domingo, janeiro 19, 2025

A Morte de Sardanápalo

 


A morte de Sardanápolo, quadro de Delacroix, é uma versão de uma peça de Lorde Byrnon sobre um rei assírio que, ao perceber que irá perder uma guerra, resolve se suicidar junto com suas concubinas mais devotas.

Delacroix, entretanto, resolve tornar o tema mais muito dramático. Na sua versão, tudo que um dia deu prazer ao soberano deve perecer junto com ele. Assim, vemos não só mulheres sendo mortas, mas até cavalos.

Ao contrário da visão adocicada que a maioria das pessoas associa ao romantismo, o movimento romântico era dramático, exagerado, teatral, com emoções à flor da pele: um cavalo é puxado por um carrasco e resiste, assustado, parecendo perceber seu destino; uma concubina tenta escapar, mas é capturada por um soldado, que está prestes a cortar sua garganta; uma das mulheres se debruça sobre o leito, numa atidude resignada de quem é apaixonada por seu soberano. Não por acaso, a cor vermelha é predominante: ela lembra sangue e grandes paixões.

A tela toda é puro caos destacado pela pela composição em diagonal. No meio de todo esse caos, a única figura de tranquilidade é o soberano, que assiste, sem emoções, a sua derrocada e a destruição de tudo que ele ama. Se no neo-clássico a emoção era algo reprovável, aqui é a falta de emoção que merece reprovação.

No quadro tudo é grandioso, o que se reflete no tamanho da tela, gigantesca.

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