No número 163 da revista do Demolidor, o herói enfrentou o Hulk e ficou gravemente ferido. O número 164 mostraria a convalescência do personagem. Seria uma edição morna, desinteressante, mas o talento de Roger McKenzie e Frank Miller transformou essa hq numa das mais memoráveis do personagem, lembrada com carinho pelos leitores que a leram em superaventuras Marvel 3.
A história começa com vários heróis, como os Vingadores, fazendo uma visita ao enfermo no hospital. É quando um homem irrompe no quarto, apesar dos protestos dos enfermeiros. É o repórter Ben Urich, que pede para falar em particular com o Demolidor.
Aqui temos uma daquelas sequências geniais de Miller.
Da negação à confissão. |
O repórter diz que quer ajuda com uma história, a história de um garoto cego que superou suas deficiências para se tornar um advogado famoso e um herói, um homem sem medo.
O Demolidor nega imeditamente a relação, mas Ben coloca diante dele uma foto: “Se você não é matt murdock nem é cego, descreva essa foto para mim”.
Então vemos seis quadros verticais em tanto as falas quanto os gestos do personagem vão mudando. “Ora, bem, deixe de brincadeiras. É claro que não sou matt murdock! Além do mais, eu não tenho que provar nada para você. Isso tudo é um absurdo! Isso tudo é... verdade!”
A edição reconta a origem do personagem. |
Texto e imagem se unem numa sequência que funciona perfeitamente e mostra como o herói muda da negação inicial à confissão.
Essa trama é usada como desculpa para recontar a história do surgimento do Demolidor, que se tornou cego num acidente de trânsito e se transformou em herói para vingar seu pai boxeador assassinado pela máfia após se recusar a perder uma luta.
A estratégia não era novidade. A Marvel tinha como prática de tempos em tempos fazer uma edição apresentando os personagens para novos leitores. A novidade aí está na forma como isso foi feito.
Miller presta uma homenagem... |
Provavelmente a sequência de maior destaque dessa história seja de quando o Demolidor, em sua primeira aparição, persegue o mafioso responsável pela morte de seu pai. Miller presta uma homenagem a um dos seus ídolos, Bernie Krigstein, que, na década de 1950 publicou na DC comics a antológica história Raça superior, na qual um nazista é perseguido por um judeu sobrevivente de campo de concentração no metrô de Nova York.
... ao ídolo Krigstein. |
Miller não só coloca a sequência no metrô, mas imita, quase quadro a quadro uma das cenas da história de Krgstein, colocando outros elementos, como uma a representação gráfica dos batimentos cardíacos do mafioso, que reflete os sentidos do Demolidor.
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