O número 97 da série Perry Rhodan apresenta
a conclusão da saga envolvendo o filho do protagonista, Thomas Cardif. Criado
longe dos pais, Cardif acreditava que Rhodan havia sido responsável pela morte
de sua mãe, Thora, e tentava a todo custo se vingar, algo que muitas vezes
colocava a segurança da Terra em perigo.
Quem escreveu a primeira aparição de Cardif
foi Kurt Brand e provavelmente por essa razão ele foi escolhido para narrar o
momento final do personagem. Foi uma péssima escolha de K. H. Scherr, o
coordenador da série.
Na trama, Rhodan e os mutantes vão até os
planetas dos saltadores para resgatar Cardif. Afinal, ele caíram em desgraça e
preso depois que seu plano de matar Atlan havia fracassado. Além disso, se os
arcônidas o pegassem, a pena seria a morte. Atlan inclusive chega a dizer que
nem mesmo ele conseguiria impedir esse fim.
Para resgatar o filho, Rhodan e os mutantes
se disfarçam de uma raça alienígena, e se forem descobertos, isso pode colocar
a segurança do Império Solar em risco, de modo que essa missão de resgate não
parece fazer o menor sentido do ponto de vista prático e político.
Mas Brand consegue piorar o que já uma
trama ruim.
Clark Darlton, por exemplo, teria
transformado o volume em uma divertida história de espionagem e humor, cheia de
reviravoltas.
Brand parece não saber o que fazer com o
material e gasta dois terços do livro simplesmente enrolando.
Os terranos iriam se disfarçar de
soltenses, um povo governado por um matriarcado em que os homens são oprimidos
com surras literais a qualquer erro.
Brand elabora uma frase, que seria a única
informação disponível a respeito daquele povo: “Os soltenses são mentirosos” e
gasta páginas e mais páginas ao redor disso para no final, fazer uma piada: “Os
soltenses são mentirosos porque dão a entender que o planeta onde vivem é um
patriarcado”. Sim, é uma piada e uma piada ruim.
A história mesmo só começa a partir da
página 100, em um volume de 167 páginas.
Além disso, embora todo tempo todo seja
repetido que a única pena possível para Cardif seja a capital, no final, apenas
apagam sua memória e o soltam, sem qualquer explicação de porque os arcônidas
optaram por essa pena alternativa.
Tudo bem que Thomas Cardif nunca foi um
grande personagem. Mas ele merecia um final um pouco menos pífio.
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