Isaac Asimov nunca foi um
cara de metáforas. Sua prosa sempre foi muito direta e as mensagens, explícitas,
a exemplo do personagem da trilogia Fundação que diz: “A violência é último refúgio
dos incompetentes”. Curiosamente, seu primeiro livro, Pedra no céu, é uma obra
repleta de metáforas.
Na história um alfaiate
norte-americano vivendo na década de 1950 é transportado para um futuro
distante em que os humanos se espalharam por milhares de mundos e a Terra é um
local radioativo graças a guerras atômicas (sim, o próprio autor, no final do
livro, faz a ressalva de que na época que escreveu a obra, os próprios
cientistas acreditavam seria possível existir vida em um planeta radioativo).
Nesse futuro, a Terra é
desprezada pelos outros planetas do Império. O preconceito é tão grande que se
acredita que é possível adquirir uma doença apenas pelo contato com um
terrestre. Casamentos entre habitantes de outros planetas e terrestres são
impensáveis.
Além disso, a expansão
espacial aconteceu há tanto tempo que simplesmente esqueceram que a Terra é a
origem da humanidade.
Nesse futuro distante, um
arqueólogo famoso vem à Terra para fazer escavações e demonstrar que o planeta é
a origem da raça humana. “O senhor está tentando nos dizer que esses desprezíveis
homens da Terra representam uma raça antiga que pode ter sido, um dia,
ancestral de toda a humanidade?”, indaga o representante do Império.
À essa altura, fica clara a
metáfora: Pedra no céu é um livro sobre preconceito. Mais ainda, é uma referência
direta à teoria evolucionista segundo a qual a humanidade surgiu na África e só
então se espalhou por outros locais. A resistência à teoria do início da humanidade
na Terra é uma analogia à resistência ao início da espécie humana na África e
todas as questões de preconceito envolvidas.
Para além da metáfora,
Asimov constrói uma história no melhor estilo Asimov: o que começa como uma
narrativa puramente científica vai se tornando pouco a pouco em triller quando
se descobre um plano dos anciões terrestres (uma espécie de classe sacerdotal)
que poderá exterminar grande parte da humanidade em outros planetas. No
terceiro ato, o leitor já está totalmente envolvido e dificilmente largaria o
livro.
Sem comentários:
Enviar um comentário