte-final. Por outro lado, a diagramação, a perspectiva e a anatomia remetiam ao mestre José Luís Garcia-Lopez. Imagine Hall Foster mistura com Garcia-Lopez. Essa era a arte de Floresta Negra. Essa história marca a entrada
de Bené numa fase totalmente madura de seu trabalho e virou instantaneamente um
clássico.
Lembro que
quando ele me mostrou os originais, fiquei maravilhado. Já gostava do traço do
Bené, mas ali tinha um verdadeiro salto estético, algo que mostrava que ele
seria o grande desenhista de terror dos anos 1990.
Confesso que
quando ele me pediu para escrever o texto, senti um frio na barriga, mas
aceitei. Bené tinha uma boa ideia de como seria o texto, inclusive no fato do
demônio falar em rimas – uma referência direta ao personagem Etrigan, da DC,
uma das grandes criações do mestre Jack Kirby.
A história
acabou sendo publicada na revista Calafrio número 45 e fez grande sucesso com
os leitores, fazendo o editor Rodolfo Zalla pedir mais histórias da dupla.
Uma
curiosidade é que a revista Calafrio tinha uma estrutura que tinha que ser
seguida por todas as histórias - e a floresta negra não se encaixava em nenhum
dos modelos de roteiro deles. Aí o editor mudou o final para encaixar. No
último quadro, quando o cavaleiro coloca o crucifixo para abençoar a floresta e
afastar novos demônios, o texto mudou para: "Você coloca o crucifixo na
árvore, pois sabe que agora é o novo DEMÔNIO DA FLORESTA NEGRA!!!", um
texto totalmente em desacordo com o que o desenho mostrava.
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