Quando acabou a sua consagrada fase no Monstro do Pântano,
Alan Moore foi disputado pelos editores da DC, que o queriam escrevendo seus
personagens. Um desses editores foi Len Wein, que havia sido responsável por
levar o bardo para a DC e com o qual ele tinha uma dívida de honra.
Wein era o editor da revista do Lanterna Verde e o convidou
para escrever histórias curtas para complementar as edições. Moore fez duas
histórias que, apesar do tamanho pequeno, tornaram-se fundamentais.
A primeira delas, desenhada por Dave Gibbons tinha como
título “Mogo não comparece às reuniões”.
Bolpunga passa anos procurando Mogo. Quando finalmente descobre quem é ele, foge desesperado.
Na trama uma jovem lanterna chamada Arisia lê o Livro dos
Nomes Valorosos, que reúne o nome de todos os lanternas. Ela estranha que nunca
tenha encontrado com alguns daqueles seres. Um veteranos explica que
"Alguns lanternas não podem comparecer aos encontros. Leeze Pon, por
exemplo, é um vírus da varíola super-inteligente. Dkrtzy RRR por outro lado,
comparece, mas como é uma progressão matemática abstrata, apenas os guardiões
percebem sua presença".
Para explicar quem é Mogo, o veterano centra sua narrativa
num ser chamado Bolpunga que resolveu destruir Mogo como forma de desafio. Por anos
eles percorreu o planeta onde lhe disseram que Mogo estava, sem no entanto
encontrá-lo. Mas quando olha os mapas feitos nesses anos todos descobre a
terrível verdade.
É uma história divertida, que brinca com a mitologia dos
lanternas ampliando-a.
Tigres resolve uma falha do roteiro da primeira história do Lanterna.
Mas a cereja do bolo é “Tigres”. Desenhada por Kevin o Neil,
a história é focada em Abin Sur, o lanterna Verde que repassou o anel para Hall
Jordan.
Moore pega uma falha na origem do personagem e a explica. Na
primeira história do personagem, Jordan recebe o anel do alienígena Abin Sur
cuja nave se acidentou ao adentrar na atmosfera terrestre e está prestes a
morrer. Mas qualquer um que já tenha lido as aventuras posteriores dos
lanternas deve ter se perguntado: por que diabos aquele personagem estava
viajando numa nave espacial ao invés de usar os poderes do anel?
O traço de Kevin O Neil se encaixa bem na caracterização dos demônios.
Isso, que é de fato uma tremenda falha do roteiro original,
é explicado por Moore de maneira genial.
Na história, Abin Sur precisa resgatar uma criança num
planeta proibido, onde foram aprisionados os demônios do Império das Lágrimas,
seres malignos e insidiosos. De fato, quando desce, eles lhe oferecem a
realização de seus desejos, mulheres, segredos a respeito de seu pai morto...
mas só um consegue chamar a atenção do lanterna, um demônio que se dispõem a
responder três perguntas sem receber nada em troca. A primeira pergunta é onde
está a nave caída. Como a resposta para essa pergunta se revela verdadeira,
Abin Sur faz duas outras. Uma delas é qual o perigo direto que o futuro reserva
para ele. A resposta ladina a essa pergunta é que fará o laterna usar a nave, o
que provocará sua morte.
Essa história de apenas 12 páginas é tão fundamental que
depois a DC faria uma mega saga apenas baseada nela. Em 12 páginas Moore
consegue ser mais fundamental que a maioria dos autores em 12 edições.
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