sexta-feira, maio 26, 2023

Perry Rhodan – O domínio do hipno

 


A maior ameaça enfrentanda nas primeiras histórias da série Perry Rhodan foi sem dúvida o mutante Ivã Ivanovitch Goratchim.

Aliado involuntário do Supercrânio, que usara seu poder mental para controlá-lo, Ivã conseguia nada menos que transformar qualquer pessoa ou coisa em uma bomba atômica.

O personagem fez sua estréia no volume 27 da série, escrito por Clark Darlton. No número anterior o Supercrânio fora vencido na terra e fugira para Marte onde estava sua arma secreta, o homem que podia provocar explosões nucleares. Como vencer um inimigo desses?

Darlton detalha o surgimento do mutante como consequência da explosão da primeira bomba atômica russa, em 1949. Segundo Darlon, o acontecimento surpreendeu e apavorou o mundo ocidental, mas também os cientistas soviéticos quando as condições metereológicas desfavoráveis fizeram com que uma nuvem de poeira radioativa se abatesse sobre eles. Como resultado, Ivã e sua jovem esposa Ludmila tiveram um filho que parecia um monstro de duas cabeças.

Isso por si só já era uma novidade. Os mutantes que haviam aparecido até então na série tinham tido apenas mutações positivas. Afinal, quem não quer ganhar um poder especial? Mas todos sabemos que a radiação na maioria das vezes provoca mudanças negativas, então o surgimento de Ivã torna mais verossímil o exército de mutantes.

A capa alemã mostra Ivan Ivanovicthc. 


Mas há uma outra questão interessante no volume. As duas cabeças são chamadas pelo Supercrânio erroneamente de Ivã e Ivanovitch. Segundo Darlton, o vilão “nunca dera a menor atenção ao fato de que os costumes russos exigem dois nomes para cada pessoa;  no caso de Goratchim, Ivã era o nome propriamente dito, enquanto Ivanovitch apenas significava filho de Ivan”.

É bem possível que a sequência fosse uma homenagem ao escritor russo Nicolai Gógol, cujo conto mais famoso, O capote, era protagonizado por um personagem chamado Akaki Akakievitch – e o nome do personagem era usado como elemento de humor, uma piada que só faria sentido na Rússia.

Clark Darlton nitidamente era fã de Gógol, tanto que um dos episódios escritos por ele na série, O pseudo, era quase que uma adaptação espacial da peça O inspetor geral (O título original era O falso inspetor). Desse modo não é estranho pensar que lá no início da saga de Perry Rhodan já tivesse colocado essa referência à obra do escritor russo.

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