segunda-feira, maio 10, 2021

Morreu Paulo Paiva

O cartunista Paulo Paiva faleceu ontem, dia 9, as 23:40 h. A causa da morte foi pneumonia em decorrência de sequelas de um AVC.

Sócio da editora Maciota/Press, Paulo era mais conhecido pelo personagem Maciota. Confira abaixo um texto sobre o personagem escrito por Franco de Rosa.




Maciota, o jogador de várzea, frequentemente bêbado e mau caráter, criado por Paulo Paiva no final dos anos 70, voltou ser destaque com a Copa do Mundo sendo realizada no Brasil. Como aconteceu nas Copas anteriores, o Maciota é convocado pra animar a galera. Por ser um grande goleador do humor. Ele é alegria do povo, como o Garrincha. Não por sua destreza, mas por ser muito ruim de bola e viver situações hilárias.

O humor negro é a marca registrada desse personagem que foi criado e publicado com dois nomes diferentes, antes de estrear com sucesso na revista Placar, em 1980. O personagem nasceu como um jogador trabalhão, sob a alcunha de Maloca, em 1976. Teve uma revistinha colorida integralmente produzida para a Editora Saber. A revista foi paga mas não publicada.

Duas páginas com o personagem, no entanto saíram como teaser no gibi do Praça Atrapalhado, que contava com a colaboração de Paulo Paiva, e deste que vos escreve. Depois, o Maloca foi publicado no tabloide Vaca Amarela, da Editora Grafipar. Mas rebatizado de Borola. Também foram realizadas 30 tiras do Maloca/Borola, que circulou em vários jornais paulistas e também na Gazeta do Povo, de Curitiba, mas dentro da série Chucrutz, de minha autoria.

Paiva sabia que o tema era bom. O futebol inspirou-o na criação de inúmeras tiras da Turma da Mônica, Boa Bola, Nicodemus e outras do Estúdio Mauricio de Sousa, onde ele havia trabalhado antes. A pelota também foi tema de muitas das historietas do Zé carioca que o Paulo Paiva criou para a Disney/Abril.

Fazendo marcação dura, com seu herói as avessas, Paiva, ou P.P. ou ainda Pepê, como assinou muitas vezes, finalmente resolveu ele próprio desenhar as tiras do perna de pau sacana. O que foi ótimo. Pois nenhum dos artistas que tentaram ilustrar a série, como Fárias, Seabra e outros artistas a Disney, conseguiam imprimir na série a expressão que Paiva obtinha em seus rascunhos, nos roteiros. Seu jeito relaxado de riscar e construir os painéis forjou um estilo próprio e bastante expressivo. Onde podemos “ler” a sua influencia do humor gráfico Frances de Siné, Sampé e Reiser.

Maciota foi inspirado nos jogadores de vársea, que Paiva conhecia dos botecos da periferia paulistana. E ainda, era uma caricatura de um sujeito que existiu de verdade. Um bebum inveterado que sempre aparecia no bar depois da pelada, xingando o juiz e maldizendo sua má sorte.

Maciota estrelou na Placar de 1980 a 1984. Depois ganhou uma edição especial pela editora Maciota, fundada pelo próprio Paulo Paiva, em parceria com o jornalista Rivaldo Chinem. E ainda ganharia uma edição especial pela editoran Sampa, em 1996. Mais uma edição renovada no inicio dos anos 2000, pela editora Escala, de Hercílio de Lorenzi, grande fã e amigo do artista.

Temos aqui uma mostra das tiras do Maciota, que fazem parte do álbum “Maciota – Fome de Bola”, da Opera Graphica Editora.

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