sábado, setembro 23, 2006

HQ censurada do Super-homem


Um amigo me mandou uma curiosidade: uma HQ do Super-homem que foi censurada na época da ditadura militar. Escrita por Jerry Siegel e desenhada por Curt Swan, "Cidadão Lex Luthor" foi publicada nos EUA em 1963 na revista Action Comics, numa época em que as relações de Jerry Siegel com a DC eram boas (antes, claro, dele pedir direitos autorais sobre o personagem que ele havia criado). Aqui deveria sair em 1965, mas foi censurada pela ditadura militar, que a considerou uma ameaça à "democracia" brasileira. Trata-se daquilo que a DC chamava de uma história imaginária, uma HQ que não interferia na cronologia do personagem e, talvez por isso, tenham sido as histórias que os autores soltavam mais a imaginação.
Em "Cidadão Lex Luthor", Lex Luthor, o grande vilão da série, resolve se candidatar a prefeito de Metrópolis. Clark Kent, então, escreve um artigo para o Planeta Diário lembrando todos os crimes que Luthor já havia cometido.
Pela lógica da história parece que todos lerão a matéria e a candidatura do vilão será impulgnada. Mas não é isso que acontece. Na verdade, os advogados de Luthor entram na justiça alegando que a matéria ofendeu a boa imagem de Lex Luthor. Clark Kent é preso, e nisso, descobre-se que ele é na verdade o Super-homem.
A cena final é apoteótica e mostra bem como eram as HQs da época. Super-homem é levado a um palanque, onde o prefeito pretende tirar dele a chave da cidade e dar para Lex Luthor. Vale lembrar que nos quadrinhos a chave da cidade é o maior símbolo de distinção, a maior premiação, então a cena tem o duplo objetivo de humilhar o Super-homem e mostrar a vitória de Luthor. Lois Lane e Jimmy Olsen choram, indignados, mas não podem fazer nada.
Mas, no meio da cerimônia, o herói percebe estranhos sinais de rádio. Usando sua super-velocidade, ele segue os sinais e descobre que Luthor colocara nas principais autoridades de Metrópolis um mecanismo que lhe permitia controlá-los à distância. Claro, o Super-homem destrói o mecanismo emissor e todos voltam a pensar normalmente. A história termina com o herói recebendo de volta a chave da cidade, por ter mais uma vez salvado Metrópolis... e Luthor aparece atrás das grades.
Uma história divertida, com reviravoltas interessantes e um senso crítico que despertou a fúria da Ditadura Militar brasileira.

Sem comentários: