O reinado da Rainha Elizabeth foi um dos mais
importantes e também um dos mais
conturbados períodos da história da Inglaterra. A Rainha virgem criou as
condições para que a Ingaterra se tornasse a maior potência mundial e centro
cultural do mundo. Mas ela sofreu várias tentativas de golpes, assassinatos,
uma quase guerra civil e a invasão da maior armada do mundo.
É esse período conturbado que Ken Follett narra
em seu livro Coluna de fogo, terceira parte da trilogia inicada em Os pilares
da terra.
A história inicia em 1558, dois séculos depois
da construção da Catedral de Kingsbridge (que era o fio condutor
de Os pilares da terra). A rainha Elizabeth chega ao poder depois da morte de
sua irmã. O país vinha sendo dilacerado por conflitos religiosos. O pai de
Elizabeth, Henrique VIII, havia rompido com a igreja católica e transformado a
Inglaterra num país protestante e passara a perseguir católicos, muitas vezes
enviando-os à fogueira. Já sua filha, Maria, era católica e passou a perseguir
protestantes, enviando-os à fogueira. Quando Elizabeth ascende ao trono sua
promessa é tornar o país uma terra de tolerância, em que ninguém seria morto
por sua fé.
Essa trama é contada do ponto de vista de Ned
Willard, descendente dos constrututores da catedral e da ponte (narrada em
Mundo sem fim). Mas, ao contrário de seus ancestrais, negociantes e
engenheiros, Ned torna-se um político. Ao ver um dos cidadãos de Kingsbridge
ser morto na fogueira por ser protestante, e após sua mãe perder tudo num
julgamento manipulado por um bispo católico, ele decide se colocar a serviço de
Elizaberth e ajudá-la a construir um país de tolerância e no qual cada um possa
viver sua vida, ganhar seu dinheiro, sem ser incomodado por questões
religiosas. Para isso ele acabará se tornando uma peça-chave de seu sistema de
espionagem inglês – um dos primeiros do mundo e com agentes em todos os países
da Europa.
Por outro lado, seu irmão, Barney, é perseguido
pela inquisição na Espanha e, depois de várias peripécias, acaba embarcando em
um navio e se tornando um pirata – a pirataria, embora ilegal, era tolerada
pela rainha Elizabeth.
De todos os livros da trilogia esse é, sem
dúvida, o mais interessante e o que apresenta uma trama mais envolvente. Um dos
acertos foi tirar a ação de Kingsbridge. Como tanto Pilares da terra quanto
Mundo sem fim se passavam na cidade, centrar os acontecimentos ali num terceiro
livro o tornaria cansativo para os leitores. E essa ampliação da ambientação permitiu
a Ken Follett contar boa parte da história do período. Temos núcleos nos países
baixos, na Espanha, na França, na Inglaterra e até no novo mundo. O autor, por
outro lado, aproveita muito bem os eventos históricos para compor uma trama
irresistível, repleta de suspense e de ação. São 800 páginas que passam muito
rápido.
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