No início da década de 1960 era muito comuns que os vilões da Marvel fossem ameaças comunistas, a exemplo do Homem-radioativo, surgido Journey into Mystery 93, de 1963.
Na história, Thor interfere na guerra entre a China e Índia e
com isso provoca a fúria das autoridades chinesas, que convocam seus melhores
cientistas e fazem um ultimato: “Vocês são os nossos maiores estrategistas
militares e gênios científicos! Falem! Eu exijo que me deem soluções imediatas
para nos livrarmos de Thor!”.
O curioso, nessa época, é que os vilões se diziam
literalmente vilões: “Cedo ou tarde teremos que enfrentar a democracia!”.
O cientista ganha super-poderes ao se expor à radiação. Naquela época era muito fácil ganhar super-poderes.
Um dos cientistas resolve se bombardear com radiação,
transformando-se no... Homem-radioativo!!!!!! (A justificativa para ele não ter
sido torrado pela radiação é que ele vinha aumentando sua imunidade ao se expor
continuamente à radiação, o que, ao invés de dar-lhe um câncer, tornou-o
resiste!).
A história, com plot de Stan Lee, diálogos de Robert
Bernstein e desenhos de Jack Kirby, é um primor daqueles tempos mais ingênuos. O
vilão viaja a Nova York para derrotar Thor. Lá o deus do trovão descobre que
seu martelo encantando é repelido pela radiação. Pior, o Homem-radioativo cria
um redemoinho que hipnotiza o viking.
Um redemoinho de radiação que hipnotiza Thor? Santo roteirismo, Batman!
Mas o vilão comete um erro: manda que Thor jogue longe seu
martelo, mas ele joga longe demais. Enquanto o homem-radioativo vai procurar o
mjorn, o herói volta a ser Don Blake.
Curiosamente, o vilão encontra com o médico logo depois da
transformação e, claro, fala como um vilão, pois naquela época não bastava agir
e pensar como vilão, também era necessário fazer discursos de vilão: “Você, seu
verme insignificante... viu para onde foi Thor?”. Blake aponta uma direção qualquer
e depois corre para seu consultório, onde fabrica uma máquina capaz de encontrar
seu martelo. Mais uma coisa impressionante daquela época: todo herói da Marvel
era um grande inventor e inventava coisas com a rapidez das necessidades do
roteiro.
Don Blake inventa uma máquina para ajudar a achar o martelo. Tudo é possível quando o roteirista quer.
No final, depois de toda essa trama rocambolesca com um vilão
aparentemente invencível, Thor resolve toda a situação em mera meia-página. O
vilão invencível no final se revela esquecível.
Para piorar (ou melhorar, dependendo do ponto de vista), o
desenho de Kirby não parece muito inspirado. O rei só pareceu voltar a ter
interesse por Thor quando começou a ser publicada a série Contos de Asgard.
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