domingo, dezembro 11, 2022

Perry Rhodan – S.O.S. Espaçonave Titã

Essa é, provavelmente, a capa mais bizarra das pintadas por Gray Morrow.

Embora a propaganda oficial afirmasse que era possível ler qualquer número de Perry Rhodan independentemente, na maioria das vezes havia uma interdependência muito grande entre os volumes, de forma que poucos realmente valiam como histórias isoladas, quase como contos no meio de uma trama maior.

O número 42, S.O.S. Espaçonave Titã, escrito por Kurt Brand, poderia perfeitamente se encaixar nessa última categoria.

Na história, Perry Rhodan pousa a nave Titã no planeta Honur, o segundo astro do sistema Thatrel. Seu objetivo ali é esconder-se das naves arcônidas a tempo de instalar um aparelho que fará com que a nave não possa ser rastreadas após seus saltos.

Mas o planeta parece esconder um segredo sinistro, apesar de tudo levar a crer que o local é inofensivo.

A capa da edição alemã. 


É exatamente essa tensão entre um local que não parece apresentar nenhum risco e o perigo que parece cada vez mais iminente que faz desse volume uma leitura tão intensa.

Quando pousam, os terranos são recepcionados por descendentes dos arcônidas, seres degenerados e esfarrapados que devoram como mendigos a comida que lhes é oferecida. O que eles dão em troca demonstra por si só um mau agouro: flores negras.

Mais à frente, mais e mais tripulantes aparecem com pequenos e simpáticos ursinhos, animais de estimação oferecidos de presente pelos habitantes do planeta. Parecem inofensivos.

Enquanto isso, cada vez mais desconfiado, Perry Rhodan resolve rastrear o planeta a bordo de uma nave menor. É quando se depara com um cemitério de naves.

O trecho que descreve o local é lúgubre e antecipa a tragédia que irá se abater sobre a Titã: “Desistiu de contá-los. Até a linha do horizonte se estendiam os ex-gigantes – de pé, deitados, um ao lado do outro, em cima do outro. Alguns, que estavam por baixo, em virtude do peso, estavam enterrados no chão, com apenas a terça parte de seu volume à vista”. Dentro dessas naves, centenas de cadáveres. Algo havia matado aquelas pessoas e alguém havia depredado as naves, tirando delas tudo que pudesse ter valor.

O que aconteceu com essas naves? Esse mistério permeia o volume e faz com que a leitura se torne viciante – o leitor quer saber o que aconteceu. E quer saber se a nave Titã será vítima do mesmo destino.

Esse volume seria perfeito, não fosse um senão: a trama demora a iniciar. Praticamente um terço do volume é dedicado a situações menos relevantes ou simplesmente recapitulações de volumes anteriores.

Em tempo: de todas as capas realizadas por Gray Morrow para as edições americanas de Perry Rhodan (e publicadas aqui pela Ediouro), essa é provavelmente a mais bizarra. Há um homem vestido como um mágico aparentemente atacando uma mulher, uma outra mulher refletida num planeta ao fundo e rostos e astros aleatórios. Tirando a nave cilíndrica, que de fato aparece no volume no cemitério de naves, todo o restante não parece ter relação nenhuma com a história.

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