O especial Senhores das trevas, lançado em 1990 pela editora Nova Sampa reúne histórias de terror do mestre Mozart Couto numa fase em que ele estava diretamente envolvido com o espiritismo e isso se reflete nas histórias.
O personagem O
homeopata é um médico que pratica projeção astral e atende pessoas com
problemas espirituais. Ele comparece na edição com duas histórias, “Premonição”
e “Recordações do passado”.
A primeira é a
que mais se aproxima do espiritismo kardecista, com o personagem encontrando
com mentores espirituais. Na história, uma moça com poderes paranormais é
atormentada pela irmã dominadora. Como o protagonista descobre no plano astral,
a garota deveria ter tido um filho, mas fez um aborto sob influência da irmã e
o espírito que deveria nascer passa a ser um obsessor.
Mozart usa o espiritismo kardecista como elemento narrativo.
Na segunda
história, uma moça é atormatada por pesadelos nos quais é sacrificada num
ritual antigo. A investigação revela que ela de fato havia sido sacrificada em
outra encarnação, o que gerou um trauma que a acompanhou por outras vidas.
Como se você,
Mozart usa diretamente a doutrina espírita em suas histórias e consegue unir
isso a um clima de terror como grande narrador que é.
Hazel tem roteiro de Júlio Emílio Braz, mas segue a linha das histórias escritas por Mozart.
Hazel é uma
história que não tem roteiro de Mozart (o texto é de Júlio Emílio Braz), mas
que se encaixa perfeitamente na linha da publicação de unir espiritualidade e
terror. A HQ conta uma história de uma garota disposta a tudo para se tornar
uma estrela de cinema, incluse matar. Mas ela é atormentada por fantasmas do
passado.
Embora não
tenha conteúdo kardecista, como comunicação com espíritos ou reencarnação, “Noite
feliz”é outro exemplo que se encaixa no tema do álbum. Na história, um garoto
vê uma nave extraterreste cair nas proximidade de sua casa e descobre que o
alienígena é de uma raça espiritualmente evoluída. O destaque da história é o
final irônico, com o tio bradando para a família: “Ei, pessoal, vamos esquecer
esse pequeno incidente, afinal hoje é Natal! Que a paz e o amor estejam sempre
em nossos corações”. Essa ironia narrativa, que reflete a crítica social da história, faz dessa uma das melhores HQs do volume.
Noite Feliz se dstaca pela crítica social. |
A edição traz ainda outras histórias mais na linha da fantasia, um gênero do qual Mozart é mestre incontestável.
O aspecto negativo da edição fica por conta do formatinho, que prejudica a arte de Mozart Couto, em especial nas histórias de fantasia.
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