quinta-feira, setembro 15, 2022

O pianista que sobreviveu ao holocausto

 


Quem assistiu ao filme O Pianista deve ter ficado intrigado com o oficial nazista que salva Wladislaw Szpilman, escondendo-o no sótão de uma casa e lhe levando comida. O nome desse oficial era Wilm Hosenfeld e cartas suas recentemente publicadas revelam que ele não só salvou o pianista, como outras pessoas, pois discordava do genocídio praticado pelos alemães.
Hosenfeld era um veterano da Primeira guerra Mundial, na qual lutou muito jovem. Como outros alemães, sentia-se ressentido com o Tratado de Versalhes e achou uma resposta para suas ansiedades no partido nazista. Alistou-se em 1939, tendo participado da invasão da Polônia, mas seu entusiasmo com o nazismo terminou no dia em que viu uma criança ser executada por ter roubado um pouco de feno.
Sua revolta era expressa em cartas à mulher. Em uma delas dizia: "Envergonho-me de fazer parte dos culpados por uma tragédia tão grande, sem poder auxiliar as vítimas" . Em outra afirmava: “Pode um alemão ainda mostrar-se ao mundo? É para isso que nossos soldados morrem na frente de batalha? A história não conhece nada igual. Talvez os arcaicos tenham praticado o canibalismo. Mas nós que conduzimos a cruzada contra o bolchevismo, como podemos abater homens, mulheres e crianças em pleno século XX? Seremos normais? A culpa é tão grande que nos faz afundar no chão de vergonha.Será que o demônio adotou forma de gente?”. 
Como forma de resistência, começou a esconder fugitivos, a fornecer comida e documentos falsos. Salvou tantos quanto pôde. Mesmo as cartas enviadas à família já seriam suficientes para condená-lo à morte, mas mesmo assim ele continuou praticando o bem até ser preso pelos russos.  Apesar dos apelos de muitas pessoas que tiveram sua vida salva por ele, Stalin não abrandou sua pena, condenando-o a 25 anos de trabalhos forçados, praticamente uma condenação à morte na União Soviética stalinista. Ele morreu em 1952, num campo de prisioneiros, aos 57. 

Sua vida demonstra que, mesmo para os que estavam diretamente envolvidos com o regime, havia como fazer algo para evitar o massacre de pessoas. 

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