quinta-feira, agosto 15, 2024

Perry Rhodan – Mundo de gelo em chamas

 


O número 33 da série Perry Rhodan destaca-se dos demais por abordar um tema delicado e, ao mesmo tempo essecial: o genocídio de uma raça inteira.

Na trama, Perry Rhodan acabou de voltar do planeta Peregrino e trouxe com ele uma arma impressionante: o transmissor fictício, capaz de transportar uma bomba atômica para dentro de qualquer nave, ultrapassando suas defesas energéticas.

Mas os perigos agora são dois: de um lado o clã dos superpesados querem dominar ou destruir a terra, do outro lado, o clã de Etzatak está prestes a destruir o mundo de gelo, onde se encontra abrigado Jullian Tifflor, Gucky e mais um grupo.

Quem se destaca no livro é justamente Gucky, que descobre uma civilização escondida nos recondidos do planeta gelado: os sonolentos, uma raça vegetal parecida com tulipas. Com seu texto primoroso, Clark Darlton faz uma ótima descrição dos mesmos: “Os longos talos sustentavam enormes coroas, que se mantinham fechadas. O formato típico das tulipas era inconfundível. O vermelho e alaranjado dominavam o quadro, mas também havia flores azuis, amarelas e roxas (...) têm pés delicados, que também desempenham a função de raízes. Podem mergulhar os pés no solo a fim de absorver água e alimentos. No verão, levam vida nômade, andam de um lugar para o outro”. Polisexuados, os casais de sonolentos são compostos por cinco indivíduos. Esses seres vegetais são também telepatas de elevada potência.

A capa original alemã. 


Quando percebe que foi enganado (Tifflor era apenas uma distração para que Perry Rhodan tivesse tempo de conseguir a arma com a qual venceria os adversários), o saltador Etzatak ordena a destruição do planeta gelado, lar dos sonolentos – e aqui a história ganha não só em suspense e drama, como também torna-se uma metáfora de todos os povos que já foram exterminados, a exemplo dos indígenas quando da ocupação das américas.

A descrição que Darlton faz do extermínio dos sonolentos é tocante: “No mesmo instante as moças sentiram-se dominadas por uma onda de pânico, emitidas pelos sonolentos morimbundos. As ideias que brotaram na mente da raça condenada à morte penetraram nos cérebro dos homens, enchendo-os de pavor e tristeza”.

Apesar de todas as qualidades, o livro tem uma nítida falha: Rhodan fica sabendo da existência dos sonolentos em um período em que Tifflor e Gucky estavam desaparecidos e, portanto, não poderiam ter repassado essa informação à frota.

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