sábado, fevereiro 28, 2009

HISTÓRIA DOS QUADRINHOS


Kripta

Em 1964 as bancas norte-americanas viram aparecer uma revista sobre os filmes de terror chamada Famous Monsters of Filmland (Monstros Famosos do Cinema). O editor era o desconhecido Jim Warren, um cara que, nas palavras de Roberto Guedes (autor do livro A era de bronze dos super-heróis) viria a se tornar o grande azarão do mercado de quadrinhos.
Em certo número de sua revista, Warren publicou uma HQ de terror e ficou esperando a reação. Ele temia que a revista fosse boicotada pelo Comics Code, que regulava os gibis americanos e havia acabado com a editora EC, especializada em terror. O gênero era totalmente proibido, mas ninguém prestou atenção àquela HQ. Warren logo percebeu que o formato magazine (20,5 x 27,5 cm) era visto como sendo para adultos e, portanto, não estava sob controle do código. Era o sinal verde para lançar uma revista só de terror, no novo formato e em preto e branco.
Assim, no inverno de 1964 surgia a revista Creepy (algo como assustador). No ano seguinte surgia a Eeri, seguindo a mesma linha. As duas revistas juntavam a nata da EC Comcs, com artistas como Joe Orlando, Frank Frazetta e Reed Crandall. Além disso, foram se somando aos poucos novos artistas, como Steve Dikto, Gene Colan, Neal Adams, Richard Corben, Berni Wrightson, entre outros.
Para editar as revistas e escrever as histórias foi contratado Archie Goodwin, um roteirista mediano no gênero super-hérois, mas sempre muito criativo em outros gêneros. Posteriormente foi contrato também o editor e roteirista Bill Dubay.
Na década de 1970, a revista vivia sua fase áurea, mas ao mesmo tempo enfrentava um problema: editoras maiores, como a Marvel, começaram a entrar nesse mercado e a oferecer maiores benefícios aos desenhistas. Então, justamente quando as revistas mais vendiam, começou a faltar mão-de-obra. A solução foi dada por Bill Dubay, que entrou em contrato com um grupo de artistas espanhóis para substituir os americanos que estava debandando. O que era um problema acabou virando a favor da editora: os novos artistas espanhóis contratados eram espetaculares e deram início à fase de ouro da Warren, produzindo as melhores histórias de suspense, terror e ficção-científica da década de 1970. Entre os novos artistas, destacavam-se Esteban Maroto, com um traço psicodélico que foi imitadíssimo na época, e José Ortiz.
Foi na Warren que surgiu a mais famosa vampira dos quadrinhos (embora não tenha sido a primeira. Esse posto é ocupado por Mirza, do brasileiro Eugênio Colonnese): a Vampirella. A personagem estreou em 1969 e transformou-se logo num sucesso. A roupa foi criada por Trina Robbins, mas a personagem acabou sendo delineada visualmente pelo grande Frank Frazetta.
No Brasil, as histórias da Warren foram publicadas na revista Kripta, da editora RGE e durou 60 edições, com grande sucesso. O slogan, usado na propaganda de TV, era ¨Com Kripta, qualquer dia é sexta-feira e qualquer hora é meia-noite¨, tornou-se célebre.

Fonte:
Roberto Guedes. WARREN: O MELHOR TERROR DO MUNDO! http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=materias&cod_materia=275.

4 comentários:

Fabio disse...

Kripta, uma revista fantástica em todos os sentidos. Aliás, foi publicada em uma delas, uma história de Goodwin que é uma aula de construção de drama em apenas oito páginas.
Feliz foi o jovem que se atormentou com a Kripta.

Roberto Guedes disse...

Gian, obrigado pela citação.
Kripta realmente marcou época. Histórias fantásticas, desenhos belíssimos. Foi uma tristeza só quando cancelaram a série.

Gian Danton/Ivan Carlo disse...

Oi Roberto,
meu texto é uma releitura do seu texto, então não tinha como não citar. Espero que os leitores mais interessados leiam seu texto, que está mais completo.
De fato, a Kripta era ótima. Muitos dos melhores roteiros que já li até hoje foram de histórias publicadas na Kripta...

Cláudio Condurú disse...

Em Kripta li uma história escrita por Archie Goodwin(não lembro quem era o desenhista)chamada "Como Sempre",simplesmente sensacional.