quinta-feira, outubro 24, 2024

Trocando as bolas

  


A ciência durante muito tempo teve como base a ideia de que todos os fenômenos eram determinados como um relógio. Essa percepção surgiu diante do sucesso da teoria da gravitação universal, de Newton, que conseguia prever com exatidão até mesmo quando um cometa apareceria novamente.

Nas ciências sociais, essa imagem do mundo como relógio deu origem a duas correntes: o determinismo genético e o determinismo social. Na primeira, as pessoas eram frutos de seus gens. A carga genética virava um destino inexorável, do qual não se poderia escapar. Assim, por exemplo, o filho de um ladrão, seria, inevitavelmente, um ladrão. Já no determinismo social, as pessoas eram fruto do meio. Nessa visão, alguém se tornaria ladrão por viver em um ambiente que favorecia o crime.

O confronto entre essas duas correntes científicas deu origem a uma das comédias mais bem sucedidas da década de 1980: Trocando as bolas (Trading Places), dirigido por John Landis e laçado em 1983.

Na história, dois irmãos milionários, os Duke, são adpetos, um do determinismo social e outro do determinismo genético e resolvem fazer uma aposta. Eles usam em sua experiência o diretor-gerente de sua empresa, Louis Winthorpe III (Dan Aykroyd) e um mendigo negro chamado Billy Ray Valentine (Eddie Murphy). O fato de Valentine ser negro é uma informação importante, pois, segundo o irmão adepto do determinismo genético, “os negros já nasciam roubando”.

Winthorpe é colocado em desgraça, preso por roubo, tem sua conta no banco congelada, seus cartões de crédito confiscados enquanto Valentine é tirado das ruas, acomodado em uma mansão e colocado como gerente-geral da empresa.

O roteiro deixa muito clara a crítica tanto ao determinismo genético quanto o determinismo social, algo claramente representado pelo final, em que as duas vítimas da experiência conseguem dar a volta por cima. E faz isso com bom humor, reforçado principalmente pelas ótimas atuações, com destaque para Eddie Murphy. Algumas piadas não funcionariam hoje em dia, mas no geral o filme consegue se sustentar bem.

Uma curiosidade é a presença, na película, de Jamie Lee Curtis, que interpreta uma prostituta.

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