segunda-feira, julho 14, 2008

A Pedagogia Tradicional


A pedagogia tradicional não é fruto das idéias de um filósofo ou pensador específico, mas de uma prática que se estende ao longo dos séculos.

Esse paradigma da educação é altamente influenciado pelo pensamento cartesiano e pela visão mecanicista e determinada do mundo.

Para a pedagogia clássica, a criança era uma tábula rasa na qual o professor imprimia as informações sobre o mundo. Essas informações eram baseadas nas grandes realizações de gênios e pensadores do passado, vistos como modelos a serem imitados.

Entre os seus princípios básicos estão: a estrutura piramidal, o formalismo e a memorização, o esforço e a competição e o respeito à autoridade.

A estrutura piramidal vem do princípio cartesiano segundo o qual, para resolver um problema, é necessário separá-lo em partes e resolve-las uma a uma, indo das mais simples às mais complexas. Esse princípio reza que a criança é incapaz de apreender a complexidade e, portanto, os conteúdos devem ser repassados em pequenos fragmentos.

O formalismo e a memorização são uma das bases dessa prática pedagógica. Uma vez que a pedagogia clássica acredita que o aluno deve seguir um modelo, a memorização é o melhor caminho para faze-lo. Para garantir que o aluno memorizou, o mestre toma a lição do aluno, que deve responder repetindo com exatidão o que foi dito em sala de aula.

O esforço, para esse paradigma, é necessário à educação. Para estimulá-lo, os alunos que conseguem seguir os modelos recebem prêmios (medalhas, distinções, quadro de honra) e os que não conseguem devem ser castigados. Ao aluno não é ensinado a cooperar, mas a competir. As atividades são feitas individualmente (a maioria delas simples reproduções do conteúdo repassado), e não em grupo.

O respeito à autoridade nos diz como a pedagogia tradicional vê a atuação do professor. Ele é um depositário de conhecimentos, uma autoridade, um modelo, que reflete os modelos do passado glorioso da humanidade (os grandes filósofos, grandes cientistas).

A escola é organizada na forma de uma pirâmide em que o aluno encontra-se sujeito à autoridade do professor e este sujeito à autoridade do inspetor e este sujeito à autoridade do diretor, em graus hierárquicos sucessivos típicos daquilo que Marshall McLuhan chamou de Galáxia de Gutemberg, em que a informação classificadora é mais importante que a informação relacional ou a informação relevante.

A principal metodologia de ensino é a aula expositiva e a demonstração do professor à classe, tomada como auditório passivo. Ao aluno cabe apenas receber passivamente as informações transmitidas pelo professor e repeti-las corretamente. Paulo Freire chamou essa pedagogia de educação bancária, pois o professor “deposita”os conteúdos na cabeça dos alunos.

A avaliação é uma forma de verificar se o aluno reteve o conhecimento repassado pelo professor, e não uma oportunidade de reelaborar o conhecimento. Se o aluno não conseguiu decorar o que o professor passou, é punido com uma nota baixa (antigamente a punição incluía até castigos físicos). Na sua versão mais difundida, a avaliação é feita pontualmente, através de prova. Em um único momento, o aluno é testado e seu desempenho no processo de aprendizagem tem pouca importância na avaliação.

A sala de aula é vista como local privilegiado de aprendizado e as experiências exteriores a ela são pouco valorizadas.

Embora venha sendo criticada há mais de um século, a pedagogia tradicional está presente em quase todas as salas de aula. A maioria dos colégios e faculdades, apesar do discurso, ainda privilegia a pedagogia tradicional. Os professores são estimulados a repassarem avaliações tradicionais, o que facilita o processo burocrático interno. Além disso, a maioria das instituições ainda vê a sala de aula como o único local possível de aprendizagem, daí a exigência de cumprimentos de horários na sala, em detrimento das possibilidades exteriores ao ambiente escolar (pesquisas, passeios, participação em eventos). A palmatória se foi, mas a educação tradicional ainda continua arraigada na prática escolar.

7 comentários:

Ivan Daniel disse...

Quando fazia minha primeira faculdade tive um professor que gostava de expor ao ridículo os alunos que tiravam as notas mais baixas. Ele entregava em ordem decrescente e ainda falava em voz alta as notas.

Benilson Rodrigues disse...

Embora muito criticada, por nós professores, a pedagogia tradicional foi responsável pela nossa formação quando éramos alunos e está sendo agora pela dos nossos alunos, pois ainda não conseguimos nos libertar de tais influências e estamos dando fôlego a uma forma de ensino defasado.

mary disse...

estou cursando magistério e estudando essa tendência,vejo notávelmente que tenho professores que se adequam a essa pedagogia em pleno século XXl

teamo123456789 disse...

estou cursando o magisterio e pressiso de uma ajuda:minha profºde OTP pedio que os alunos fizessem um trabalho sobre os filosofos das Tendencias Pedagogicas...
me ajudem por favor.pressiso da resposta hoje.

Anónimo disse...

Preciso?Por Deus que professora teremos!

Sirlene C. Costa disse...

Gian, Por que as escolas não adotam o método de Maria Montessori? Esta pedagoga que revolucionou o sistema educacional, era maravilhosa! Amei seu blog. Vou seguí-lo, pois aprenderei muito com você. Se tiver um tempinho me visite no meu blog:bibliotecainfantilgrandesautores.blogspot.com e dê sua opinião.
Parabéns!

Anónimo disse...

iNFELIZMENTE HOJE A FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS ESTÁ PRECÁRIA DEMAIS, SÃO PESSOAS DESPREPARADAS FAZENDO OS CURSOS À DISTÂNCIA, A MAIORIA SÓ FAZ AS PROVAS ISSO QUANDO NÃO PAGA PARA FAZER OU FICA PEDINDO AJUDA VIA INTERNT COMO A NOSSA AMIGA DO "PRESSISO". DESSE JEITO É QUE FORMAREMOS BONS PROFISSIONAIS?