A série Elseworlds (conhecida no Brasil como Túnel do tempo) colocava os personagens da DC Comics em eras passadas ou futuras. Uma das mais interessantes dessa série sem dúvida é Batman – reinado do terror, de Mike W. Bar e José Luís Garcia-Lopez.
A história coloca o cavaleiro das trevas no centro dos acontecimentos da Revolução Francesa. Na história, o Capitão Wayne é um herói da guerra (assim que estourou a revolução francesa, vários países monarquistas empreenderam uma guerra contra a França), mas quando volta para Paris, descobre que os pais de sua esposa estão condenados à guilhotina.
Ao voltar da guerra, Wayne descobre que seus sogros estão condenados à morte... |
Percebendo que não consegue usar seu prestígio para salvar os sogros, ele resolve disfarçar-se de morcego e usar equipamentos, como uma asa delta, para tirá-los do patíbulo e enviá-los para a Inglaterra num barco. Depois desse salvamento bem-sucedido, ele começa a salvar diversos outros nobres, enquanto sua contraparte parece ter o único interesse em diversões frívolas.
A história é interessante por pagar um tributo ao Pimpinela Escarlate, um herói da literatura cuja atuação consistia em salvar nobres franceses e que foi uma das influências na criação do cavaleiro das trevas.
... e se transforma em Batman para salvá-los. |
Há um sacada interessante ao mostrar o duas caras como um jacobino que teve parte do seu rosto destruído durante uma batalha e que toma a tarefa de matar o máximo possível de nobres: “Você não entende? Minha vida é a revolução!”.
Uma incoerência é mostrar Wayne como um almofadinha frívolo e, ao mesmo tempo, com um jacobino disfarçado. A Revolução Francesa foi justamente o ponto de virada em que passou a se valorizar comportamentos másculos em oposição ao comportamento da nobreza (saíram as roupas cheias de frufrus e a maquiagem e entrou a roupa sóbria e funcional). O comportamento de Wayne o colocaria imediatamente como suspeito de traição.
Mas, apesar de alguns pequenos deslizes, essa é uma história memorável, que se destaca principalmente pelo desenho de Garcia-Lopez. O maior problema dessa história é que ela parece terminar muito abruptamente. A trama dava tranquilamente uma série ao invés de um volume único.
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