Desde sua criação, o Hulk passou pelas mais variadas versões.
Logo no início era um monstro inspirado em Frankstein, logo depois se tornou um
herói com a inteligência de Bruce Banner que se transformava com o auxílio de
uma máquina... e assim foi, com cada roteirista imprimindo uma característica
ou personalidade diferente ao personagem. Peter David aproveitou essas incoerências
para sugerir que Bruce Banner tinha múltiplas personalidades (que se
expressavam nas várias versões do Hulk). Mas, provavelmente, quem melhor
explorou esse tema foi Paul Jenkins na saga Os cães de guerra.
A história, publicada em
The increbible Hulk 12 a 20 , tinha os desenhos Ron Garney, um ótimo
ilustrador, sempre capaz de fazer ótimas cenas de impacto. Para arte-finalizar
foi chamado o veterano Sal Buscema, o mais icônico desenhista do golias
esmeralda.
Na trama, Bruce Banner está com esclerose lateral amiotrófica,
uma doença degenerativa e fatal. Ele procura Ângela Lipscobe, uma amiga da época
da faculdade, atualmente uma das mais importantes neurologistas dos EUA.
Uma das sequências mais interessantes se passa dento da mente de Banner.
É durante a tentativa de tratamento que temos uma das
sequencias mais eletrizantes da história, com a mente de Bruce Banner sendo
dominada por um monstro aterrorizador que é confrontado por outras versões do
Hulk. Mas, enquanto tenta lidar com a situação, Banner se defronta com uma versão
realmente maligna de si mesmo.
O roteiro mostra que cada versão do Hulk é uma adaptação emocional
de Banner ao ambiente emocional.
Mas cães de guerra não é só uma trama psicológica.
Hulk de fato enfrenta cães, mas o título da saga é uma metáfora sobre o militarismo.
Um general, Ryker, está atrás do Hulk, e sua obsessão pelo
golias esmeralda faz o General Ross parecer um moderado. Ryker tem algum tipo
de interesse escuso na história.
Aliás, Ryker é um vilão de respeito. O tipo de pessoa que
faria 50 pessoas reféns só para conseguir prender o Hulk? O tipo de pessoa que
faria experiências com soldados, transformando-os em versões bizarras do Hulk e
convencendo-as de que Banner é o culpado.
Os cães de guerra é uma história e tanto, do tipo que se lê
num tapa.
Alguns pequenos problemas: Ron Garner tem a tendência de
fazer closes dos personagens em ângulos inferiores – o que muitas vezes
dificulta perceber quem está falando. E, ao final da trama, a motivação de
Ryker não é totalmente esclarecida. De resto, os cães de guerra é uma história
e tanto.
No Brasil essa história foi publicada em Grandes Heróis
Marvel da série Prêmium, da Abril. Depois foi reunida na coleção Os heróis mais
poderosos da Marvel, da Salvat.
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