segunda-feira, abril 23, 2007

A responsabilidade é do outro

Hoje fui fazer uma caminhada pela Claudomiro de Moraes. Recentemente a Prefeitura fez um trabalho de urbanização dessa avenida e a mudança foi grande, com uma praça ocupando toda a área central da pista e indo até o início do bairro do Buritizal. Tudo muito bonito, exceto por um detalhe: a grande quantidade de lixo que vi jogado no chão. Copos descartáveis, garrafas plásticas, embalagens de salgadinhos, todos jogados por ali, verdadeiros criadoros de mosquitos da dengue. E a praça tem uma lixeira a cada 10 metros! Depois ouço o amapaense reclamando dos políticos. Mas se o cidadão não cuida do bem comum, por que razão ele acha que os políticos fariam o mesmo? Existe no Amapá uma atitude generalizada de achar que a responsabilidade é sempre do outro. A pessoa joga o lixo no chão e diz: “A prefeitura depois tem a obrigação de mandar limpar”, esquecendo que aquele tempo e dinheiro que estariam sendo usados para limpar a porqueira desse cidadão, poderiam estar sendo usados para outras coisas.
A atitude de jogar lixo no chão é, provavelmente uma herança indígena. Com uma diferença: o lixo produzido pelo índio é reciclado pela natureza. Se ele come uma fruta e joga a casca no chão, aquela casca depois vai se transformar em adubo e as sementes se tornarão provavelmente árvores. Na cidade isso não ocorre, pois o lixo produzido na cidade não é biodegradável. São sacolas plásticas, garrafas, copos, que levarão, em alguns casos milhões de anos para se decompor. Nesse meio tempo vão servir de casa para doenças, como a dengue.
A instalação de lixeiras é uma atitude sensata, mas não adianta nada se as pessoas continuam com a idéia de lixo se joga no chão, ou, o que é pior, na água. Uma vez, em um navio que faz o trajeto Macapá-Belém vi uma cena estarrecedora: uma menina que estava comendo um biscoito foi jogar a embalagem fora. Ela estava praticamente na frente de uma lixeira, então, pela lei do menor esforço, o mais fácil seria simplesmente depositar o lixo na lixeira, mas ela se esticou todinha, só para jogar o plástico na água do rio!

3 comentários:

Anónimo disse...

Ivan, pra falar a verdade eu achei aquela obra da Claudomiro meio chinfrim para o volume de recursos orçados. Já vi outras obras parecidas com essa em Boa Vista e Rio Branco. Nelas há muito espaço para esporte e cultura, inclusive com professores a dispoisção da comunidade, até meia-noite, fazendo aulas de aeróbica, capoeira, danças, etc...
Até de madrugada tem gente nessas avenidas nas duas cidades praticando esporte.

Jorge disse...

O problema do lixo em Macapá não difere de outras localidades do país, mas aqui aparenta ser bem, bem mais grave! Para um lugar que alardeia seu posicionamento estratégico à beira do maior rio do mundo e pretende, desesperadamente, participar do boom no turismo amazônico, não justifica que seja tão caótica a apresentação dessa cidade que se mostra repleta de entulho em suas ruas esburacadas e que urbaniza suas avenidas com playgrounds sem plantar uma única árvore!!?! Esse é outro aspecto que aqui é notório: a total falta de apreço pela maior riqueza da Amazônia: sua flora exuberante. Quem chega a Macapá e se hospeda em qualquer hotel fica perturbado com a quantidade de plantas de plástico usadas na ornamentação. Uma flor de plástico é, em muitos lugares, vista com repulsa, um verdadeiro lixo! Porém aqui, encontra-se em toda a parte!! Esse aspecto sutil revela nitidamente, e de forma emblemática, a carência total de uma sensibilidade ambiental desse povo que vive o paradoxo de habitar o ponto ecológico mais importante do planeta.

Unknown disse...

Você citou o fato em que a garota jogou o lixo na água.
Com certezaela n]ão tem conscientização alguma sobre destino, problemase alternativas para os resíduos sólidos.
Ainda defendo que a Educação é o ponto de Partida.
A culpa não é dela...
Todo mundo ta envolvido..
Espero que quando vc a viu jogar, foi lá com ela e compartilhou a experiência.

São assim que as coisas mudam!