No número 46 da revista Swamp Thing, o personagem estava
totalmente envolvido na mega saga Crise nas infinitas terras. Todas as revistas
da editora precisavam se encaixar de alguma forma nessa trama estelar, em que o
multiverso DC foi transformado em um único universo.
Mas como o Monstro do Pântano poderia se encaixar nisso tudo?
Afinal, ele não era um super-herói convencional e nem tinha poderes que
pudessem interferir na trama principal. Moore solucionou a situação com maestria
ao criar uma subtrama: um grupo chamado Brujeria tinha um plano para aproveitar
a instabilidade provocada pela Crise para implementar um plano no mundo
espiritual.
Segundo um dos amigos de John Constantine, o objetivo deles é
acordar Cthukhu, o que mostra já ali a
influência de H.P. Lovecraft sobre a obra do mago inglês – mais recentemente
ele fez duas séries sobre a mitologia lovecraftiana.
Um grupo de bruxos quer aproveitar a Crise para dominar o plano espiritual.
Nessa história em específico não acontece quase nada – o
objetivo é quase que só ambientar o leitor sobre a situação enfrentanda pelo
protagonista.
Já nas primeiras páginas vemos uma profusão de imagens
apocalípticas com personagens de eras e universos diferentes. O texto diz:
“Todo mundo que mantinha alguma esperança de morrer muito antes do dia do juízo
final olha para cima sentindo no estômago exatamente o que temia sentir. Parece
injusto, por outro lado, tal dia ter que vir no prazo de vida de alguns”.
A história é cheia de referências.
O texto, então, como um mosaico, descreve vários
acontecimentos isolados, como um carro futurista atropelando dodôs aturditos. E
termina com duas referências: “É o melhor dos tempos, é o pior dos tempos, é
tudo de uma vez. É o fim... e no fim não há palavras suficientes para
descrevê-lo”. Bem Cox, o amigo nerd de Constantine comenta: “P-po-por hoje é
só, pessoal!”.
A primeira parte é uma referêcia à abertura do famoso livro
Um conto de duas cidades, de Charles Dickens. A frase de Cox é uma referência
ao Gaguinho, personagem de Lonney Tunes, que sempre dizia essa mesma frase ao
final de cada episódio. Em seu baú de referências culturais, Moore consegue
consturar duas citações tão díspares em uma sequência impressionante.
A parte final é um ótimo exemplo de como Moore sabia manejar o terror.
O final da história é o único momento em que de fato acontece
alguma coisa. A irmã Anne-Marie está em Londres, procurando Judith, quando
percebe que está sendo seguida. Ela entra no metrô e, nervosa, acaba
desembarcando numa plataforma que fecha nos finais de semana. A sequência é
terror puro, com a freira tentando escapar do que quer que a esteja
perseguindo. O texto, narrativo, é entremeado de citações da o Apocalipse,
livro que a religiosa está lendo, quando como se fossem narrativas paralelas
que se encaixam.
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