Em 1968 a Guerra do Vietnã se tornara extremamente
impopular. Grupos tão diversos quanto objetores de consciência, os panteras
negras e hippies resolveram aproveitar a convenção do partido democrata na
cidade de Chicago para mobilizar uma grande manifestação. A polícia repreendeu
duramente o protesto e oito pessoas foram presas: Abbie Hoffman, Jerry
Rubin, David Dellinger, Tom Hayden, Rennie Davis, John Froines,
Lee Weiner e Bobby Seale. O grupo foi
acusado de conspiração e ficou conhecido como os 7 de chicago.
É a história desse julgamento histórico (o lema dos
protestos na frente do tribual eram “O mundo está assistindo”) que o diretor Aaron Sorkin relata no aguardado filme da netflix.
Existem muitos filmes
de tribunais nas mais variadas abordagens. Entrentato, nesse gênero tão surrado
que já gerou algumas obras-primas e muitos filmes meia-boca, Sorkin inova pelo
uso de uma edição rápida e trilha sonora da época.
O final dos anos 60
era quando tudo estava acontecendo e tudo estava mudando. Foi quando o rock
tomou conta do imaginário popular norte-americano. “Os tempos estão mudando”,
cantava Bob Dylan, e o filme reflete isso desde a primeira cena: uma rápida
sequência dos acusados se preparando para ir para Chicago e falando sobre suas
intenções. A edição faz com que cada um complete a fala do outro.
Quando os vemos
novamente, eles estão no tribunal e tudo que aconteceu antes é mostrado na
forma de flash backs puxados pelos depoimentos ou pelas lembranças dos acusados
– a mais recorrente delas a dos
policiais tirando suas credenciais antes de atacar os manifestantes.
E trata-se de um
julgamento completamente manipulado, em que o juiz nitidamente já tinha
condenado os réus e chega ao ponto de mandar algemar, amordaçar e prender à
cadeira um dos réus (que não estava sendo defendido por advogado) e a dispensar
jurados que se mostrassem favoráveis aos réus. O filme mostra isso sem resvalar
no dramalhão (ao contrário, é um filme divertido, engraçado) ou mesmo no
maniqueísmo (as cenas de disputas entre os réus, que representam grupos
diferentes são importantíssimas).
O filme, portanto, não
só é bom, mas também tem um dos melhores finais que já vi num filme de
tribunais.
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