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Essa é, provavelmente, a capa mais bizarra das pintadas por Gray Morrow. |
Embora a propaganda oficial afirmasse que era possível ler qualquer número de Perry Rhodan independentemente, na maioria das vezes havia uma interdependência muito grande entre os volumes, de forma que poucos realmente valiam como histórias isoladas, quase como contos no meio de uma trama maior.
O número 42, S.O.S. Espaçonave Titã, escrito por Kurt Brand,
poderia perfeitamente se encaixar nessa última categoria.
Na história, Perry Rhodan pousa a nave Titã no planeta Honur,
o segundo astro do sistema Thatrel. Seu objetivo ali é esconder-se das naves
arcônidas a tempo de instalar um aparelho que fará com que a nave não possa ser
rastreadas após seus saltos.
Mas o planeta parece esconder um segredo sinistro, apesar de
tudo levar a crer que o local é inofensivo.
É exatamente essa tensão entre um local que não parece
apresentar nenhum risco e o perigo que parece cada vez mais iminente que faz
desse volume uma leitura tão intensa.
Quando pousam, os terranos são recepcionados por descendentes
dos arcônidas, seres degenerados e esfarrapados que devoram como mendigos a comida
que lhes é oferecida. O que eles dão em troca demonstra por si só um mau agouro:
flores negras.
Mais à frente, mais e mais tripulantes aparecem com pequenos
e simpáticos ursinhos, animais de estimação oferecidos de presente pelos
habitantes do planeta. Parecem inofensivos.
Enquanto isso, cada vez mais desconfiado, Perry Rhodan
resolve rastrear o planeta a bordo de uma nave menor. É quando se depara com um
cemitério de naves.
O trecho que descreve o local é lúgubre e antecipa a tragédia
que irá se abater sobre a Titã: “Desistiu de contá-los. Até a linha do
horizonte se estendiam os ex-gigantes – de pé, deitados, um ao lado do outro,
em cima do outro. Alguns, que estavam por baixo, em virtude do peso, estavam
enterrados no chão, com apenas a terça parte de seu volume à vista”. Dentro
dessas naves, centenas de cadáveres. Algo havia matado aquelas pessoas e alguém
havia depredado as naves, tirando delas tudo que pudesse ter valor.
O que aconteceu com essas naves? Esse mistério permeia o
volume e faz com que a leitura se torne viciante – o leitor quer saber o que
aconteceu. E quer saber se a nave Titã será vítima do mesmo destino.
Esse volume seria perfeito, não fosse um senão: a trama
demora a iniciar. Praticamente um terço do volume é dedicado a situações menos
relevantes ou simplesmente recapitulações de volumes anteriores.
Em tempo: de todas as capas realizadas por Gray Morrow para
as edições americanas de Perry Rhodan (e publicadas aqui pela Ediouro), essa é
provavelmente a mais bizarra. Há um homem vestido como um mágico aparentemente
atacando uma mulher, uma outra mulher refletida num planeta ao fundo e rostos e
astros aleatórios. Tirando a nave cilíndrica, que de fato aparece no volume no
cemitério de naves, todo o restante não parece ter relação nenhuma com a
história.
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