quinta-feira, abril 11, 2024

As histórias do Lanterna Verde de Alan Moore

  

Quando acabou a sua consagrada fase no Monstro do Pântano, Alan Moore foi disputado pelos editores da DC, que o queriam escrevendo seus personagens. Um desses editores foi Len Wein, que havia sido responsável por levar o bardo para a DC e com o qual ele tinha uma dívida de honra. 

Wein era o editor da revista do Lanterna Verde e o convidou para escrever histórias curtas para complementar as edições. Moore fez duas histórias que, apesar do tamanho pequeno, tornaram-se fundamentais. 

A primeira delas, desenhada por Dave Gibbons tinha como título “Mogo não comparece às reuniões”.

Bolpunga passa anos procurando Mogo. Quando finalmente descobre quem é ele, foge desesperado.


Na trama uma jovem lanterna chamada Arisia lê o Livro dos Nomes Valorosos, que reúne o nome de todos os lanternas. Ela estranha que nunca tenha encontrado com alguns daqueles seres. Um veteranos explica que "Alguns lanternas não podem comparecer aos encontros. Leeze Pon, por exemplo, é um vírus da varíola super-inteligente. Dkrtzy RRR por outro lado, comparece, mas como é uma progressão matemática abstrata, apenas os guardiões percebem sua presença".

Para explicar quem é Mogo, o veterano centra sua narrativa num ser chamado Bolpunga que resolveu destruir Mogo como forma de desafio. Por anos eles percorreu o planeta onde lhe disseram que Mogo estava, sem no entanto encontrá-lo. Mas quando olha os mapas feitos nesses anos todos descobre a terrível verdade. 

É uma história divertida, que brinca com a mitologia dos lanternas ampliando-a.

Tigres resolve uma falha do roteiro da primeira história do Lanterna. 


Mas a cereja do bolo é “Tigres”. Desenhada por Kevin o Neil, a história é focada em Abin Sur, o lanterna Verde que repassou o anel para Hall Jordan. 

Moore pega uma falha na origem do personagem e a explica. Na primeira história do personagem, Jordan recebe o anel do alienígena Abin Sur cuja nave se acidentou ao adentrar na atmosfera terrestre e está prestes a morrer. Mas qualquer um que já tenha lido as aventuras posteriores dos lanternas deve ter se perguntado: por que diabos aquele personagem estava viajando numa nave espacial ao invés de usar os poderes do anel?

O traço de Kevin O Neil se encaixa bem na caracterização dos demônios.  


Isso, que é de fato uma tremenda falha do roteiro original, é explicado por Moore de maneira genial.

Na história, Abin Sur precisa resgatar uma criança num planeta proibido, onde foram aprisionados os demônios do Império das Lágrimas, seres malignos e insidiosos. De fato, quando desce, eles lhe oferecem a realização de seus desejos, mulheres, segredos a respeito de seu pai morto... mas só um consegue chamar a atenção do lanterna, um demônio que se dispõem a responder três perguntas sem receber nada em troca. A primeira pergunta é onde está a nave caída. Como a resposta para essa pergunta se revela verdadeira, Abin Sur faz duas outras. Uma delas é qual o perigo direto que o futuro reserva para ele. A resposta ladina a essa pergunta é que fará o laterna usar a nave, o que provocará sua morte.

Essa história de apenas 12 páginas é tão fundamental que depois a DC faria uma mega saga apenas baseada nela. Em 12 páginas Moore consegue ser mais fundamental que a maioria dos autores em 12 edições.

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