terça-feira, agosto 24, 2021

X-men – Tarde demais, heróis!

 


Para quem acompanhava as HQs dos mutantes à época da Saga da Fênix parecia que a história estava num constante crescendo em que uma edição superava a outra e tudo poderia acontecer. Tudo mesmo. Já tínhamos visto, por exemplo, Jean Grey se transformar na vilã Rainha Negra. Mas a edição 134 de The Uncanny X-men ia além ao mostrar a personagem se transformar no maior perigo já enfrentado pela galáxia: a Fênix Negra.

A capa, de autoria de John Byrne, emulava uma capa clássica da fase de Dave Cockrum (publicada em The Uncanny X-men 100), que mostrava o professor Xavier no meio, estimulando o confronto entre os X-men clássicos (à esquerda) e os novos X-men (à direita). Aqui temos a Rainha Negra ao centro, emoldurada pela fênix de fogo, com os X-men à esquerda e o círculo interno do Clube do Inferno à direita.

A capa da edição 134 é uma referência à clássica capa da edição 100 dos X-men. 


Na história anterior, Scott tentara entrar em contato com Jean Grey através do elo mental entre os dois. Mas o Mestre Mental o matara em um duelo de espadas, achando que assim, romperia definitivamente a ligação entre os dois. Mas o que aconteceu foi exatamente o oposto: o choque de ver seu amado sendo aparentemente morto fez com que ela se libertasse do domínio do vilão.

Essa mudança faz com que os heróis consigam derrotar o vilão, mas tem consequência grave: faz com que todas as travas criadas por Jean Grey desapareçam. O que emerge é uma deusa maligna de poder inconcebível.

A sequência em que a personagem se vinga do Mestre Mental – e começa a se transformar na Fênix Negra – é uma demonstração perfeita da sintonia da dupla Claremont – Byrne e como os personagens foram elevados a um nível de tridimensionalidade muito maior do que o esperado numa HQ de super-heróis. A personagem é vista encomberta pela sombra, aproximando-se do vilão, enquanto o texto diz: “Jean Grey está aterrorizada... mais do que jamais esteve em toda a sua vida... porque sabe o que havendo e não pode impedir”.

A história traz para a personagem Jean Grey um nível de aprofundamento poucas vezes nos quadrinhos de super-heróis. 


Mais à frente, no diálogo, a personagem diz: “Este aparelho lhe permitiu criar ilusões sob medida para minhas fantasias mais secretas... o lado sombrio e reprimido da minha alma”.

É interessante notar que o balão já muda aqui, transformando-se no balão irregular com a moldura preta que seria característico da Fênix Negra.

O surgimento da Fênix Negra é um dos momentos mais marcantes dos quadrinhos. 


Mas a sequência também deixa uma questão em aberto. O diálogo deixa a entender que o Mestre Mental despertou algo que já existia na personagem. Se for assim, a Fênix Negra não é uma entidade isolada, mas apenas a manifestação de poder de uma parte maligna da própria Jean Grey. Para quadrinhos de super-heróis essa era uma percepção muito complexa.

Em tempo: essa seria a última edição com o Clube do Inferno e Sebastian Shaw foge afirmando que voltará. Na época pensei: “Caramba, imagine que histórias incríveis vão sair disso”. Entretanto, os personagens nunca foram novamente tão bem aproveitados.

1 comentário:

Unknown disse...

Esta saga, do começo ao fim, foi hors concurs. Estivemos com Jean em cada "retorno" ao passado, em cada confronto com capangas do Clube; fugimos junto com Kitty, vimos Scott dar um show ao virar o jogo contra o Círculo Interno, e tudo o mais.

Porém, uma observação: o texto em português acima não é o mesmo da publicação original, da época. As mudanças nas diferentes versões me fazem pensar.