terça-feira, setembro 09, 2025

Superman: Para o homem que tem tudo

 



Alan Moore escreveu três histórias do Superman. Uma delas, “O que aconteceu ao Homem de aço” é uma bela homenagem à era de prata. Uma história nostálgica até a medula. Já “Para o homem que tem tudo” é Alan Moore fazendo aquilo que o notabilizou: uma visão totalmente inovadora sobre um super-herói.
A história se passa durante o aniversário do Superman. Batman, Robin e Mulher Maravilha vão visitá-lo na Fortaleza da Solidão e o encontram paralisado com uma planta alienígena grudada ao seu peito. 
O parasita fornece ao hospedeiro a realização do seu maior sonho... 


O vilão Mongul aparece e explica que se trata da Clemência Negra, um parasita que se alimenta da bioaura de suas vítimas. Em troca, ela concede à vítima seu maior desejo. Assim, imersas em um mundo ilusório, as vítimas não reagem e se deixam sugar. Escapar dessa prisão psíquica seria como arrancar o próprio braço, explica o vilão.
Alan Moore usa o conceito para destrinchar a psicologia do Superman, suas motivações e, ao mesmo tempo, criar uma história imaginária aproveitando muitas das pontas soltas criadas por outros roteiristas.
... e o maior sonho do Superman é ser uma pessoa comum. 



No mundo de sonhos vivido pelo herói, Kripton não explodiu e Kal-El vive uma vida pacata, como cientista, é casado com uma ex-atriz e tem dois filhos.
A sacada de Alan Moore é genial: o maior sonho do Superman é não ser o Superman.
A HQ traz duas tramas paralelas: no mundo real, a Mulher Marvilha enfrenta Mongul (que lhe pergunta se ela seria a “procriadora” do Homem de aço) e Batman tenta retirar a planta.
Enquanto isso, no mundo de sonhos, Kal-El vive uma vida pacata.
Mas o sonho se transforma em pesadelo quando Kripton é tomada por um grupo de extrema direita e fica á beira da guerra civil. 


Mas há algo de podre no paraíso: Kripton está dividido por duas correntes ideológicas e o conflito entre essas duas pode levar a uma guerra civil. De um lado aqueles que acham que a zona fantasma é um tipo de tortura e culpam a família El por isso (Kara, a prima do herói, conhecida como Supermoça é agredida por um grupo). Do outro lado um grupo conservador, liderado por Jor-El, pai do Superman, que culpa imigrantes por uma suposta decadência kriptoniana e prega um retorno à velha Kripton.
Com o desenho do sempre competente Dave Gibbons essa história se tornou instantaneamente em um dos maiores clássicos do Homem de aço.

Sem comentários: