Nenhuma série de televisão conseguiu sintetizar tão bem a política brasileira quanto O bem-amado, de Dias Gomes. Exibida de 1980 a 1984, era baseada numa novela do próprio Dias, de 1973 e, por sua vez, era baseada numa peça de teatro da década de 60. Dias Gomes usava o humor para criticar, de maneira genial, a ditadura militar e a classe política brasileira.
Na história,
Odorico Paraguaçu (interpretado por Paulo Gracindo) era um típico coronel do
interior da Bahia que domina completamente a política da região. Sua obsessão é inaugurar o novo cemitério da
cidade, mas há um problema: ninguém morre em Sucupira. Na história original,
Odorico é morto pelo seu jagunço Zeca Diabo (Lima Duarte), sendo, ironicamente,
o cadáver que inaugura o cemitério.
Na década de
80, Dias Gomes ressuscitou a história, mudando o contexto e ampliando muito a
trama (os personagens chegam a viajar para Nova York) e usando o pano de fundo
para criticar tudo que ocorria na política nacional.
Odorico era
famoso pelas frases de efeito e pelos neologismos, como “Vamos botar de lado os
entretantos e partir logo pros finalmentes”, “Pra cada problemática tem uma
solucionática”, “mormente”, “apenasmente” e “bastantemente”.
Sem comentários:
Enviar um comentário