quinta-feira, abril 03, 2025

Camelot 3000 – Traição

 

O capítulo 7 da série Camelot 3000 é focada nos dramas pessoais dos personagens.

O drama do rei Arthur é sintetizado com perfeição em um quadro no qual a rainha se despede de Lancelot. Os dois se dão as mãos em primeiro plano enquanto Arthur olha em segundo plano. Só o leitor consegue ver que Guinever entrega um bilhete para seu amante.

O último quadro mostra como Camelot 300 sabia aproveitar as imagens para narrar acontecimentos e intenções.


Em uma narrativa paralela acompanhamos Tristão, que finalmente encontrou a sua Isolda e as duas se beijam naquele que, provavelmente é o primeiro, senão um dos primeiros beijos lésbicos dos quadrinhos DC. Mas o cavaleiro não aceita a relação por não aceitar seu corpo. “Eu quero tanto... e me odeio tanto por isso”. Mais do que o beijo lésbico, a série foi inovadora a mostrar uma personagem que não aceita o próprio corpo, pois, embora seu corpo seja feminino, ela se vê como um homem.

Essa foi uma forma inteligente da parte de Mike W. Barr de introduzir conflito na relação do casal, uma vez que na versão original da lenda, os dois não podiam ficar juntos pelo fato de Isolda ter sido prometida em casamento ao tio de Tristão.

O beijo lésbico... 


Mas uma HQ desse tipo precisa ter também ação e isso é providenciado com um ataque ao local em que são feitos os neo-humanos. Na sequência Arthur quase é morto, mas acaba sendo salvo por Percival, que se torna o líder dos neo-humanos, fazendo com que eles se aliem a Camelot.

... que foi censurado pela Abril. 


Nessa sequência, aliás, descobrimos que os neo-humanos são dissidentes políticos, pessoas que de alguma forma se tornaram indesejadas de algum governo mundial, o que deixe ainda mais clara a crítica política da série.

No final da edição, Lancelot e Guinevere são flagrados pelo rei Arthur em pleno ato sexual.

A relação entre Lancelot e Guinevere...


Ao publicar a história, em Superamigos 1, a Abril censurou em parte a mesma, cortando a parte em que Guinevere aparece nua e dividindo o quadro em dois, com a parte de baixo do corpo em cima e a parte de cima em baixo. Foi um daqueles momentos em que, mesmo censurando, a abril acertou, pois criou uma sequência em que, embora o nu não fosse mostrado, o leitor conseguia compreender perfeitamente o que estava acontecendo.

... ganhou uma censura mais sutil.


Um corte menos inspirado foi a sequência entre Isolda e Tristão. A abril simplesmente cortou o beijo entre as duas, ampliando os demais quadros para completar a página.

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