domingo, novembro 20, 2022

Coleção histórica Marvel: Demolidor

 

Um dos volumes mais interessantes da coleção histórica Marvel é Paladinos Demolidor.

A Coleção histórica Marvel resgata histórias antigas de personagens da editora. Na grande maioria das vezes são histórias relativamente conhecidas, ou sagas famosas, republicadas.
A edição dedicada ao Demolidor, no entanto, é mais interessante. O que conhecemos dele é praticamente o que veio de Frank Miller em diante.  
Este volume faz um apanhado das fases anteriores do personagem, com os diversos desenhistas responsáveis por essas fases.
Demolidor no traço de Joe Orlando. 


E foram muitos.
A começar por Bill Everett, criador visual do personagem. Dizem que Stan Lee bolou o personagem como forma de valorizar Everett, que havia criado Namor na década de 1940 e há tempos não desenhava quadrinhos. Colocá-lo em um título de super-heróis Marvel era uma forma de mostrar o mestre para a nova geração.
Mas Everett, que então trabalhava com publicidade, não deu conta e abandonou o título depois do primeiro número.
Aí veio Joe Orlando, logo substituído por Wallace Wood, que foi substituído por John Romita, que foi relocado para o título do Homem-aranha após a saída de Steve Ditko. Só aí entrou Gene Colan, o desenhista que passou mais tempo com o Homem sem medo.
Wally Wood emprestou seu traço elegante para o personagem. 


A edição de Paladinos reúne histórias desses diversos artistas, numa belíssima amostra do estilo de cada um com o personagem (particularmente gosto muito de Wally Wood, que introduziu o uniforme vermelho, embora nitidamente ele não estivesse fazendo o que gostava e não se esforçou muito).
Do ponto de vista de roteiro, a história mais interessante do volume é “Eis que surge o Gladiador”.
Nessa historia, Stan Lee estava saindo de férias, e, após escrever as sete primeiras páginas, deixou o texto a cargo de um novato, Denny O´Neil. O´Neil (que pouco depois seria responsável por reformular o Batman na DC) mostra que tinha uma visão própria do Demolidor.
O personagem já no traço de Gene Colan numa história que antecipava as inovações de Frank Miller


Na HQ, Foggy Nelson tenta convencer Karen Page de que é o Demolidor como forma de conquista-la e, sem querer, enfrenta um vilão, o Gladiador.
Ao ver os diálogos do amigo, o Demolidor percebe que suas falas parecem ridículas. De fato, Stan Lee parecia ver o Demolidor como uma espécie de Homem-aranha cego (o primeiro número inclusive fazia essa comparação, trazendo a capa do primeiro número do aracnídeo). O Demolidor de Denny O´Neil reflete: “Pareço bobo feito o Foggy! De agora em diante serei um combatente do crime do tipo fortão e calado”.
O roteirista também reflete sobre o vilão, Gladiador, antecipando seus problemas mentais que seriam depois explorados por Miller.
Essa pequena participação de Denny O´Neil teve pouco impacto sobre o personagem. Logo Stan Lee retornou das férias e o Demolidor voltou a ser o herói brincalhão, que fazia piadas com os vilões durante as lutas.
Mas anos depois, Denny O´Neil se tornou o editor do personagem e um jovem inovador chamado Frank Miller teve a oportunidade de reformular o herói. É de se pensar até que ponto as mudanças de Miller foram sugeridas por O´Neil.

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