Na década de 1980 a maioria dos personagens da DC estava
passando por reformulações, em versões mais adultas e modernas.
Gavião Negro, um dos melhores personagens da era de prata
não poderia ficar de fora. Essa nova versão, que iria influenciar a forma como
Thanagar é representada futuramente, ficou a cargo de Timothy Truman (roteiro e
desenho) e foi publicada como uma minissérie em três partes no ano de 1989. Para
arte-finalizar foi camado o argetino Henrique Alcatena, que deu o tom pesado e
distópico que a história exigia.
A história se passa antes de Katar Hol se tornar o herói que
todos nós conhecemos. Membro de uma das famílias aristocráticas de Thanagar e
filho do homem que inventou as asas que os habitantes locais usam, Hol se
inscreve numa força policial local.
![]() |
Nessa Thanagar distópica, todo o trabalho braçal é feito por estrngeiros. |
A história começa exatamente com uma missão policial.
Enquanto descem aos níveis mais baixos do planeta, o helicóptero que leva os
combatentes passa pela estátua de um antigo herói thanagariano, Kalmoran, e
descobrimos que Katar Hol guarda um amuleto com ele. Kalmoran foi o responsável
por derrotar outro povo, que escravizava e oprimia os thanagarianos.
A cena tem objetivo simbólico. Em contraposição ao passado
representado pela estátua, Thanagar agora se tornou um império, que domina e
escraviza outros povos. Planetas conquistados são obrigados a assinar acordos
comerciais que incluem o envio de escravos para Thanagar. A população
estrangeira se torna tão grande nas torres onde vive a aristocracia que grande
parte dos estrangeiros é exilada para locais baixos, onde morrem de fome e
doenças. Outros são enviados para ilhas e caçados como animais.
![]() |
Alguns alienígenas são caçados. |
Além disso, nada mais é produzido em Thanagar. De vinhos a
roupas, tudo vem de outros planetas. Não é preciso ir muito longe para perceber
qual é a referência de Timothy Truman: sua Thanagar é uma versão extrema do
império romano.
Katar Hol, nesse contexto, representa uma volta à utopia e
aos valores, digamos, “humanos”.
O protagonista é envolvido numa tramoia que faz com seu pai
seja morto e considerado um traidor e ele seja exilado – uma história
surpreendente e inusitada. Outro aspecto inusitado é a forma como essa trama é
narrada. Não há splash pages e são poucas as páginas de impacto. Tudo é muito
intimista e, ao mesmo tempo, aterrador. A cena em que os personagens estão
caçando alienígenas é um exemplo. Não há destaque ao horror da situação –
demonstrando o quanto aquilo é banalizado na sociedade thanagariana.
Sem comentários:
Enviar um comentário