No começo, o Quarteto Fantástico não tinha uniformes e o
Tocha Humana era desenhado como o da era de ouro, com labaredas no meio do
corpo. A forma defitiva do grupo, com os uniformes e o Tocha sendo desenhado
como se seu corpo fosse feito de brasas rodeadas de chamas, só vai surgir no
número 3 da revista, quando o grupo enfrenta o mágico Milagroso.
Esse número, aliás, também se destaca pela primeira aparição
do Fantasticarro, que já surge na capa, numa daquelas imagens impressionantes
que só Jack Kirby conseguia fazer. Dentro, descobrimos inclusive que o
fantasticarro pode ser dividido em quatro partes, permitindo que o grupo possa
se separar.
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O Milagroso parece mais forte que o Coisa. |
Nessa história, o quarteto enfrenta um mágico chamado Milagroso,
que, ao ver o grupo na plateia, os desafia: “Aí está o Quarteto Fantástico!
Supostamente eles são o grupo mais poderoso e sensacional da história, mas eu
digo... bah! Comparado ao meu poder, eles não são nada!”.
Para provar isso, ele desafia o coisa a quebrar uma tora de madeira. O coisa
consegue, depois de vários socos, mas o Milagroso consegue usando só o
mindinho.
“É muito bom para nós e para o mundo que o milagroso não
seja um criminoso! Porque se fosse... ele seria o único adversário que jamais
conseguiríamos derrotar!”, vaticina o Senhor Fantástico.
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A primeira aparição do Fantasticarro. |
Ocorre que o Milagroso é sim um criminoso e para isso ele faz com que um boneco gigante de um alienígena (que era usado no anúncio de um filme) aterrorize a cidade enquanto ele rouba um tanque nuclear.
Para uma ameaça tão grande, Milagroso acaba sendo um vilão
pífio, como descobrimos no final (no qual ele se revela quase um plágio de
Mandrake). Aliás, boa parte do poder de Milagroso não faz sentido. Como ele
consegue, por exemplo, hipnotizar as pessoas para acharem que o boneco do
monstro saiu do lugar e o boneco ser destruído pelo Tocha no local em que as
pessoas achavam que o boneco estava?
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Todo mundo gostou dos uniformes, menos o Coisa. |
Mas a história, apesar do vilão pouco interessante, se
destaca pelas inovações narrativas e temáticas. Para começar, é um grupo que
literalmente briga o tempo todo. À certa altura, o Coisa diz que quer voltar à
forma humana para que Sue olhe para ele da mesma forma que olha para Reed
Richards. “Minha irmã? Não se engane, coisa. Ela não se apaixonaria por ti, nem
que você fosse a cara do Rock Hudson”, o que gera uma briga efetiva, com o Coisa
destruindo uma parede e o Tocha se incendiando e saindo de casa.
O interessante aí é que apesar de brigarem o tempo todos,
eles são unidos, como uma família.
Essa característica, somada ao fato de que as histórias, na
grande maioria, uniam super-heróis e ficção científica, explica porque o gibi
do Quarteto foi durante muitos anos a vaca leiteira da Marvel – aquela
publicação que vendia tanto que sustentava a editora. O Quarteto só começaria a
perder o posto com o Homem-Aranha da fase John Romita.
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